O sol nem tinha nascido quando escutei Gretel em função das panelas e não demorou muito para que o cheiro de leite quente entrasse no meu quarto, logo escutei minha barriga roncar e depois de um banho desci para a cozinha com minha mala pronta. Estava frio e devido aos meus cabelos molhados fiquei ao lado do fogão a lenha, o que causou arrepio em mim. Um arrepio, que depois de tanto transtorno com os transformados, foi bem vindo. O leite estava maravilhoso (como sempre) e o sol começava a nascer. Agradeci mil vezes a eles por tudo que fizeram por mim e avisei mais de uma vez que deveriam sair da cidade.
Benneth me deu a caminhonete vermelha dele, já que eu tinha mais afinidade com ela, para me acompanhar na estrada. Eles me aconselharam em pegar suplementos se a área não fosse perigosa. Eu me despedi e entrei na caminhonete e Benneth colocou mais um galão de gasolina na carroceria e ativei meu GPS. Eu me despedi novamente e desta vez, parti.
Eu percebi que eles fizeram isso por que eles estavam esperando a morte. Não uma morte se transformando em um infectado, mas uma morte rápida como a explosão da cidade, já que apertar o gatilho em si mesmos era algo difícil de se fazer. então eles apenas me acolheram e deram o que eu precisava porque em breve eles não precisariam daquilo.
Dirigi pelo caminho que Benneth me indicou para sair da floresta e entrar na estrada. Fui comendo uns biscoitos que Gretel preparou para viajem que passou bem rápido e fiz umas paradas para pegar suplementos quando cheguei a cidade. Parei em frente a um mercado e revirei a caminhonete para ver o que havia lá dentro e achei um revolver carregado no porta luvas. Peguei e entrei no mercado que aparentemente estava vazio. Peguei uns salgadinhos e sucos, colocando tudo em um saco (e comendo alguns). Escutei um barulho vindo do depósito e ficava cada vez mais alto, parecia vir em direção onde eu estava, mas eu não tinha feito barulho algum (exceto as embalagens sendo abertas), tentei sair rapidamente, quando ouvi um grito.
-Não! Vá embora! Eu vou atirar! -era a voz de um homem.(ou quase um)
Coloquei as coisas no caixa e fui em direção aos gritos, mas quando me aproximei o garoto saiu do depósito caindo no chão de costas, apontando a arma para um transformado no primeiro estágio. Ele se arrastou para longe dele, ainda apontando a arma e tremendo muito. A bala atravessou o crânio do transformado. Guardei o revolver novamente e o garoto me olhou enquanto fui pegar minhas coisas.
-Espera, ei, espera! -olhei pra ele depois de pegar minhas coisas. -Onde você vai? Pode me levar? Não tenho pra onde ir. -ele tinha um olhar triste e cansado.
-Desculpe. -balancei a cabeça e sai. Me senti culpada (muito culpada), mas não poderia levar ele. -sinto muito. -disse sem olhar para ele.
-Por favor. -ele tinha lagrimas nos olhos e eu revirei os meus.
-Onde você quer ir? -perguntei.
-Qualquer lugar, é melhor do que aqui. -ele disse. Fiz um sinal com a cabeça pra ele me seguir.
-Qual é seu nome? -perguntei.
-Apollo. E o seu?
-Mikaella. Mas pode me chama de Mikye. -dei de ombros. Ele sorriu.
Apollo tinha cabelos volumosos e pretos, enrolados, compridos até a nuca, mas embaraçados em uma confusão de cabelos. Sua boca era carnuda e seus olhos eram castanhos. Sua mandíbula era definida e ele sorriu para mim. Sentamos na frente do mercado e "almoçamos" salgadinho com refrigerante (espero que o apocalipse ofereça um plano de saúde, por que vou precisar disso).
-O que aconteceu? -perguntei.
-Meu tio que era dono da loja apareceu sangrando depois de me deixar cuidando da loja para ir a algum lugar. Depois que ele se transformou, eu o tranquei no depósito e depois que soube o que aconteceu e entendi melhor, ele conseguiu sair. Tentei parar ele, mas não tive coragem.
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O diário do apocalipse.
ActionO que fazer quando se acorda e o mundo está virado de cabeça para baixo? Quando pessoas estão atacando umas as outras sem motivo algum? Ou mesmo quando seus pais somem e ninguém sabe onde eles estão? Eu acordo perdida em meio ao caos sem saber para...