Ruínas - Capítulo 2

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A loira elegante entrou em casa com os saltos na mão, estava exausta e sorriu com aquilo. Era sempre bom encontrar com Douglas no meio da noite. Largou os sapatos no meio da sala e foi direto para o banho, um banho quente para ajudar a relaxar.

Passou mais tempo do que devia debaixo da água, pensou em como tinha feito uma bagunça de sua vida, mas era complicado demais desfazer. Saiu do banho enrolada na toalha e se irritou com o celular tocando insistentemente em cima da cama. Ignorou.

Foi até a escrivaninha e pegou seu hidratante, passou em seu corpo se massageando, era um ritual de beleza que sempre fazia. O toque do celular cada vez mais alto a irritou ao extremo e ela atendeu com a voz brava sem nem antes ver quem era.

- O que é? - Brigou ao telefone. Ouviu um suspiro do outro lado da linha e afastou um pouco o celular da orelha para ver o nome de quem a estava chamando. - Fala, Lua.

- Você está muito irritada pra quem acabou de dar um perdido no seu namorado! - A amiga dos cachos dourados debochou e Sophia bufou. - Era pra estar mais relaxada.

- Eu estava, mas o toque desse celular me irritou, vou ter que mudar a musica. - Soltou um sorriso. - O que foi, Luinha?

- Você estava com aquele menino de novo né? - Ela tinha a voz baixa, era perceptível a decepção na voz dela.

- Estava, Lua. - Suspirou. - Vai me dar sermão uma hora dessas?

- Vou, porque você ainda mete o meu nome no meio e eu sou amiga do Micael. - Rosnou do outro lado da linha. - Você não devia fazer isso com ele, já te disse mil vezes.

- Ele te ligou, foi? - Rolou os olhos mesmo que a amiga não pudesse ver.

- Ele ligou porque estava preocupado com você. Você não quis carona, você entrou num uber sozinha a noite e não avisou a ele que tinha chegado bem aqui. Porra, Sophia. Se for pra tratar o cara dessa forma, termina logo esse namoro, criatura.

- Logico que não, eu amo o Micael! - Ela repetiu igual falou ao amante, no carro, horas antes e assim como ele, Lua deu risada. - Para de debochar, Lua!

- Pelo amor de Deus, menina! Acorda. - Ela gritou ao telefone. - Eu não aguento esse seu cinismo. Ninguém que ama faz isso, ou você larga esse seu amante, ou você larga o Micael. Eu não vou aguentar mentir pra ele muito tempo.

- Lua, ele nem era seu amigo, para de graça.

- Vocês namoram há três anos, tempo suficiente para que tenhamos virados amigos. E o Arthur então, eles são praticamente melhores amigos, eu não suporto isso que você está fazendo.

- Chega, Lua. - Falou alto. - Eu estou cansada, quero dormir, será que podemos conversar amanhã? No trabalho a gente se vê.

- Claro que está cansada, deve ter dado até o que não devia! - Disse antes de desligar o telefone na cara de Sophia.

A mulher rolou os olhos e foi escovar os dentes. Voltou para o quarto, vestiu uma calcinha e sua camisola e foi dormir. Acordou as seis e meia e foi direto para o banho. Se arrumou para o trabalho, pegou um iogurte na cozinha e foi para o ponto de ônibus.

Não demorou a chegar no trabalho e Lua estava na porta a esperando, tinha um buquê na mão. Praticamente jogou na cara de Sophia quando a mulher chegou perto.

- Que merda é essa Lua? - Brigou ao afastar o buquê de sua cara. Sabiam que era de Micael, ele sempre fazia aquilo.

- Isso é do seu namorado. - Ela tinha raiva nos olhos. - Ele passou aqui pra te dar, mas estava com pressa e acabou deixando comigo. Sophia como você tem coragem?

- Esse papo de novo as sete e meia da manhã? - Rolou os olhos e entrou na agência em que trabalhava. - Da um tempinho, Lua.

- Eu estou tentando te chamar pra razão. - Falou baixo já que agora estavam no trabalho. - Você tem um homem maravilhoso que faria de tudo por você, que te ama! Você sabe o quão difícil é encontrar isso por ai? - As duas se sentaram. Suas mesas era coladas uma na outra. - Você está jogando fora toda dedicação. Você sabe quanto tempo tem que o Arthur não me manda um buquê? - Apontou para as rosas dela. - Você nem se deu ao trabalho de abrir o cartão.

- Eu não estou jogando nada fora! - Rangeu os dentes. - Está tudo sobre controle. - Pegou o cartão e jogou na segunda gaveta da mesa sem ao menos ler, como tinha feito com os muitos outros que estavam ali.

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