A minha noite fora maravilhosa, mas é claro que tudo que é bom duram pouco (principalmente em um apocalipse zumbi) e acordei com os grunhidos de alguns transformados passando pela caminhonete (felizmente pra mim, eles não eram dotados de muita inteligência), mas não perceberam minha existência ali. Um deles se virou em minha direção quando olhei pela janela e vi o seu rosto sem pele de um dos lados. Seus músculos faciais estavam totalmente expostos e quando me olhou, seus olhos estavam vazios. Ele pareceu não me ver (ou eu não era o tipo dele) e me ignorou, continuando seu caminho sem rumo.
O sol batia de frente na caminhonete e então me preparei para ir a casa de Imogen, ela deveria estar preocupada. Durante o trajeto comi vários salgadinhos e passei por vários transformados. Faltava pouco para chegar a casa de minha vizinha e mostraria os arquivos que encontrei na delegacia a ela, cujos policiais estavam mais envolvidos do que nunca. Os dois tinham um pacto, um precisava do outro para as coisas funcionarem e sabia que nos arquivos tinha algumas peças do quebra-cabeça. Algo no qual eles mantinham segredo.
Sabia disso por que vi a crise atingir minha cidade com toda a força antes da epidemia invadir-la. Eu me lembro de como o povo era tratado. Eu me lembro de como o governo agia. A única diferença entre o agora e o antes, é que o governo está no controle agora.
Quando o povo se rebela contra o modo em que o governo controla as coisas, é onde uma aliança nova nasce. E essa aliança era do governo com os policiais. O governo era a gula que se alimentava do povo e nunca se satisfazia, ao contrario, tinha o maior prazer em fazer o que fazia.
Quando o povo se rebelou contra o governo sanguessuga, os policiais atacaram como se o povo estivesse errado. Agora que o governo estava no controle e com o povo nas mãos, Tudo estava em silencio. Isso não era bom.
Agora o povo dependia totalmente do governo para sobreviver. Ele tinha todos na mão. Os rebeldes iriam morrer fora da sede na tentativa de sobreviver, mas todos sabiam que não havia como sobreviver aqui fora. Mas nós tentávamos. Eu vou tentar. Eu sei que tem algo ruim (podre) no governo e não vou me entregar. Não vou ceder. Eu vou sobreviver.
Uma sede me bateu mais forte que um lutador de sumo e fui ver meus recursos. Havia pouca água e ainda restava bastante comida, mas logo teria que reabastecer. Tomei o resto de água que me sobrara, o que me deu mais sede do que antes, teria que chegar a casa de Imogen o mais rápido que podia e pedir por um copo de água (com açúcar).
Olhei pelo retrovisor e o sol bateu no notebook que estava saindo da mochila. Havia me esquecido dele, precisa revirar mais os arquivos em busca de algo sobre o governo, mas faria isso depois, quando tivesse um lugar em que eu pudesse fazer-lo com calma.
Passei por imensas casas vazias, prédios abandonados na estrada empoeirada, com janelas e portas destruídas. Eu me lembro no dia em que fui para a escola e o barulho da cidade atrapalhou as aulas muitas vezes, a polícia tentando colocar ordem com a sirene, ambulâncias pedindo passagem e pessoas gritando. Ouvimos estouros que só agora me liguei que poderiam ser tiros. Tenho certeza de que o governo mandou a policia agir (matar) caso o povo saísse do controle (que para o governo sair do controle era uma mínima coisa sair do lugar) e garanto que com pessoas querendo matar outras pessoas, qualquer um ficava fora de controle.
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O diário do apocalipse.
ActionO que fazer quando se acorda e o mundo está virado de cabeça para baixo? Quando pessoas estão atacando umas as outras sem motivo algum? Ou mesmo quando seus pais somem e ninguém sabe onde eles estão? Eu acordo perdida em meio ao caos sem saber para...