Capítulo 71-O enterro.

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-Mykie, por favor. –Hudson me deu a palavra.

-Eu queria primeiro pedir perdão a todos que passam por nós. Me vem a mente todos os sacrifícios que foram feitos para que nós estivéssemos aqui. Queria pedir perdão por ficarem naquele lugar frio durante tanto tempo, quase esquecidos, mas sempre em nossas mentes e corações. Perdão por terem morrido daquele jeito tão cruel, em um mundo destruído e esquecido. Apagado do mapa. Viver é mais cruel acredito então o sacrifício que fizeram será a flor que renascerá em nossos corações. Eu penso que viver em um mundo como esse é morrer, e morrer é finalmente viver. Espero que estejam em um lugar melhor do que aqui. Que o sacrifício que fizeram é a porta para a paz. Espero que estejam bem. Espero que estejam juntos. E obrigada pelo que fizeram por nós, estaremos eternamente gratos por tudo. Muito obrigada, hoje e sempre.

Depois de terminar o discurso do enterro das pessoas do laboratório, eles enterram os corpos enquanto eu seguia para casa e lembrava do que aconteceu na noite anterior. Estávamos no ônibus, infectados por toda parte, Dylan e Hiro lá embaixo, então os tiros. Muitos tiros.

Eu estava com medo, tudo o que eu não queria que acontecesse aconteceu. Todo o pesadelo estava acontecendo de novo e eu estava apavorada. Queria ter beijado Hiro se soubesse que tudo aquilo era uma despedida.

Os tiros cortavam o ar úmido naquela noite. Vi Archie atirando também e os soldados acabando com os infectados. Os infectados contra atacaram eles, mas o bando deles havia diminuído desesperadamente e os poucos que sobraram tentaram, sem sucesso, atacar os soldados.

-Foi aqui que pediram ajuda? –disse Archie abrindo as portas do ônibus.

-Archie. –disse Dylan e o abraçou enquanto descíamos.

-Como você sabia... –ele me cortou

-Que precisavam de ajuda? –ele riu em um sopro. – o grito de Dylan dava pra escutar até em Kirlian. –ele riu. –Mas convenci os soldados de não irem sem vocês então me devem uma.

-Ele implorou pra que voltássemos aqui. – disse um dos soldados. –E ele consegue ser uma pessoa bem irritante quando quer alguma coisa.

-Vamos embora daqui. –disse Matthew tropeçando pelos corpos dos infectados.

Durante a viajem tudo ficou meio estranho, Hiro não conseguia nem me olhar nos olhos e eu não tinha coragem de dizer que eu estava infectada. Bem, mesmo que eu não soubesse ao certo, não queria arriscar, não sabia como reagiria se realmente fosse verdade, se as pessoas que eu conhecia iriam reagir mal.

E Agora eu estava sozinha voltando para casa. A neve estava caindo hoje. Era tão lindo. Me dei conta que o natal era em alguns dias. Via algumas pessoas carregando madeiras, estavam construindo suas casas. Realmente seria um novo natal, no qual sinceramente nem sabia que eu estaria viva parar ver. Mas era bom. Tudo parecia estar bem agora, tudo estava finalmente em paz. Foi então que eu soube o significado daquela missão. Eu estava em paz, uma paz que eu não sentia fazia tempo. Tudo parecia estar certo agora.

-E ai? –disse Dylan me dando um susto, Hiro estava ao seu lado. (bem, quase tudo).-O que vai querer de natal?

-Não sei, mas uns dias de férias sem você seriam bem interessantes. –disse.

-Muito engraçado. –disse ele com uma careta. –Eu vou querer com toda a certeza um vídeo game, Hudson nos prometeu, acha que ele vai dar de presente nesse natal?

-Não sei, mas seria legal. –dei de ombros.

-E você Hiro? –perguntou Dylan.

-Eu não sei.

-Eu queria... –fiquei pensando. –Algo sentimental, algo real, que vem do coração, queria me sentir segura no meio de tudo isso.

-Está apaixonada? –disse Dylan rindo. –Ou isso é uma indireta? –disse ele cutucando Hiro.

-Não! Só queria que alguém escolhesse ficar no meio de toda essa confusão. –desabafei e Hiro se despediu indo embora.

-Do que ta falando? –disse Dylan baixinho para que ninguém escutasse.

-Da infecção Dylan, da infecção! –suspirei. –Essas pessoas têm medo até de me olhar. Apesar de estar bem, em paz agora, essas pessoas acabam me deixando mal.

-Não liga pra elas Mykie, eu confio em você, nós confiamos, sabemos quem você é e o que já passou.

-Eu sei, mas e quando o exame der positivo Dylan? Vai continuar sendo o mesmo comigo?

-Claro que vou! Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

-Sei que você acha que eu não sou infectada e sabe que se eu estaria, a infecção não passa pelo ar, mas usaria o mesmo copo que eu? Continuaria do meu lado mesmo sabendo da verdade? Dylan olha pra eles, vocês vão ficar iguais! –meus olhos estavam marejados.

-Mykie, família é família! Não importa o que aconteça! –ele me abraçou forte. -Isso vai além do nosso sangue.

Depois de um tempo, quando o natal chegou, Kirlian estava em festa, toda decorada e brilhante. O pátio estava inundado de gente, todos brincavam e dançavam. Estavam felizes. Depois de tanto tempo nossa família estava finalmente reunida, mas não completa. Me sentei onde meus pais e minha irmã estavam e de longe vi Dylan com uma garota, que ele logo nos apresentou. Seleny, que agora ajudava a completar aos poucos nossa família.

Naquela noite, tudo estava perfeito, estava no meio de pessoas que me amavam e assim não me senti de fora. Pela primeira vez parecia que eu estava vivendo.

Hudson cumpriu o que prometeu e nos deu o vídeo game que tanto queríamos, ganhamos algumas roupas e outras não, pois costureira, devido ao natal, tinha uma grande demanda e ainda estava terminando.

Quando todos estavam bêbados e cansados, fomos finalmente para casa. Fui a ultima da minha casa a chegar, na qual era bem simples de madeira, assim como as outras. Apaguei as velas e lanternas que estavam ligadas quando ouvi uma batida na porta.

Quando eu abri, apenas uma pequena caixinha estava parada em frente à porta. Eu abri e havia um colar feito de corda e um pingente do que parecia ser cristal de sal. Havia ainda um bilhete.

- Algo sentimental, algo real, que vem do coração, espero que te faça sentir segura no meio de toda essa confusão.

OI aqui é a Fox, por favor não se esqueçam de favoritar e se possivel comentar!

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