RITA: Você parece conhecer muito bem a estrada.
??: Eu a uso com frequência, eu sou de Nebraska, cresci entre as Grandes Planícies. Estou acostumado a caminhar, é muito melhor do que dirigir, a sensação de liberdade é totalmente diferente.
RITA: Sim, realmente.
??: Eu viajo o mundo todo a pé, ou, pelo menos, onde eu posso. Onde vocês estavam indo com seu carro?
RITA: Minha amiga e eu estamos atravessando o país.
O jovem dá um sorriso malicioso, ele parece estar interessado na nossa aventura.
??: Hmm, uma viajem pelo país. O desconhecido, a aventura, os perigos... Costumamos aprender bastante durante longas viagens. Sobre as pessoas, a natureza, as diferentes culturas... Desde que eu comprei um trailer, eu viajo muito. Gosto da sensação de liberdade, longe das restrições, não pertencer a lugar algum, isso é um luxo hoje em dia. Viver sozinho sem ser responsável por ninguém. Conhecer pessoas, compartilhar momentos únicos, é algo que me dá vida. Espero que vocês sintam o mesmo.
Eu o escuto com atenção e curiosidade, seus cabelos escuros balançam com a brisa. O rapaz me olha enquanto andamos.
??: Estou indo até São Francisco.
RITA: O que você vai fazer lá?
??: Eu sempre vou lá para cuidar dos meus projectos. Eu farei uma exposição lá.
RITA: Em que você está trabalhando?
Ele dá um sorriso discreto e fica sério novamente.
??: Eu trabalho principalmente no problema do consumo excessivo. Descobri que hoje em dia, as pessoas se acostumam com esse estilo de vida. Tanto que estamos cegos para o perigo que isso pode trazer. Então, estou explorando isso através do meu trabalho artístico. Minha proposta é voltar a um estado simbólico com a natureza.
Eu não sei se entendi direito. Eu olho para ele, curiosa.
??: Há muito a fazer para mudar as pessoas hoje em dia. Meu trabalho tenta expor os excessos, eu tento investir em várias áreas e ideias. Isso ajuda a tornar o mundo um pouco melhor.
RITA: Não é dificil sobreviver como um artista?
??: Eu sou apaixonado.
O jovem pára de falar, ele coloca as mãos nos bolsos e olha mais adiante, com um olhar profundo e sério. Ele está procurando alguma coisa, eu tento entender o que se passa. Eu continuo olhando para ele com curiosidade.
O estranho olha para mim por alguns segundos, então, seus olhos fixam no longo caminho à nossa frente.
Meia hora depois, estamos chegando ao posto de gasolina.
??: Aqui estamos. É aqui que nos despedimos. Você podem ligar par um mecânico daqui, não sei se conseguirão alguém a esta hora, mas vale a pena tentar.
Eu o agradeço por sua ajuda, o jovem acena com a cabeça, sério.
??: Aliás, meu nome é Colin. Aqui está o meu cartão. Seria óptimo vê-las na minha exposição de arte.
Eu pego o cartão e sorrio novamente para ele. Colin passa as mãos pelos cabelos e arruma a sua jaqueta.
COLIN: Eu tenho que ir, espero ver vocês em breve.
Chegamos ao posto de conveniência. Lisa me dá um olhar insistente e já conhecido, sei que ela está preste a perguntar algo.