LISA: Não acho que passará algum ónibus ou metro por aqui, nos próximos anos...
Lisa e eu crescemos nos subúrbios de Nova York, não estamos acostumadas a esse tipo de situação.
LISA: Certo, vamos começar a andar antes que escureça. Venha, Rita.
Lisa olha para uma direcção aleatória e aponta o dedo para a estrada, eu olho para onde ela está apontando. Lisa pega nossas coisas no porta-malas, ela se aproxima de mim e me entrega minha mochila, não podemos demorar muito.
LISA: Vamos querida. A noite cairá daqui a pouco.
Eu e Lisa já andamos por mais de três horas. O calor está forte e a estrada se perde no horizonte...
Lisa está caminhando na minha frente, segurando sua mochila, eu lhe pergunto se está tudo bem. Ela pára, se vira e me olha com cansaço.
LISA: Espero que não falte muito. Não quero pensar em dormir no deserto.
RITA: Sim, nem eu, estou fora.
LISA: Estou esgotada, não consigo andar mais. O calor está insuportável, estou derretendo.
Eu digo a ela que não havia como saber o que nos esperava.
LISA: Se dormirmos no deserto, pelo menos teríamos algo para contar pelo resto das nossas vidas.
Lisa tenta brincar para distrair um pouco, ela sempre foi muito corajosa e nunca desiste. Eu não teria coragem de fazer esta viajem, se não fosse por ela. Nós já viajamos muito juntas, desde que nos conhecemos. Por isso a nossa amizade é tão forte hoje em dia.
RITA: Vamos continuar mais um pouco, acho que estamos perto.
Ela me olha e arruma sua mochila, pronta para continuar.
Continuamos caminhando, em silêncio. O sol vai se pôr muito em breve, o ar começa a esfriar, uma leve brisa toca nossos rostos.
LISA: Rita, olhe! Acho que tem alguém ali...
Eu aperto os olhos para ver melhor.
LISA: Você consegue ver ou não? Ali, bem na nossa frente.
Um vulto pode ser visto, longe na estrada. A pessoa parece estar fazendo trilhas.
LISA: Vamos alcançá-lo.
RITA: Sim, vamos, ele pode nos ajudar.
LISA: Espero que sim, mas talvez ele esteja na mesma situação que nós.
Chegamos a alguns metros da pessoa. Por trás, temos a impressão de que é um jovem rapaz. Eu grito para ele. O homem olha para Lisa e eu.
??: Vocês estão me seguindo há muito tempo?
RITA: Nosso carro quebrou.
??: Hm... Talvez eu possa ajudar.
LISA: O carro está muito longe daqui.
Eu vejo o desconhecido jogando os cabelos para trás. Ele olha para nós da cabeça aos pés, parece um pouco desconfiado. Então, com um movimento de cabeça, ele faz sinal para o seguirmos.
??: Há um posto de gasolina um pouco à frente, estou indo para lá, venham comigo.
Eu olho para Lisa e ela aprova a ideia. Acho que não há problema em irmos com ele.
Ele parece conhecer o local, é melhor do que dormir no deserto.
??: E aí, vocês vêm ou não?
Lisa começa a seguir o jovem, ele tem cabelos pretos compridos.
Parada, eu a vejo se afastando com ele, ela sequer olha para trás. Eu os alcanço sem dizer nada.
Caminhamos ao lado do rapaz. Me pergunto o que ele está fazendo no meio do nada.