Ruínas - Capítulo 187

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Já passava das onze, Micael e Sophia estavam deitados na cama, pós banho e abraçados. Já tinham se amado como dois tarados quando todos os amigos foram embora.

- Eu não vejo a hora dessa ser a nossa realidade todos os dias. – Deu um beijo na cabeça da noiva que estava em seu peito. – Eu falei isso tantas vezes, não consigo evitar.

- Eu gosto de ouvir. – Fechou os olhos e curtiu o momento. – Eu gosto de saber dos seus planos pra gente ter paz e poder ficar juntinho.

- Eu tenho uma surpresa pra você. – Ela se sentou para encara-lo. – Não sei se conto agora ou espero.

- Ah, não. – Se ardia de curiosidade. – Se você começou a falar, termina.

- Você vai estragar a surpresa, criatura. – Prendia o riso. – Não vou contar nada.

- Micael, pelo amor de Deus. – Acendeu a luz do abajur que tinha no criado mudo. – Você sabe que eu não me aguento de curiosidade. Fala de uma vez.

- Então, lá do sul, tem umas semanas que eu estava pesquisando algo pra gente. – Sophia o olhou ainda mais curiosa. – Como eu não fico muito aqui, tive que dar um jeito de ver só pela internet mesmo.

- Do que você está falando? – Franziu a testa. – Sou eu que estou vendo tudo do casamento.

- Eu estou falando da nossa casa. – Observou com atenção o rosto de Sophia. – Isso você não está vendo.

- Casa? – Ainda estava estranhando a ideia. – A gente vai comprar uma casa?

- Ué, você quer continuar morando aqui? – Ergueu uma sobrancelha. – Essa casa é de um homem solteiro, Sophia.

- Eu acho uma casa boa. – A loira sentia que ele entraria no assunto filhos e não queria aquilo agora. – Pra que a pressa?

- Achei que você ia gostar. – Cruzou os braços sem entender. – Eu estou pensando no nosso conforto. Você sempre reclamou que essa casa só tem um quarto e tal.

- Eu não disse que não gostei, eu só fiquei surpresa com isso assim tão de repente. – Desviou o olhar.

- Não foi de repente. – Balançou a cabeça. – No dia que eu te pedi em casamento eu tinha dito que ia atrás de uma casa pra gente. Vamos começar a nossa família, precisamos de mais quartos.

- A gente nem casou ainda, não vamos começar nada. – Bufou. – Não é como se fôssemos ter filhos assim que casarmos.

- Ué, eu agendei uma visita pra amanhã com a corretora. – Contou bem menos entusiasmado. – Pelas fotos parece um bom apartamento, tem três quartos, aqui mesmo na Barra. É perto da praia.

- Três quartos? – Arregalou os olhos. – Quantos filhos você acha que teremos?

- Quando nós voltamos da outra vez você falou em dois. – Não estava entendendo a reação da noiva. – Mas nem foi nisso que eu pensei. Claro que um dos quartos vai ser pro nosso filho, mas o outro era pra ser tipo um quarto de hóspedes.

- Tá tudo rápido demais. – Colocou as mãos na cara. – Amanhã é domingo.

- Sophia, qual o problema? – Não estava entendendo. – Eu fiz isso porque achei que você ia ficar feliz. Eu avisei a corretora que só ia poder amanhã, ela disse que tudo bem. Se você não quiser, fala que gente fica em casa.

- Não, tá tudo bem. – Suspirou. – Eu só fiquei surpresa, mas tá ótimo, a gente vai ver o apartamento amanhã.

- Não. – Fez uma careta. – Está na sua cara que você não está afim.

- Não precisa fazer drama. – Se achegou pra perto dele. – Eu só tomei um susto, não precisa dizer que eu não estou afim. – Os dois já estavam se irritando. – Me desculpa se eu reagi mal.

