Ruínas - Capítulo 40

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- Porra nenhuma, Micael. – Escorou no sofá. – Vocês dois se gostam e essa história está mal resolvida, esse bebê veio pra juntar vocês dois e no fundo você sabe muito bem disso.

- Você está viajando. – Deu de ombros.

- Tá bom, então quando vocês estiverem juntos, eu vou lembrar disso e te zoar pra sempre, tá legal? – Micael assentiu.

- Faz o que você quiser, eu não vou ficar com ela mesmo! – Arthur riu e caminhou pra porta.

- Eu vou embora, você não vai lá mesmo? Nem pra conversar? – O moreno bufou e assentiu, teria que ir lá, mais cedo ou mais tarde. – Ótimo, que maduro e responsável.

- Vai ficar me zoando mesmo? – Falou bravo e arrancou ainda mais risadas de Arthur enquanto os dois saiam pela porta e Micael a trancava. – Me deixa em paz.

- Jamais, papai. – Arthur zoou, mas Micael sorriu ao invés de rebater.

Os dois entraram em seus carros e seguiram até o endereço do prédio de Sophia, que não chegava a ser dez minutos da de Micael. O porteiro os reconheceu e deixou que subissem sem interfonar. Batidas ecoaram na porta e Lua rolou os olhos ao abaixar o fogo da panela e correr pra atender. Tomou um susto ao ver Micael ali.

- Olha só, se veio aqui armar um escândalo, dê meia volta porque Sophia não tá podendo. – Ela o ameaçou com a colher de pau que anteriormente estava mexendo a carne ensopada com batata.

- Lua, será que dá pra se acalmar. – Arthur entrou e deu um beijo na mulher. – Ele veio em missão de paz.

- Hum, difícil de acreditar. – Continuava com a colher de pau apontada.

- Tem muita coisa difícil de acreditar, Lua Maria. – Ela rolou os olhos. – Mas isso nem é a pior delas.

- Sei, a Sophia está no quarto, deitada. Se eu ouvir ela se alterando eu vou lá e arranco seus olhos, está me ouvindo? – Foi a mais assustadora das ameaças. – Está me ouvindo? – Repetiu.

- Sim, Lua, eu te ouvi. – Ele rolou os olhos. – E seja lá o que você estava fazendo com essa colher de pau, está queimando, porque estou ouvindo daqui o barulho da panela seca!

- Ai jesus. – Correu até o fogão de volta. Micael fechou a porta e os dois caminharam até a cozinha. O cheiro de queimado ainda mais forte, o moreno não conseguia parar de rir da cara de decepção de Lua. – Culpa de vocês dois! – Falou com raiva. – E eu abaixei o fogo, não era pra ter queimado assim.

- Essa panela retém calor, não adianta você abaixar o fogo de uma vez, o calor demora a diminuir e ai queima. – Ele deu de ombros como se fosse obvio. – Escolheu muito mal a panela, Senhora Aguiar.

- Olha, Arthur. – Apontou a colher de pau agora para o marido. – Eu vou dar uma panelada nesse seu amigo que ele nunca mais vai querer ver uma na vida.

- E você me ameaça junto, meu amor? – Fez cara de assustado. – É a profissão do cara né?!

- Palhaço. – Ela jogou a panela na pia sem dó. Sophia no quarto quase deu um pulo da cama com o estrondo.

- Ficou doida? – Micael arregalou os olhos. – Não pode fazer isso com a panela, ela não tem culpa de nada. – Lua riu com a forma que ele defendeu a panela. – Joga essa comida fora e lava a panela.

- Vou fazer isso sim, e vou ficar aqui esperando acabar a sua conversa com a Sophia pra você vir fazer a janta.

- Eu ainda estou de férias da cozinha. – Ele argumentou e riu com a cara de deboche da Lua.

- Eu não estou nem ai, você não é o sabichão? Então vai cozinhar sim! – Lua decretou, mas ele não respondeu, apenas deu um sorriso de canto. – Agora vai falar com ela, porque com certeza ela já ouviu a sua voz e deve estar super curiosa.

- Ela tem razão. – Arthur completou. – E não grita com ela.

- E nem xinga ela.

- Ei, chega, tá legal? – Falou grosso com os dois e agora sim Sophia tinha ouvido a voz dele. Teve vontade de levantar da cama pra ir até a cozinha, mas lembrou-se que não podia. – Eu sei falar com ela.

- Claro que sabe. – Lua debochou uma última vez e ele caminhou pelo corredor até a porta do quarto dela. Bateu devagar e ouviu um entra baixinho. Respirou fundo duas vezes antes de abrir a porta do tão conhecido quarto. Deu dois passos pra dentro e fechou a porta atrás de si, sem em nenhum momento tirar os olhos da mulher deitada.

- Você não parece melhor. – Ele disse depois de alguns momentos de silêncio.

- E eu não estou. – Respondeu baixo. Tentou se ajeitar para sentar na cama, mas aquilo parecia missão impossível. – Na verdade, parece que eu estou piorando.

- Sinto muito. – Mais silêncio. Eles ficavam se olhando a todo momento. – Sophia eu vim aqui pra...

- Pra dizer que você não é o pai do meu bebê. – Ela o interrompeu e ele ergueu uma sobrancelha. – Já sei que é o que vai dizer, não me surpreende. Se era só isso, pode ir embora. – Estava fria e isso com certeza atingiu Micael em cheio.

- Como é que é? – Cruzou os braços.

- Eu não estou em condições de discutir com você, eu não quero me estressar, eu só quero ficar em paz. – Repetiu o que tinha dito aos amigos. – Eu não vou obrigar você a acreditar que esse filho é seu, então, pode ir. Eu me viro sozinha.

- Até onde eu sei, nem sozinha você pode ficar. – Ele cruzou os braços. – Não sei por que está dando uma de independente.

- Porque você me irrita, eu disse a você na festa ontem que eu não ia mais deixar você me humilhar, e eu realmente não vou. Então se você não acredita, volta pra sua vidinha ridícula de ilusão que vai ver é isso que você merece mesmo.

- Ilusão? – Seu olhar era divertido. Por mais que as palavras fossem agressivas, os dois estavam bem calmos. – Eu vivo uma vidinha ridícula de ilusão?

- Você não deixou de me amar e começou a amar a Fernanda num curto espaço de um mês, isso é impossível!

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