-Senhor governador, resgatamos mais duas sobreviventes. –diz o policial irritante. ("resgatamos") – estamos levando elas para a cabine. Essa aqui é Cléo. –ele sorriu em minha direção. (quase revirei os olhos).
O governador intercalava o olhar entre Imogen e eu, seus olhos estavam levemente saltados e sua expressão era de quem tinham visto um fantasma. Olhei para Imogen e ela desviava o olhar do governador e foi então que percebi que a face dele dizia tudo. Ela era o fantasma de seu passado e ele o homem no qual ela fugiu da cidade para esquecer-lo e manter-lo trancado em um baú a sete chaves no passado. Mas parece que nenhum dos dois conseguiu se manter longe. E aqui estávamos nós, diante um do outro (eu avulsa).
-Imogen? –ele procurou os olhos dela e ao ouvir o som da voz dele, ela o olhou finalmente. –não sabia que tinha uma filha. –ele comentou parecendo surpreso.
-É, foi há alguns anos. –ela disse envergonhada.
-Dezesseis anos para ser exata. –eu disse me intrometendo. Imogen riu frustrada (eu consegui envergonhar minha mãe, que ótima filha eu sou).
-É , aconteceu. –ela disse meio sem jeito.
-Claro, escorregar e cair em um órgão sexual acontece toda hora. –dei de ombros. O policial irritante riu (pelo menos alguém me acha engraçada). Senti o olhar de Imogen me matando e virei o rosto.
-Dezesseis anos? É o mesmo tempo que saiu da cidade em que morávamos. –ele disse e só confirmou minhas teorias. Imogen pigarreou e ele entendeu o recado. Não aqui, não agora. –Certo. Bem, precisamos fazer algumas perguntas. Pode me acompanhar? –um dos policiais foi seguir-la para fazer as perguntas, mas o governador o impediu. –Não, eu faço as perguntas, pode deixar.
Nós entramos no elevador e desta vez, sem nenhuma escolta (parece que os segredinhos entre eles eram bem secretos), mesmo assim eu não saí de perto de Imogen e ele ficava me olhando o tempo todo. Enquanto a porta do elevador se fechava, vi o policial irritante do outro lado acenando para mim (como um retardado) (agora sei como os bebes devem se sentir quando as pessoas começam a brincar com eles). Revirei os olhos depois que a porta se fechou.
-Bem, então... -ele parecia nervoso e sem jeito. –você saiu da cidade por que estava grávida? –ela pigarreou e seus olhos percorreram todo o elevador. Tomei as rédeas da situação.
-Sim. Ela queria me criar longe de toda a tragédia do meu pai, ela não gosta de falar sobre isso. –os olhos dele pairaram sobre mim.
-Seu pai? O que aconteceu com seu pai? –as palavras saíram da boca dele sem que ele percebesse que era tarde demais. –Me desculpa, não deveria ter perguntado. –ele olhou para Imogen.
-Ele morreu quando eu nasci. –disse, fingindo tristeza.
Os segundos seguintes que se passaram foram constrangedores e ele ficava sem jeito, tentando disfarçar. (quem diria que esse homem seria o governador). As portas do elevador se abriram e demos de cara com outro corredor, era mais barulhento e quando seguimos por ele, o barulho foi aumentando. Seguimos o governador e viramos o corredor onde havia uma grande sala com pessoas indo de um lado para o outro correndo com papeis, como uma delegacia com muitos casos.
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O diário do apocalipse.
ActionO que fazer quando se acorda e o mundo está virado de cabeça para baixo? Quando pessoas estão atacando umas as outras sem motivo algum? Ou mesmo quando seus pais somem e ninguém sabe onde eles estão? Eu acordo perdida em meio ao caos sem saber para...