Capítulo 54-Infecção

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Eu podia ouvir-los. Seus passos cada vez mais rápidos vindo em minha direção. Eles estavam chamando atenção de infectados sem que pudessem perceber. Corri para dentro de um beco sem saída. A única coisa que havia lá dentro era um caminhão que era usado para entrega e uma escada de emergência de algum prédio, mas era alto demais para que eu pudesse alcançar. Pelo menos uns três metros acima de mim.

Os barulhos das pessoas que estavam me perseguindo ficaram mais altos e eu estava aflita. Eles vieram em minha direção, entrando no beco. Pensei em me esconder dentro do caminhão, mas as janelas estavam quebradas e os infectados que também estavam me perseguindo entrariam dentro do caminhão.

A Carroceria estava trancada. Sem chance. Pense rápido, pense rápido Mykie. Comecei a subir no caminhão e fiquei em cima da carroceria. Os infectados acertaram o caminhão com muita força, indo por cima de tudo e causando um tremor que quase me fez cair.

Eles dominaram todo o chão e eu ouvia os gritos de agonia das pessoas que estavam me seguindo enquanto eram estraçalhadas pelos infectados. Uma mulher foi mordida na garganta e o sangue espirrou na lataria do caminhão. Enquanto ela gritava, um homem era mordido no braço e outro nas costas.

Eu olhei um ultima vez e pulei em direção á escada, agarrando no ultimo degrau e me forçando para alcançar o próximo e assim por diante.

Finalmente consegui entrar no prédio pela janela. Estava um pouco escuro, mas eu consegui ver que o prédio era velho e empoeirado. Estava caindo aos pedaços também, as madeiras velhas com cupins corroendo o resto que sobrava. Era um prédio onde os insetos dominavam e um lar para os ratos. (dorime)

O prédio estava com tanta poeira que o chão e todo o resto pareciam estar cobertos por cinzas e a umidade deixava o ar pesado e embolorado. Quando dei o primeiro passo, a madeira rangeu e soube que tinha que tomar cuidado por onde eu pisava.

Comecei a explorar o lugar em busca de uma saída e encontrei várias fantasia e umas realmente assustadoras, como uma cabeça de coelho rosa velha e faltando um olho. (coelhinho da páscoa o que trazes pra mim, um morto, outro corpo...)

-Acho que com o apocalipse na terra fez você perdeu seu emprego coelhinho. –Disse pensando alto. –A crise chegou para todo mundo.

Andei mais pelo lugar e encontrei uma mascara de palhaço que parecia de um serial killer. Ainda havia cenários, pelo menos o que sobrou deles, pelo caminho.

Desci pelas escadas e cheguei ao teatro grande. Eu estava no meio do palco com algumas falhas na madeira e tentei andar com cuidado.

A madeira rangeu sem que eu me mexesse e quando olhei para trás havia uma mulher apontando uma arma para mim.

-É melhor não se mover ou eu vou enfiar uma bala na sua cabeça. –disse ela.

-Eu adoro a recepção dessa cidade. –disse.-Sempre tão calorosa.

-Sem brincadeirinhas garota. –disse ela e eu ergui as mãos.

-Como sobreviveu ao ataque lá fora? –eu tinha certeza que havia visto ela com os outros.

-Bem, acho que foi meu dia de sorte eu acho. –disse ela. –Me escondi debaixo do caminhão, mas nem tudo são flores não é? –disse ela e mostrou sua mão. Ela tinha um ferimento de mordida que escorria sangue. –Nem tudo é perfeito. –ela riu frustrada. –Não tive tanta sorte assim. Eu me arrastei para longe deles.

-Por que está atrás de mim afinal? –perguntei.

-Por que a elite disse que tinha a cura e que daria se ajudasse eles a levar a cura para a Europa.

-E o que eu tenho a ver com isso? –perguntei sem entender.

-Por que ele disse que quem trouxesse sua cabeça ganharia a cura também.

-E você acreditou nele? Ele nunca vai te dar a cura, nem uma gota. E tenho más noticias pra você. Não existe cura alguma, ele mentiu pra você e pra todos. A cura é na verdade a própria infecção e as pessoas que aplicasse pensando estar sendo curadas iriam se infectar.

