Ruínas - Capítulo 57

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- Eu não vou sair até que tenhamos resolvido isso! – Ela estava bem brava. – Eu voltei com o Micael hoje, sabia? – Alfinetou Sophia, e mesmo que ela já imaginasse, aquela confirmação a matava dez vezes mais. – Nós nos entendemos e eu peço encarecidamente que se afaste.

- Tá bom e eu faço o que com o bebê? – Ergueu uma sobrancelha. – Porque ele com certeza vai vir atrás de mim pra saber do filho dele.

- Se vira, Sophia. – Gritou. – Proíbe ele de entrar, sei lá.

- Eu ainda não consegui entender porque eu faria isso. – Ela riu. – Eu não sou sua amiga, eu não te devo nada. Sai da minha casa, agora. Eu não quero ser obrigada a chamar a polícia.

- Você não faria isso! - Franziu a testa. – Eu estou pedindo por bem, garota! Você fica ai se fingindo de coitada que não pode levantar da cama, mas na verdade você está ótima né? Isso é tudo desculpa pro Micael ficar com pena e vir te ajudar.

- Então eu pedi aos médicos pra mentirem também? Se liga maluca, eu não tenho nada a ver com a sua insegurança.

- Eu não estou insegura. – Rangeu os dentes. – Eu estou te dando um aviso. Se afasta do Micael.

- Ou o quê? – Cruzou os braços. – Está com medo de outra recaída? De levar chifre de novo, é isso? – Sophia arregalou os olhos quando se chocou contra a parede. Fernanda, no auge da raiva avançou e empurrou a mulher, a encurralando. – Você ficou louca. – Sophia não conseguia reagir, lagrimas involuntárias escorreram de seu rosto ao sentir uma dor no pé da barriga. – O meu bebê. – Disse desesperada, mas a mulher não se afastou.

- Para com esse teatro, eu nem bati em você! – Não acreditou em Sophia. – E eu nem vou bater, eu não vou dar motivo a você pra dizer que fui eu que te fiz perder essa criança. – Se afastou um pouco e Sophia agachou no chão, a dor agora era insuportável.

- Liga pra uma ambulância. – Disse sem fôlego. – Pede ajuda, por favor. – Implorou. – Eu não quero perder o meu bebê. – Ela segurava a barriga como se fosse conseguir impedir a perda do bebê.

- Se vira. – Foi só o que disse ao se afastar e sair do apartamento. A loira não podia acreditar naquilo, estava perdendo seu bebê, ficou nítido quando viu o sangue escorrer e começar a formar uma pequena poça no chão. Rastejou pra perto do celular, na maior dificuldade possível e ligou para Douglas, precisava da ajuda de alguém que viesse rápido, e ele foi a primeira pessoa que pensou.

- Eu preciso de ajuda... Por favor, não deixa o meu bebê morrer... – Foi só o que disse antes de apagar. A ligação perdurou com Douglas chamando seu nome, mas a mulher não respondia. Tratou de botar uma camisa e dirigir pra casa de Sophia como um louco. Como dito antes, menos de dez minutos estava no apartamento da loira. Se assustou ao ver sangue ali no chão da sala. Pegou o telefone que estava na mão dela e colocou em seu bolso. Em seguida pegou a ex amante no colo e seguiu para o elevador, que pareceu demorar uma eternidade pra chegar.

O hospital que Sophia acompanhava a gestação não era longe, mas também não era perto. Foram necessário vinte minutos para que Douglas conseguisse chegar ao hospital com a mulher ensanguentada em seus braços. Segunda vez que dava entrada com Sophia desacordada, nunca se acostumaria com aquilo. Ficou sentado sozinho e sujo na sala de espera, tinha o telefone de Sophia nas mãos, mas não avisou ninguém, escolheu esperar ter alguma notícia, já bastava ele mesmo preocupado.

Foi ao banheiro e lavou a mão, mas a camisa não tinha jeito. Era branca, mas agora estava bem colorida de vermelho. Jogou uma água no rosto antes de voltar a recepção e preencher novamente a ficha de Sophia. Aquilo era doloroso.

Ele aguardou por mais de duas horas. Duas horas agoniantes. O médico com olhos do mar, que anteriormente tinha levado a boa notícia a Sophia, apareceu e foi até Douglas. Imediatamente o moreno ficou de pé.

- É você que acompanha a Sophia, não é mesmo? – Ele assentiu. – Ela já está fora de risco, você pode entrar no quarto se quiser. – Assentiu novamente. – No entanto, o bebê não resistiu.

- Está me dizendo que a Sophia perdeu o bebê? – Ele tinha os olhos arregalados, era de se imaginar, visto o sangue em que tinha encontrado na sala. – Ela já sabe?

- Não, está sedada por conta de como tudo ocorreu. Só deve acordar a noite ou de madrugada. Achei melhor que o pai do bebê contasse a ela a triste notícia. – Colocou uma mão no ombro de Douglas. – Sinto muito. – Só então ele percebeu que o médico achava que ele era o pai do bebê.

- Pode me levar até ela? – Foi a vez do médico assentir e nada mais foi dito. Os dois caminharam até o quanto, onde Douglas pôde ficar sozinho com a loira adormecida.

Ele não sabia o que sentir, estava triste por Sophia, sabia o quanto ela já amava o bebê, sabia o quanto esse bebê era querido. Mas também não podia deixar de pensar que era o filho de Micael, agora ele poderia dar um filho a ela, se assim ela quisesse.

Se aproximou e fez carinho em sua cabeça, com um suspiro ele pegou o telefone de Sophia e o desbloqueou. Lutando contra todos os seus impulsos, ele procurou o número de Micael na agenda e fez uma careta ao ver salvo como "vida". O número era novo, então ela o tinha salvado assim depois do término. Uma pontada de decepção o atingiu, Sophia nunca seria dele, ela amava Micael, realmente amava.

- Soph? – Ele falou com a voz preocupada. Douglas respirou fundo antes de se identificar.

- Micael, aqui é o Douglas. – Sua voz era firme, ouviu o ruído de raiva do outro lado da linha.

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