Capítulo 36- O forte.

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Senti muitas dores. Pensei que depois de morrer tudo acabasse, as dores, as lembranças, tudo. Mas ela ainda ficou comigo até o ultimo minuto. Pelo menos eu pensava que era meu ultimo minuto. Tudo se fora, somente a dor ficara.

Eu gemi e tentei me mexer, mas a dor me invadiu mais forte do que nunca por todo meu corpo. Pensei estar ainda no meio da confusão de chamas e corpos, mas quando eu finalmente consegui abrir meus olhos uma luz intensa quase me cegou.

Pensei ter finalmente encontrado a paz. Talvez estivesse no céu. Virei meu rosto devido à luz e vi algo se mexer, mas não nitidamente e tive que piscar várias vezes até finalmente perceber quem estava agora em minha frente.

Mãe.

Ela estava bem em minha frente e não consegui me conter. Havia pensado neste momento desde que tudo começou e agora ela estava finalmente ali. Ela chorava e sorria ao mesmo tempo enquanto passava a mão em meus cabelos, acariciando-os. Eu comecei a soluçar enquanto olhava para ela, parecia um sonho e tinha medo que fosse.

Escutei um barulho do que parecia ser uma pilha de objetos sendo derrubados. Era meu pai desta vez. Estava paralisado com as coisas nas quais carregava derrubadas no chão. Ele passou por cima delas, não parecendo ver nada além de mim.

Meu sonho de ver-los novamente estava realizado. Talvez eu realmente estivesse no céu. Já tinha ouvido falar sobre como era o céu, algumas idéias de como seria, as probabilidades de como era lá em cima, mas acho que nunca imaginei que fosse assim. Mesmo assim estava feliz.

-Mãe? –falei e ela me olhou finalmente depois de ambos ficarem me abraçando. -Isso é real?

Ela riu desta vez, ainda com os olhos marejados. Ela segurou minha mão e a beijou. Eu senti os lábios dela na minha pele e meu pai estava chorando.

-Tão real quanto isso. –ela beijou minhas mãos varias vezes e depois começou a beijar meu rosto. –Tão real quanto o amor que eu sinto por você.

Meu pai não sabia o que dizer, nunca tinha o visto chorar e para mim, isso era tudo, a maior demonstração de amor e não precisava de palavras para isso.

Eu tentei me levantar para abraçar-los, mas a dor voltou.

-Tão real quanto à dor. –disse a eles.

-Descanse. Os três dias não foram o suficiente. –disse minha mãe.

-Três dias? –perguntei. –Apaguei por três dias?

-É, três dias. –Ela repetiu como se aquilo não tinha sido o suficiente e eu precisava descansar mais. –Seu pai cuidou de você, trazendo e passando os remédios enquanto eu te alimentava.

Quase havia me esquecido que eles tinham trabalho no principal hospital da cidade.

Então tudo veio á tona. O hospital. A vacina. A epidemia.

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