Capítulo 70-Ossos do oficio.

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O infectado atrás de mim caiu com a bala cravada na testa.

-Então boa sorte a vocês! Estamos nos retirando. –disse ele se afastando.

-Espere! –disse Archie. –Vamos esperar até o amanhecer. –O soldado ficou me encarando.

-Até o amanhecer. –confirmei.

Alguns deles deixaram as armas com a gente e Archie seguiu com eles de volta ao laboratório para uma revisão ver se achavam alguma coisa a mais, enquanto eu começava a me arrepender da escolha que fiz, trazendo novamente os outros comigo. (finalmente algum sinal de inteligência) Não me perdoaria se algo acontecesse a eles.

Me lembrei do viaduto, das coisas que aconteceram lá, de como o ambiente estava repleto de infectados e o medo crescia cada vez mais. Acho que finalmente estava amadurecendo (ou criando vergonha na cara). Perceber que havia vidas valiosas que poderiam ser perdidas com a minha escolha fazia meu estomago revirar.

-Acho melhor voltarmos. –disse por fim.

-Do que ta falando? –perguntou Dylan.

-Dylan, se perdemos mais alguém? Temos que pensar entes de fazer algo! –disse fora me mim, estava tremendo de medo.

-Essa não é a Mykie que eu conheço. –disse Dylan me segurando pelos ombros. –Já passamos por muita coisa, podemos fazer isso.

-Pelo o que? Um corpo? Dylan, é só um corpo, não vale a pena perder mais alguém por alguém que já está morto!

-O que está fazendo? –perguntou Matthew. –Apollo estaria envergonhado do que você disse.

-É a Megan, Mykie! –disse Hiro. –Apollo não é Apollo sem Megan. Eles merecem ficar juntos depois de tudo.

-Eles merecem Mykie. -disse Dylan.

-Não quero fazer as mesmas escolhas que antes. –disse por fim, as lagrimas crescendo nos meus olhos. –É por isso que estamos aqui, pelas escolhas erradas!

-Não são suas escolhas. –disse Hiro se aproximando. – São nossas.

-Estamos nisso juntos, Mykie. –disse Matthew olhando para todos.

-Sempre estamos. –disse Dylan. –E eles também.

Por fim, seguimos pelo milharal, estava chovendo fraco e havia grunhidos ao longe, que parecia estar por todos os lados. Alguns pareciam do nada e nos agarrava, conseguíamos atirar, mas o medo subia cada vez mais, nos atrapalhando. Estava começando me arrepender novamente quando finalmente saímos do milharal.

Seguimos andando, mas totalmente atentos a cada movimento estranho, quando finalmente chegamos ao viaduto, os grunhidos ecoavam por toda parte.

-Precisamos de um plano. –disse Hiro.

-Tive uma idéia.

Fui pelo outro lado para chegar à outra ponta do viaduto, enquanto os dois distraiam os infectados, eles atiravam do outro lado e eu podia ouvir os tiros. Consegui chegar até o ônibus e eu sabia que encontraria Megan do outro lado. (Não queria que o duplo sentido se tornasse real).

Atirei em alguns que permaneceram por perto e pude enxergar o que um dia fora Megan. Coloquei a lanterna no chão e peguei luvas. Peguei os ossos de Megan e alguns estavam grudados no sangue seco dela, o que dificultou um pouco o trabalho, mas no final, consegui.

Pude ouvir alguns gritos que não eram de infectado, pareciam humanos. Foi então que percebi três figuras correndo em minha direção. Diziam aos berros que as balas tinham acabo, eram muitos e com certeza não daríamos conta. Então o que nos restou foi correr.

Então corremos.

Corremos muito, Hiro pegou a bolsa onde Megan estava e a carregou por mim. Corremos até chegar na cidade, mas estávamos tão cansado e os infectados pareciam cada vez mais perto.

Havia outro ônibus abandonado a frente. Estava trombado na parede de algum estabelecimento. Era a nossa única saída.

Entramos e Dylan e Matthew tentaram segurar as portas fechadas enquanto Hiro me levantava na tentativa de abrir o teto solar para sairmos dali. Depois que eu estava fora ele me passou Megan e então ele subiu e depois Matthew. Dylan não podia soltar as portar, mas ele não aguentava mais.

-Dylan! –gritei.

-Mykie –Hiro se virou pra mim e me empurrou de leve para a parede de concreto. –Eu amo você!

Eu estava paralisada, não entendi tudo aquilo, ele tentou me beijar e eu recusei virando o rosto, tinha medo que ele se infectasse por minha causa como o cara com quem eu ia ficar anteriormente. Não faria isso com ele, estava tentando proteger ele, mesmo que ele não entenda.

Ele pareceu abatido e colou nossas testas apenas e beijou minha mão. Foi então que eu entendi o que ele estava fazendo. Estava se despedindo. Ele pulou dentro do ônibus e ajudou Dylan a fechar as portas, fazendo um sinal para ele subir. Dylan ficou sem reação.

Aquilo era um adeus.

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