-Está mentindo! –gritou ela. –Por que eu acreditaria em uma garotinha como você?

-Por que não sou eu que quero a cabeça de uma garotinha por nada. Já se perguntou por que ele quer me matar? Se ele me mataria, acha mesmo que ele não mataria outra pessoa como você?

-Olha aqui, eu vou ter aquela cura e vai ser sua cabeça o preço. E eu vou fazer de tudo para não me transformar em uma daquelas coisas. –ela carregou a arma.

-Não adiantar nada me matar. –disse tentando ganhar tempo. –Já estou infectada, vou morrer de qualquer jeito. –Mostrei a palma da minha mão. –Vê? Me leve com você e ambas poderemos conseguir essa tal cura. Me entregue a eles viva e garante sua cura e depois eu me viro com eles. Roubo uma cura pra mim, pelo menos ambas podemos ter salvação, afinal, a partir do momento que me entregar a eles, eu serei problemas deles e não seu. –Ela demorou um pouco para responder.-Também quero a cura, se você garante tanto que é real.

-Não. –disse ela, firmando mais ainda a arma. –Terei mais garantia se estiver morta.

Olhei para as falhas da tábua alguns centímetros atrás dela e pulei em direção a ela, que disparou e ambas caímos, quebrando as tábuas com o impacto, indo para a escuridão abaixo do palco.

Houve alguns estalos e o chão também feito de madeira cedeu abaixo de nós. Desta vez a altura era maior e a dor do impacto atravessou meu corpo, inundando de dor. Havia somente alguns raios de luz e a poeira dificultava a respiração. Os destroços de madeira também dificultavam o silencio e quando me movi, ela soube onde eu estava.

Ela veio para cima de mim com uma tábua, que acertou a poucos centímetros do meu rosto. Dei um chute no estomago e ela se afastou enquanto eu me levantava e rodeava os destroços. Ela correu em minha direção e me segurou pela cintura, me batendo contra a parede de concreto e me dando um soco na face. Meu queixo latejou e senti o gosto metálico do sangue.

Eu fui para o lado e ela me largou enquanto eu tentava me recuperar, então ela segurou meu braço direito para trás, prendendo em minhas costas.

-Vou levar sua cabeça para eles, garota. –disse ela rindo em minha orelha.

Ela me pressionou contra a parede, batendo minha cabeça. Com meu braço esquerdo, cotovelei com toda a força para trás, acertando a costela dela, que gemeu, me libertando, mas logo voltando e pressionando o próprio antebraço contra meu pescoço, me enforcando.

-Vou cortar seu dedo do meio, garota e usar como colar. –ela cuspiu em mim.

Agarrei a camiseta dela e a puxei em minha direção, virei meu rosto no ultimo segundo e a cabeça dela foi de encontro com o concreto. Ela se afastou com muita dor, grunhindo de raiva.

Chutei a barriga dela e ela se curvou e depois chutei e rosto dela, que virou a cabeça para cima cuspindo sangue e depois caiu de joelhos. O ultimo chute foi na lateral da cabeça dela, exatamente na têmpora, fazendo com que ela desmaiasse instantaneamente.

Ela caiu para o lado. Tentei respirar o ar embolorado e depois a revistei, encontrando uma lanterna e uma faca. Revistei os destroços também e acabei achando a arma dela.

-Vou pegar isso emprestado. A gente se vê por ai. –disse e sai pelo corredor escuro do que parecia ser um deposito e subi as escadas para chegar ao grande salão do teatro.

Quando terminei de subir as escadas um raio caiu ao longe iluminando o céu. Uma tempestade estava caindo, estava começando a anoitecer e eu tinha que chegar á costa antes que o sol fosse completamente embora.

Olhei para meu ferimento que latejava um pouco. Senti o medo em minhas entranhas. E se eu realmente estivesse infectada? Eu não podia fazer nada a não ser esperar. Senti o desespero em meu peito. Eu não queria me transformar em uma daquelas coisas sedentas de sangue. Esperar era uma tortura. Se eu esperasse demais e a infecção me dominasse, quem me mataria? Eu iria vagar por ai em busca de carne fresca?

Eu realmente me tornaria um deles?


Iae pessoal, vou deixar no ar esse ultimo capitulo, até o próximo ataque!


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