A criatura grotesca começou a arranhar as paredes com suas enormes garras, seus dentes eram bem afiados, o que lembrava um pouco os novos transformados que encontramos na cidade; extremamente ágeis, como se fossem alguma mistura de lobisomens e transformados, mas esses do navio não tinham nenhum pelo no corpo, eram tão pálidos quanto porcelana, era possível ver suas veias através da pele fina.
Me fizeram lembrar da criatura da caminhonete, mas esses pareciam nunca ter visto a luz do sol. Julgava ser a adaptação do ambiente, já que viviam na escuridão e umidade do navio. Em algum dia aquela coisa foi uma pessoa.-Acho que precisa de uma manicure urgente.-disse Dylan. A criatura gritou em resposta.-Tudo bem, desculpa, tô nervoso.
-Ninguém se mexe.-disse Ryan.
A criatura parecia ter instintos primitivos, ficava parada esperando qualquer movimento brusco para atacar.
-Dylan, ainda tá com seu canivete?-perguntei.
-Eu disse ninguém se mexe.-Ryan aumentou a voz o bastante.
Dylan pegou o canivete do bolso e o abriu, fazendo um click alto o bastante para Ryan bufar em frustração. Dylan respirou fundo e ergueu o braço rapidamente, morando em direção a cabeça, se tínhamos sorte o bastante, com a pele fina da criatura seria fácil perfurar e chegar ao crânio com adoeça da velocidade e impacto que teria ao arremessar. (Um ponto importante a ser lembrado é que éramos um grupo de azarados fadados a sempre estarem juntos).
Dylan errou o arremesso, que não passou nem perto da criatura.-Como eu disse; vocês nunca me obedecem.-disse Ryan com um tom bem zangado na voz.
-Isso significa que não vou poder ir na cabine do capitão?-perguntou Dylan com um sorriso amarelo.
A criatura gritou e veio em nossa direção, mas um trovão ecoou pelo corredor, fazendo com que tivesse um dor de cabeça terrível, parecia torturar e a mesma colocou as mãos sob os ouvidos na tentativa de amenizar, mas acabou por fugir dali.
-Parece que são sensíveis ao som.-disse Hiro com alivio.
-Eu diria que até esse bicho achou a burrice do Dylan tão idiota que deu dor de cabeça.-disse Ryan aumentando o tom em direção a Dylan.
-Se eu tivesse acertado estaria me agradecendo agora, mas as pessoas só preferem criticar quando erramos.-Dylan bufou.
-Quietos ou vão chamar atenção de mais deles e podemos não ter a mesma sorte de um trovão soar.-disse Felicia.- continuamos o plano, mas mais silêncio desta vez.
-Acha que são cegos também?.-perguntei.
-O que?- perguntou Ryan.
-Viu os olhos daquela coisa? Talvez fossem cegos, ela não tinha nos percebido até ouvir nossa voz ou talvez sentiu nosso cheiro.
-Não podemos confiar nisso, mas vamos manter silêncio.-disse Bárbara.
-Não, precisamos nos camuflar.-disse a eles.
-Não estou gostando dessa ideia...-disse Dimitri.
-Não me diz que...-Hiro começou com uma cara de nojo.
-A gosma.-disse soltando um ar pesado.
Tivemos que fazer o trajeto de volta até a gosma atrás do bar. Pegamos uma cortina de uma das grandes janelas e passamos um dos lados na gosma, quanto mais mexia, mais o fedor liberava. Dylan e Rob começaram a ter ânsia, mas seguraram até a próxima refeição. Dylan cortou a cortina com o canivete que pegou de volta, fazendo vários pedaços grande o bastante para se enrolar em nós.
Johnny achou uma arma em meio a gosma e acabou guardando em caso de emergência.
Havia ainda restos da pele do que uma vez fora uma pessoa no meio daquela gosma e então enrolamos a cortina em nossa volta e fomos em direção as escadas novamente.
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O diário do apocalipse.
AcciónO que fazer quando se acorda e o mundo está virado de cabeça para baixo? Quando pessoas estão atacando umas as outras sem motivo algum? Ou mesmo quando seus pais somem e ninguém sabe onde eles estão? Eu acordo perdida em meio ao caos sem saber para...