Comecei a tentar me soltar de qualquer jeito, mas ouvi a voz sussurrar em meu ouvido.
-Para com isso, sou eu.
-Dylan?
-Têm infectados na frente. –Avisou ele. –Vamos passar a noite no ônibus e quando amanhecer, voltaremos para o depósito. Eles não podem ficar no sol. Vamos ter que esperar. –Ele disse e me puxou para dentro do ônibus.
Todos estavam lá, tentando encontrar um modo confortável para dormir. Não consegui dormir naquela noite, minha cabeça estava em um turbilhão, pensando nas coisas que aconteceram dentro daquela prisão. Mas logo o cansaço chegou e minhas pálpebras foram se fechando, por fim me entreguei e adormeci finalmente, mesmo com muito frio, já que todo o ambiente era úmido.
Havia amanhecido e todos estavam acordando, mesmo eu negando, me forçaram e fui obrigada a acordar. Eu ainda sentia o cansaço da noite anterior e as dores, não só físicas como emocionais. Ainda estavam bem frescas em minha mente.
-Esperem, esperem. –disse Felícia. –Eles ainda estão aqui. Por que eles não foram embora? -Me aproximei da janela e vi os infectados mais a frente.
-Por que aqui é úmido e escuro. O lugar perfeito pra eles. Não vão sair para o calor do sol que há lá fora. –disse Dylan. –Estamos presos.
-Conclusão precipitada. –disse Megan. –Vou atrair-los e vocês esperam aqui enquanto eu os distraio. Então vocês correm quando... Bem, quando eles vierem pra cima de mim.
-Ficou louca de vez? –Hiro tentou argumentar, mas ela o interrompeu.
-Não começa Hiro, perdi tudo, meus pais, meus irmão e agora meu namorado. O que sobrou? Não tenho mais nada!
-Você ainda tem a gente! –disse ele.
-Mais um motivo pra fazer isso. Vou proteger vocês, salvar-los. Quero morrer como eles morreram. Dante e Apollo. Como heróis. –ela tinha os olhos marejados. Hiro abriu a boca, mas ela continuou. –Quero encontrar eles. Estou cansada. Sabe que tenho que fazer isso, é o único jeito de saírem daqui e encontrar com suas famílias. Espero que consigam e encontre uma maneira de sobreviver e ter uma vida.
Ela desceu do ônibus sem olhar para trás e seguiu para a entrada gritando a fazendo barulho para chamar atenção dos infectados. Estávamos paralisados, o dia mal tinha começado e já estávamos recebendo outra facada no coração. Estávamos tão cansados de tudo que não a impedimos. Era uma decisão dela. Tínhamos que aceitar isso, já que as mortes anteriores não tinham sido uma escolha, pelo menos a dela nós tínhamos que respeitar. No fundo eu a entendia, estávamos todos no mesmo barco, cansado e desolados, tudo havia sido tirado de nós, mas ainda sim não tínhamos a coragem que ela teve. E por isso ela sempre vai ser lembrada.
-Aqui! Aqui seus bastardos imundos! Estou aqui! Venham me pegar!
Os infectados olharam em direção a ela e grunhiram, correndo em direção a Megan. Vi o desespero no olhar dela e isso fez com que desse alguns passos para trás. Então ela respirou fundo enquanto a onda de infectados chegava cada vez mais perto e fechou os olhos esperando ser levada.
Acredito que foram os piores últimos momentos dela. O pior não era ela morrer, acho que foi um alivio ela finalmente fechar os olhos para sempre, pois até seus gritos cessarem foi uma tortura. Ela finalmente estava em paz.
Era uma sensação horrível ouvir-la, todos estavam quietos e perturbados, ninguém ousava olhar para o outro. Hiro estava nervoso e não conseguia ficar quieto, estava se antecipando para sair do ônibus, não agüentava mais ficar preso naquele lugar enquanto Megan estava sendo dilacerada aos poucos. Ele queria sair dali, correr para longe até que os gritos ficassem apenas em sua imaginação.
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O diário do apocalipse.
AcciónO que fazer quando se acorda e o mundo está virado de cabeça para baixo? Quando pessoas estão atacando umas as outras sem motivo algum? Ou mesmo quando seus pais somem e ninguém sabe onde eles estão? Eu acordo perdida em meio ao caos sem saber para...