Capítulo 90

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Chego no quarto e encontro Dimitry tossindo e rosnando. "Minha nossa! O que está acontecendo?" Me aproximo correndo, ele arqueia o corpo e parece sentir dor. Seguro sua mão, mas ele esmaga ela. Puxo de volta e olha para dona Clarice.

- Quer que eu chame o médico?  - Assinto.

- Rápido! - digo apavorada. "Dimitry..." ele grita agonizante e arquea o corpo novamente. Sua testa está embebida de suor e seu corpo está queimando.

Me aproximo dele e abraço seu corpo suado.

- Se acalma, estou aqui. Sou eu, Vitória.  - ele grita novamente  e para o grito chorando de dor. - Está tudo bem! Você está bem! - aperto seu corpo quente e ele coloca os braços ao meu redor. "Como faço para parar seus pesadelos?!" Ouço a porta se escancarar.

Dimitry não solta meu corpo, mas ouço a voz do doutor.

- Como ele está? - sinto as mãos de Dimitry se fechando e ele solta outro rosnado como se agonizasse em dor.

- Não sei o que fazer! Ele está com dor. - o doutor se aproxima.

- Vou aplicar um calmante. - olho em direção a porta e sinto os braços de Dimitry me espremerem. "Dói! Dói! Dói! " Joshua e Natasha  estão no quarto,   devo estar fazendo uma expressão sofrida, pois Joshua se aproxima e agarra os braços dele. Saio da cama e Joshua sobe em cima dele segurando seus braços. Dimitry arqueia novamente e chora de dor. Meu coração acelerado parece que sairá pela boca. Começo a soluçar e só então percebo que estou chorando. "Ele não sabe que estou  aqui..." Natasha se aproxima de mim e me abraça.

- Ele ficará bem... não chore. - olho para Dimitry e me sinto fraca. Ele arqueia novamente e abre e fecha as mãos. Seus olhos nunca se abrem. "Ele precisa me ver!" Solto Natasha e tento ir até  Ele, mas Natasha me segura, Joshua grita.

- Sai de perto dele! Ele pode te machucar idiota. - Joshua nunca solta Dimitry  e me assusto. "Mas vocês estão machucando Ele!" Minha respiração está irregular. "Ele precisa acordar." O doutor entra.

- Segure ele firme! - Joshua assente. Soluço. O doutor aplica o calmante e se afasta. - ele vai apagar, a febre pode não baixar ou seja, ele vai continuar delirando, mas isso fará ele se acalmar. - Dimitry aos poucos para de se mover e não grita mais. Joshua solta ele e assim que ele sai, empurro Natasha e subo na cama abraçando Dimitry. "Não faz isso comigo! Não me assuste!"

- Idiota! - digo em voz alta. "Não me assuste Idiota!" Choro livremente e sinto uma mão em minhas costas.

- Ele ficará bem agora. - olho para trás e vejo o doutor sorrir. Aperto Dimitry em meus braços.

- Ele me assustou, estou bem ... - digo.

- Vamos deixar eles a sós.  - ouço a porta se fechar depois da frase do doutor. Fico por longos minutos abraçando Dimitry que parece dormir tranquilamente agora. "Por que te deixei sozinho ?" Me levanto secando os olhos e quando olho para trás vejo Joshua me observando.

- Sinto muito por ter gritado com Você. - ele parece envergonhado.

- Tudo bem. Sei que fez isso para o meu bem, é  que... - faço uma longa pausa e ele se senta ao meu lado - é  que ver ele assim me deixou preocupada, só isso. Sou uma burra mesmo. - ele segura minha mão.

- Ele não te merece... - pisco várias vezes. Abaixo a cabeça "Ele que não me merece,  ele merece alguém que cure suas feridas."

- Não diga isso...

- É  verdade. Ele não  merece ser feliz é  apenas um pobre coitado, doente, você não merece se afundar nas merdas que ... - "Chega!"

- Pare! Não quero ouvir isso! Você não sabe nada sobre ele. Sai daqui! - puxo minha mão.  - Sai daqui! - grito.  Ele se coloca de pé  e sai do quarto fechando a porta. Olho para lado da porta e vejo um vaso quebrado . Aperto a boca em uma linha fina.

Me levanto e junto os pedaços do vaso colocando em cima da escrivaninha. Me sento novamente na cama e deito em seu peito. Adormeço.

***

- Vitória... - acordo com um pulo, estou suada também e sinto muito calor. Deve ser pelo contato com o corpo de Dimitry que está queimando em febre. - Vitória... - ele está com o cenho franzido e balança a cabeça lentamente para um lado e outro. Seguro sua mão.

- Estou aqui. Não vou te deixar. - "Por quanto tempo cochilei?" Ele se cala e a expressão suaviza. "Ele me ouviu." Me sinto aliviada por desta vez ele ter me ouvido. Espero alguns minutos perto dele e depois me levanto, vou em direção minha mala e pego um vestido. Caminho para o banheiro. Preciso de um banho, pois estou suada. Tomo um banho de gato e retorno rapidamente.

Olho para ele sobre a cama e uso a toalha para secar seu suor. Tento tirar sua camiseta e depois de alguns minutos consigo. Ouço um trovão forte e a luz se apaga. "Ótimo!" Me levanto usando a parede como escora e abro as cortinas quando encontro a janela, a luz que entra está em tons de aazuis mas é  o bastante por enquanto. O celular de Dimitry toca. Caminho e vejo o nome da mãe dele no visor.

- Dimitry! Onde está?

- É  a Vitória.

- Estou te ligando a horas! Por que não atende, estou preocupada com meu filho, ele disse que está doente,  onde esteve!? - "Meu celular ficou no outro quarto."

- Desculpe,  deixei no quarto ao lado, estava conversando com alguns amigos. Ele está bem, não se irrite, perdão. Estou cuidando dele agora e ele está dormindo . - a porta se abre e dona Clarice entra com duas velas. Aponto para a escrivaninha.

- Já estava pensando em ir parar aí. Não sei o que faria se algo acontecesse a ele. - Me sinto um pouco irritada. "Ela deixou muita coisa acontecer a Ele!"  Dona Clarice deixa o quarto fechando a porta.

- Não se preocupe, daria minha vida pela dele. Vou desligar tenho que cuidar dele.

- Obrigada Vitória. Você é incrível, tenho a impressão que poderia ser capaz até mesmo de mudar ele, até mais. - ouço os bips. Fim de ligação. Deixo o telefone na escrivaninha.

Tenho a impressão que poderia ser capaz até mesmo de mudar ele...

"Será?"

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora