Capítulo 68-Kirlian.

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As lembranças ainda estão quentes em minha memória, apesar do frio constante aqui. Vivemos no Alaska agora. Hudson disse que a região é livre de qualquer infectado ou mesmo da infecção, que não consegue sobreviver em regiões frias como aqui. Então estamos salvos, sobrevivendo como podemos por aqui. Hudson conseguiu varias cargas de comida e temos tudo o que precisamos aqui. Ele viaja constantemente de avião, em busca de mais coisas para constituir nossa nova vida. A nossa nova cidade.

Chamamos de Kirlian. Nosso vilarejo.

Há pessoas trabalhando no radio para caso ouvirem um chamado de alguém. Alguns ajudam na enfermaria e temos também uma grande variedade de colheitas que criamos nas estufas. Finalmente estamos vivendo.

É difícil começar tudo do zero, mas fomos obrigados a isso. Algumas vezes é a única saída. Nunca apagamos o passado ou esquecemos. Isso é uma coisa que nunca será possível de se fazer. Ainda sonho com as pessoas que deixei para trás e que nunca vão voltar.

A cidade é agradável e estamos construindo pouco a pouco o que uma vez se fora e tentamos viver normalmente. As lembranças são como um pesadelo recente, fresco ainda na memória. Às vezes sonho com eles, infectados me perseguindo e isso faz com que tudo realmente parecesse um pesadelo, que as lembranças são parte desse sonho horrível que tenho nas noites.

Eu estou feliz por isso, mas não deixo de pensar nas vidas que seriam poupadas naquela noite na prisão. Ainda choro pelas vidas perdidas naquele lugar e me emociono em lembrar das coisas que vivi com eles. Ainda sinto o peso da culpa e tento conviver com ela, mas há momentos que realmente pesa sob meus ombros. É algo irreparável e não há nada que diminua a culpa e a dor. E somente eu posso carregar-la.

Temos um cemitério onde colocamos os nomes e se tivermos, fotos das pessoas que se foram. Quando fiz o de Imogen, Hudson veio até mim dizendo que ela foi a garota que ele amou e que sempre vai amar eternamente. Fiquei pensando em como as coisas podem ser assim e me magôo por eles nunca terem vivido o que deviam ter vivido. A paixão de infância deles, mesmo ela nunca ter contado sobre eles. Fiquei imaginando se Luke estivesse vivo, como as coisas seriam, como Hudson e Imogen teriam sido. Me arrependo cada vez mais de não ter dito o que sentia por ele.

Quando Hudson saiu de perto me deixando sozinha, eu o observei e fiquei pensando o quanto ele era estranho. Havia algo nele, que não sei explicar, apenas havia algo nele.

Meus pais vieram para Kirlian e vivemos todos aqui agora, mas eles trabalham com Hudson, então viajam o tempo todo em busca de pessoas vivas. Minha irmã trabalha no laboratório, estão tentando achar uma cura, mas não igual a antes, apenas estudos, em breve voltaremos para o laboratório que era a prisão para ver se encontramos mais algumas coisas sobre o vírus, mas desta vez com soldados treinados, acho que não vou querer voltar para aquele lugar novamente.

Ainda estamos tentando descobrir para onde Maddox levou as pessoas do colégio, Maya e Brook não estavam no laboratório, então devem estar em outro lugar.

Dylan, Anthony, Archie e Cate seguem em frente como podem e poderia dizer que estão felizes mesmo com a perda irreparável. Os pais de Sophia, assim como Anthony, perderam o chão com a notícia sobre Savanna, mas como uma família, nós apoiamos uns aos outros e ajudamos as pessoas que também sofrem com a perda de seus familiares.

Nunca me esquecerei dos olhos da minha mãe quando me viu no quartel general. Depois de chorar e me abraçar como uma criancinha, levei um puxão de orelha e muito sermão de não obedecer-la, mas eu estava com Anthony e ela se arrependeu de me repreender. Meu pai me admirou mais, assim como minha mãe, mas ela não demonstrava por achar que eu iria fazer mais loucuras depois disso. Mas ela mal sabe que continuarei fazendo de tudo para salvar-los, ela admirando ou não. Me lembro de como nos abraçamos, estávamos juntos novamente. Meus pais, Felícia, eu e Zeus.

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