- Seja sincera. – Procurou os olhos da noiva. – Qual o problema? – A loira pensou em falar a verdade, mas mais uma vez, optou por evitar briga com Micael, os dois tinham tão pouco tempo pra ficarem juntos.

- Nenhum, eu só não estava esperando. – Voltou a se aconchegar no colo do moreno. – Eu vou amar ir ver a nossa futura casa.

- Tudo bem. – Deu um beijo nela. – Tudo bem. - Repetiu.

- Agora, gatinho. – Sophia se afastou para encara-lo de novo. – Esses dias a Lua abriu meus olhos pra uma coisa que eu não tinha pensado muito.

- Lá vem bomba. – Ergueu a sobrancelha pra ela. – Vindo da Lua, nunca é algo simples e tranquilo.

- A questão é: Quem vai ser o par da Mel no altar? – Micael levou um tempo pra entender. – Porque ela namora com o Douglas.

- Aff. – Uma careta se formou. – Não tinha pensado nisso ainda. Não quero esse cara no altar com a gente. O cúmulo do absurdo é ele agora ser padrinho da nossa união. – Sophia gargalhou.

- Eu sabia que você ia fazer essa cara. – Seguiu rindo. – Mas eu quis confirmar.

- Não tem cabimento uma coisa dessa.

- Para de palhaçada, vocês são super amiguinhos. – Debochou. - Acha que eu não percebo.

- Que amiguinho o quê. – A careta se intensificou. – Eu só não implico mais, já que ele parece que tá na da Mel.

- Implica sim, implicou no aeroporto. – Começou a rir de novo. – Todo mundo percebeu aquela sua alfinetada.

- Foi só pra não perder a prática. – Piscou um olho. – Mas padrinho de casamento é alguém que sempre acompanhou o casal, que apoiou, que deu conselhos. Vamos combinar que não foi o caso?

- Levando em consideração que ele não conhecia você antes...

- Não, você não está me pedindo pra convidar esse cara. – Sophia prendeu o riso. – Por favor, não me coloca nessa posição.

- Não estou pedindo nada. – Deu de ombros. – Eu estou questionando quem você vai convidar. Porque eu convidei as meninas e não tem segredo nenhum nisso. Agora, você tem que decidir.

- O Chay. – Falou com convicção. – Ele que era nosso amigo, tem que ser ele.

- Quantos meses você não fala com ele mesmo? – Foi a vez de Sophia erguer uma das sobrancelhas enquanto questionava. – Chay saiu lá do meu apartamento xingando todo mundo com a maior revolta do mundo. Colocar ele e a Mel no altar juntos, pedir a eles que dancem conosco, você não acha que vamos estar pedindo confusão no nosso casamento?

- A gente dançou no aniversário da Lua e do Arthur. – Sophia manteve o olhar debochado. – Foi super de boa.

- Pra quem? – Ele franziu a testa. – Aquela foi a pior dança da minha vida. – Arrancou risadas do noivo. - Gosto nem de lembrar.

- Para de palhaçada, nem foi tão ruim.

- Não? – Arregalou os olhos. – Aquela foi a primeira vez que você encostou em mim depois de meses. – Micael tinha um sorriso nos lábios. – Estava lá pagando de apaixonadinho por aquela recalcada. – Ela bufou. – Você colocou o braço em volta da minha cintura e eu quase desmontei. – Ergueu o braço e mostrou a Micael. – Olha aqui, estou arrepiada só de lembrar daquela pegada. – Tinha os pelos eriçados.

- Só de lembrar é? – Se aproximou da noiva. – E como foi que eu fiz mesmo? – Colou a testa na dele e logo passou um braço por sua cintura. – Foi assim? – Disse em seu ouvido, deu beijinhos no pescoço.

- Foi. – Disse por entredentes. – Deixa de ser besta.

- Eu sou besta. – Se afastou para olhá-la. – Não sabia.

- Não tem a mesma emoção, agora você é meu. – Deu uma risadinha.

- Eu sempre fui seu. – Puxou a mulher para um beijo mais profundo. 

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