Capítulo 24

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– Como descobriu, sabe, que era gay? - ele fechou a cara por um instante e quase me arrependi de ter perguntado.
– É um assunto meio pesado Nora, você quer mesmo saber? - afirmei com a cabeça.
– Bom quando eu tinha 18 anos meu pai foi assassinado. Minha mãe virou alcoólatra e eu tive que me virar como pude - Engoli seco, pai assassinado? mãe alcoólatra? Meu Deus!- Ai eu conheci um cara que ofereceu crack. Recusei de inicio. Mas levei pacote pra casa. Experimentei uma, duas, três. Até que me encontrei viciado. Foi difícil admitir o vício sabe. Sempre achamos que conseguimos controlar. Fiz muitas dívidas com muitos traficantes. Então um dia, Lenon o cara pra quem eu devia mais de 5.000,00, mandou seus amigos atrás de mim - Matt apertou os olhos com a lembrança e eu segurei sua mão.
– Matt não precisa contar se não quiser, se é demais pra você lembrar de tudo isso - Seus dedos enroscaram nos meus e ele continuou.

  – Eu estava caído num beco, com o pulmão esmagado e com sangue saindo de todos lados, quando Kevin me encontrou. Ele me levou pra sua casa, cuidou de mim. Me fez fazer tratamentos contra o vicio. Me fez entrar na JULLIARDS para cursar artes cênicas, ele pagou tudo, todos os tratamentos tudo. Ele me fez ser quem eu sou hoje. - ele diz com emoção.
– Enfim eu sabia que ele era gay e eu queria pagar tudo de algum jeito. Então tentei beija-lo. Kevin recusou, disse que eu precisava experimentar o lado hétero, antes de dizer que era gay. Então na faculdade eu sai com várias garotas, eu gostava da maciez da pele delas. Mas não conseguia ter uma ereção. Então eu comprava remédios pra poder transar com elas. E nunca em nenhuma transa com mulheres eu consegui gozar - Uaaal acho que minha cara era de surpresa total- Depois de um ano eu desisti. Então pedi para que Kevin me mostrasse o outro lado. E foi tão incrível, eu gozei no primeiro minuto. E um sentimento muito forte cresceu dentro do meu peito. Como se eu soubesse que aquilo era eu, que do lado era o meu lugar.
Fiquei imóvel sem conseguir responder ou falar nada sobre aquele monte de informações. Ele nunca gozou com uma mulher, O que é raro até mesmo para um homossexual, isso simplesmente mostrava que ele era realmente gay.
– Nora pode parar por ai, não pense tanto sobre tudo.
– E a sua mãe? o que houve com ela?
– Depois que comecei a fazer trabalhos, coloquei ela numa clinica, comprei uma casa nova. Hoje ela está recuperada, até namora - Ele sorri- Só não aceita muito minha relação com Kevin, diz que sou muito bonito, que deveria estar com uma mulher que fosse igualmente bonita - Ele diz isso olhando bem no fundo dos meus olhos e sinto minhas pernas tremerem.
Nosso jantar é servido e comemos em silêncio, eu apenas estava tentando decifrar se era uma crise pessoal ou não. Talvez Matt teria colocado tanto na cabeça que deveria agradecer pelo que Kevin fez, que retraiu as mulheres. E agora isso está voltando. é uma opção que não faz meu coração doer, então vou ficar com ela.
– Porque você me beijou no teste? sinceramente? - Matt suspirou profundamente.
– Não sei Nora, assim que entrei e te vi, senti o couro cabeludo formigar. Senti falta de ar e muitas outras coisas. E quando você sorriu pra mim, não imaginei lugar melhor pra estar. Foi impulsivo. Me senti tão atraído que mal consegui te soltar quando a Cler cortou a cena.
– Eu não entendo Matt, não entendo nada disso. Você é gay.
– Acha que isso não está confuso pra mim também? Eu tenho Kevin, um marido maravilhoso. Mas desde que te conheci, eu não me sinto mais atraído por ele, não o desejo mais. Só consigo vê-lo como um grande amigo.  

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