Capítulo 63-O retorno.

104 16 16
                                    

-Parece que todos que ficam perto de mim, morrem. –disse eu perdida em meus pensamentos.

-Ah! –Dylan bufou. –Não começa, para de ser dramática. –disse ele, estava tentando ser engraçado, mesmo que seus olhos carregassem a dor da perda. Ele ainda tinha os olhos marejados. –Eu estive do seu lado a vida toda e estou vivo... Por enquanto. –ele começou a rir, mas eu não conseguia. Sabia que ele estava rindo forçado também, tentando enganar a si mesmo.

Eu queria me sentar em um canto e chorar por todos que não tive a oportunidade de chorar. Havia tanta coisa acontecendo sempre que não havia mais tempo de chorar pelas pessoas que se foram. Não havia tempo para luto, mesmo querendo chorar em uma das salas para sempre, não era possível.

Espero que me perdoem. Não há enterros ou homenagens decentes. Eles apenas se vão.

Eu me sentia zonza enquanto seguia pelos corredores. Estava entorpecida e não sabia para onde estava indo, apenas seguia os outros pelo caminho. Ouvíamos os barulhos dos infectados, alguns falavam algumas palavras e outros gritavam. O som ecoando pelos corredores.

Megan apoiava Apollo, já que estava cada vez mais fraco, junto à Hiro. Felícia chegou ao meu lado. O que foi que fizemos? Por que decidimos vir aqui em primeiro lugar? Nunca ligamos para as conseqüências. Olha o que fizemos, tudo isso era nossa culpa, perdemos varias pessoas e ao que parece, as que queríamos achar não estão aqui. Será que aquele lugar realmente era a prisão? Ou apenas um laboratório?

-Se você desmaiar, não pense que vou te carregar. –ela também queria me animar, mas eles não entendiam que não havia como melhorar. Tudo parecia estar caindo em minha volta e eu tinha que arcar com as coisas. O peso em meus ombros estava se intensificando, mas eu tinha que me manter firme e forte, querendo ou não. –Ei, não venha se culpar, todos tinham consciência quando concordaram de vir para cá e arcar com as conseqüências de sua escolha. Não é culpa sua.

Ouvimos um grito à frente.

-Merda! –Ouvi a voz de Dylan vacilar. Isso não era bom. Os olhos dele encontraram os meus e me apressei em chegar ao seu lado.

Todos olhavam para dentro de uma sala e tive que abrir espaço entre eles para chegar à sala.

Havia sangue fresco espirrado nas paredes e uma poça de sangue no chão se enchendo cada vez mais.

Blanca jazia no chão, seu sangue se espalhando mais ainda, manchando seus cabelos. Ela tinha um tiro na cabeça e seus olhos estavam abertos. Não muito longe estava Collin de joelhos, chorando diante da cena e segurando a arma em suas mãos que tremiam.

-Eu a ouvi chamar o meu nome. –disse ele com a voz tremula. –Mas ela não era a mesma. Ela já tinha ido. Minha garota se foi! –ele gritou e se virou rapidamente, ficando de frente para nós. –E a culpa é toda sua! –ele gritou mais alto do que nunca. –Você sabe disso! Olha pra ela! –ele estava falando comigo. –Olha pra ela! Olha o que você fez com ela!

-Collin já chega. –Dylan começou, tentando argumentar, mas em vão.

Ele apontou a arma pra mim.

-Eu espero que a culpa corroa toda a sua maldita mente e você permaneça viva, tendo que conviver cada minuto com ela te matando aos poucos. Assim como os infectados!

-Collin eu... –comecei, mas simplesmente não havia nada pra falar. Ele tinha razão.

Ele fechou os olhos e tocou a ponta da arma em sua têmpora. Ninguém pode fazer nada, Collin apertou o gatilho antes mesmo que alguém pudesse abrir a boca.

O sangue espirrou nas paredes brancas, manchando-as de vermelhos como uma pincelada com tinta vermelha em uma tela branca. Ele cambaleou e caiu com as costas encostada na parede.

O diário do apocalipse.Onde histórias criam vida. Descubra agora