Ruínas - Capítulo 41

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- Eu nunca disse que a amava. – Balançou a cabeça e se aproximou da cama. – Você interpretou isso ontem, a culpa não é minha.

- Como você é ridículo! – Resmungou. – Me deixa em paz.

- Eu não vou te deixar em paz se você tiver carregando o meu filho, Sophia. – Se aproximou ainda mais. – Isso não vai acontecer!

- Só que se você não acredita em mim...

- Me diz como que você tem tanta certeza! – Pediu, nenhum dos dois conseguia desviar o olhar.

- Porque eu sempre me cuidei com ele. – Deu de ombros. – Diferente da gente que você sabe muito bem.

- Pelo menos se cuidou nos pulos por ai, não corri o risco de pegar uma doença por sua causa! – Ela faz uma careta, não acreditava que ele estava dizendo uma coisa daquela, estava a ponto de gritar e expulsá-lo do quarto. – Me desculpa. – Ele pediu baixo e com vergonha, surpreendendo Sophia. – Eu não queria ter dito isso.

- Mas disse. – Fechou os olhos. – Como já disse muita coisa.

- Será que você não percebe o quão é difícil pra mim? – Abriu os olhos e voltou a encará-lo. – Você era minha vida. Eu sonhei casar com você, ter filhos, construir uma família. Ai eu descubro que você sempre teve um amante. Você me destruiu, Sophia.

- Eu sei. – Não tinha mais o que dizer, ela tinha errado e sabia muito bem disso. – Eu sei de tudo o que eu fiz, sei que a culpa foi toda minha, mas eu me arrependi tanto. Eu fui atrás de você tantas vezes.

- Só que já era tarde demais. – Ele não tinha mais coragem de olhar em seus olhos. Aquela era de fato a primeira vez que conversavam sobre tudo aquilo. – Sem contar que toda vez que eu vejo você, aquele cara tá junto!

- Coincidência. – Deu de ombros, se lembrou das costelas depois. – No final das contas ele acabou virando um amigo.

- Um amigo. – Riu debochado. – Um amigo, claro.

- É, eu já não queria mais nada com ele desde antes de você descobrir tudo, Micael. – Seu olhar debochado voltou. – Eu já te falei isso.

- Só que não era pra você ter começado com nada! – Controlou seu tom de voz. – Eu fiz de tudo pra você, eu fazia tudo o que você queria.

- Menos uma coisa. – Desviou o olhos, envergonhada.

- Sophia, era só você conversar comigo! – Ele quase gritou, mas se lembrou de Lua na sala. – Era só você abrir a boca e falar!

- Eu já tinha feito isso muitas vezes e você não me escutava. – Disse ainda encarando o nada. – Eu tinha suplicado tanto a você.

- Porque eu não queria te machucar, como fiz daquela vez, era tudo por você. – Ele suspirou. – Você não tinha direito de me passar pra trás dessa forma.

- E eu já tinha dito mais de uma vez que não me importava com aquilo. Você me machucou uma vez, Micael. Anos atrás, não era justo você me punir por aquilo o resto da vida!

- Punir? – Franziu a testa. – Então fazer sexo comigo era punição? – Ele cruzou os braços. – Nossa, fica cada vez melhor.

- Não quis dizer isso e você entendeu!

- Essa conversa agora também não vai levar a lugar nenhum. – Ele deu de ombros. – Só o que importa é o bebê. Se é meu filho, você sabe que eu vou cuidar dele muito bem.

- Ele é seu filho! – Bufou. – Eu já disse mil vezes.

- Vou acreditar setenta por cento, tá legal. – Deu um sorriso de lado. – Agora deixa eu ir.

- Veio aqui pra brigar comigo e dizer que acredita em mim setenta por cento? – Sophia colocou a mão sobre a barriga. – Podia ter feito tudo isso por telefone.

- Na verdade, eu ia ir fazer a janta. – Ele ergueu a sobrancelha. – A Lua queimou tudo na hora que eu cheguei porque ficou me ameaçando com uma colher de pau. – Sophia riu, agora relaxada, não queria que ele fosse, mesmo tendo mandado ir mais cedo. – Deixa eu ir lá, acredito que você precisa comer comida saudável e não pizza e lasanha congelada, que é só o que tem nessa casa.

- Ei, não é assim.

- Sempre foi assim. – Eles riram, tinha tanto tempo que não riam juntos.

- É, você tem razão.

- Eu sei que tenho. – Piscou pra ela e saiu do quarto.

Começou a rir quando encontrou Lua e Arthur emaranhados no chão da sala, Arthur já sem camisa, Lua também, com seu sutiã a mostra. Os dois se beijavam tão concentrados que nem perceberam Micael escorado na pilastra com os braços cruzados. – Sophia! – Micael gritou. – Você não sabe o que a Lua e o Arthur estão fazendo na sua sala. – Ele caiu na gargalhada ao ver o olhar assustado dos amigos.

- Não se atreva. – Lua de sutiã ergueu um dedo. Micael saiu correndo de volta pro quarto. Lua e Arthur foram atrás. – Eu vou matar você, Micael.

- Que isso gente? – Sophia arregalou os olhos ao ver o estado de Lua e Arthur. – Eu não acredito que vocês iam transar na minha casa! – Ela disse rindo.

- Se eu não pego no flagra, com certeza iam, você não viu como estavam se embolando no chão da sala. – Micael brincou ainda rindo com Sophia dos amigos completamente sem graça.

- Também não era pra tanto. – Lua falou baixo. – Ele está exagerando.

- Ah, não estou não. – Ele não tirava o sorriso do rosto. – Você está sem blusa, Lua.

- Tem um quarto de hospedes, vocês sabiam? – Sophia debochou. – Tem porta e tudo! Só ir lá.

- Vocês dois estão muito engraçadinhos pro meu gosto. – Arthur brincou, já um pouco menos sem graça. – Eu queria ver se fosse ao contrário.

- A gente teria se trancado no banheiro, como já fizemos tantas vezes! – Micael respondeu e Sophia gargalhou. Suas costelas doeram de tanto que ria.

- Vocês o quê? – Lua disse com os olhos arregalados. – Minha casa é um lugar sagrado!

- Ih, Lua. – Sophia disse em meio a risos. – Já foi profanada há muito tempo. – Ela ergueu a mão boa e Micael completou o high five. E por alguns instantes, parecia que nada tinha acontecido entre os dois.

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