- Vejo que a senhorita já está acordada! – Ela sorriu ao médico. Deu uma boa olhada, parecia ter trinta anos, cabelos tão claros quanto os dela, os olhos azuis parecia o próprio mar. Era bem bonito. – Fico muito feliz com isso. – Tirou o estetoscópio do pescoço e se aproximou da mulher. – Preciso que inspire e expire, fundo. – Ela obedeceu, mesmo com aquela dor maldita. – Muito bem. Sophia, você está muito bem, comparado a forma que você chegou.- Isso é muito bom. – Ela forçou um sorriso. – Isso significa que logo, logo poderei ir embora né?
- Então, eu tenho um assunto pra falar com a senhorita. – Sua expressão mudou para preocupada, aguardando as palavras do médico. – Na verdade, não é grave, mas eu precisei esperar que a você acordasse pra contar.
- O que foi que aconteceu? – Limpou a garganta antes de perguntar.
- O impacto que você sofreu com o acidente pode ter complicado um pouco as coisas com a sua gestação. – Sophia perdeu a voz e os olhos de Douglas se arregalaram. – Você não perdeu o bebê por um milagre, pra ser sincero. Mas de agora em diante, você vai precisar redobrar o cuidado, primeiro passo, eu não quero você levantando da cama por nada. Se puder fazer xixi no pinico, prefiro que faça.
- Calma. – Forçou sua voz a sair, não estava acreditando naquilo. – Eu vou ter um bebê?
- Você não sabia que está grávida? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Me desculpe por contar desse modo então, mas você realmente precisa de cuidados.
- Eu não posso estar grávida. – Começou a negar. – Eu menstruei esse mês, eu não senti enjoos, eu não tive tonturas, não tive nada.
- Bom, nos exames de sangue apontou a alteração nos seus hormônios. Você deve ter umas seis semanas, um pouco mais, quem sabe.
- Meu Deus do céu, que loucura. – Ela começou a chorar. – Isso não pode ser verdade.
- Acredite, esse exame não tem margem pra erro. – Ele sorriu. – Eu vou deixar vocês assimilarem isso, e volto depois para terminar de dar as instruções, pode ser? – Ela balançou a cabeça e o médico saiu do quarto.
Douglas, que não tinha dito nenhuma palavras de que o médico entrou no quarto, se aproximou da cama. As mãos de Sophia estavam sobre a barriga e as lágrimas eram reais. Aquilo não podia estar acontecendo.
- Sophia, esse bebê... – Ele tinha a voz bem baixa, Sophia entendeu na hora que ele estava perguntando se era filho dele.
- Não é seu. – Ela disse confiante. – É filho do Micael, porque você acha que eu estou chorando?
- Como você pode ter tanta certeza? – Agora sua expressão era de raiva. – Se eu bem me lembro, você transava comigo e com ele. Você não pode ter certeza disso, Sophia.
- Douglas, esse bebê não é seu filho. – Tirou as mãos da barriga e secou os olhos. – Não se ilude com isso.
- E você acha que ele vai simplesmente acreditar nisso? – Estava realmente com raiva. – A primeira coisa que ele vai dizer é que o filho é meu. Ele vai rejeitar essa criança.
- Eu sei disso. – Fechou os olhos e voltou a mão de volta pra barriga. – Eu não sei se quero contar pra ele. Eu ainda não sei de nada.
Os dois pararam de falar quando Lua passou pela porta acompanhada de Arthur. Ela sorriu ao ver a amiga acordada, mas antes de brigar com ela, percebeu o clima estranho que pairava pelo quarto. Douglas e Sophia não se encaravam, o rapaz tinha cara de bravo e Sophia lágrimas nos olhos.
- O que aconteceu? – Arthur perguntou antes de Lua, pelo visto também tinha percebido o clima ruim entre os dois.
- Pergunta a sua amiga. – A voz de Douglas rasgou o silêncio. – Pergunta a ela qual é a novidade.
- O que inferno aconteceu? – Lua se aproximou de Sophia e ela recomeçou a chorar. – Sophia, você precisa me contar, antes de eu brigar com você!
- Eu estou grávida. – Ela disse entre soluços. Lua e Arthur não sabiam o que dizer. – O médico acabou de vir aqui e me contar que eu quase perdi o bebê e que agora eu não posso mais levantar da cama. – O olhar de Lua se redirecionou a Douglas.
- Não se preocupe. – Ele respondeu mal humorado. – Sophia tem certeza de que o pai é o amiguinho de vocês. – Disse com um certo nojo na voz. – Vou tomar café. – Saiu do quarto deixando os três sozinhos.
- Como é que você tem essa certeza? – Arthur perguntou. – Isso é impossível sem um teste.
- Eu não posso fazer um teste. – Ela limpou o rosto. – A vida do meu bebê está em risco. Mas eu não tenho dúvida nenhuma. Esse filho é do Micael.
- Sophia ele nunca vai acreditar nisso. – Balançou a cabeça. – Nunca.
- Azar é dele, Lua. – Relaxou nos travesseiros. – Eu não vou gastar a minha paciência tentando convencer o Micael de nada, ele que vá pro raio que o parta com a Fernanda.
- Como assim? – Eles ergueram uma sobrancelha.
- Eu não vou fazer esse teste porque o meu bebê já está correndo risco. – Segurou sua barriga. – Se ele não quiser participar da gestação, o problema é dele. Ele que vai se arrepender depois de não ter ido as consultas e participado de cada detalhe. – Ela tentou dar de ombros, mas sentiu uma forte dor. – Quando esse bebê nascer e o teste for feito, ele vai ter tanto arrependimento que não vai caber nele.
- Será que você pode explicar? – Arthur pediu mais uma vez.
- Bom, com o Douglas eu sempre tive um excesso de cuidado, eu nunca me descuidei nem só por um momento, diferente do Micael, que a gente nem sempre foi tão certinho e cuidadoso como deveríamos. Esse bebê é dele, não há dúvidas.
- Puta merda, essa notícia vai cair como uma bomba no colo do Micael. – Arthur colocou as mãos na cabeça.
- Eu sinceramente estava pensando em não contar. – Ela encarou os dois amigos. – Ele não vai acreditar mesmo, ia me poupar de muita dor de cabeça.
- Se esse bebê é realmente dele, você tem que contar. – Ela fez uma careta. – Mesmo que ele não acredite em você.
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Ruínas
RomanceE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...