Ruínas - Capítulo 27

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- Oi, Fernanda. – Lua forçou a simpatia que sempre teve com a mulher. – Não esperava te ver novamente.

- Pois é, as coisas acontecem quando a gente nem imagina. – Sorriu olhando para Micael. – Não é, gatinho?! – Ele balançou a cabeça concordando.

- Lua, eu não estou me sentindo bem. – Sophia falou baixo escondendo o rosto entre as mãos. – Preciso ir ao banheiro.

- Vem. – Segurou no braço da amiga. – Eu ajudo você. – As duas saíram da mesa e não demorou pra Mel se levantar, pedir licença e ir atrás das duas.

- Será que ela vai ficar bem? – Perguntou a Micael, que parecia um pouco distraído.

- Vai, foi só o susto. – Arthur respondeu baixo. – Daqui a pouco elas voltam. – Micael puxou a cadeira pra namorada sentar e em seguida se sentou ao lado.

- Ela ficou muito estranha depois que me viu, isso sim. – Tinha o rosto confuso. O moreno ainda não tinha explicado pra ela toda sua confusão com Sophia. – E todos vocês ficam olhando pra minha cara de uma forma super estranha!

- Arthur! – O fotografo bateu no ombro dele. – Precisamos dos padrinhos. – Apontou pra frente da mesa bem decorada e Arthur negou com a cabeça.

- Agora não dá, vou precisar de um tempo. – Soltou um suspiro. – Siga tirando foto dos convidados, por favor, que quando elas estiverem aqui eu lhe chamo.

- E então? – Perguntou alterando olhares entre os três.

- Sophia foi minha namorada por um tempo. – Ele confessou nada feliz. – É só o que precisa saber.

- E não passou pela sua cabeça que eu precisaria saber disso antes de chegar aqui e acontecer tudo o que aconteceu? – Ergueu uma sobrancelha. – Ela vai achar que eu debochei dela.

- Ela merece que debochem dela. – Disse com um bico e Fernanda o encarou. – Nem me olha com essa cara, ela merece coisa muito pior.

- A gente conversa sobre isso em casa. – Ele assentiu e ela recostou a cabeça no ombro dele.

- Que ótimo, menos um escândalo na minha festa. – Arthur fingiu comemorar.


Dentro do banheiro, Sophia estava debruçada sobre o vaso sanitário em um dos reservados. Ela vomitava a bile do estômago, já não tinha mais nada dentro de si que pudesse ser ejetado dessa forma. Lua entregou a ela um papel quando as contrações pararam e ela limpou a boca.

- Que repulsa é essa?! – Lua perguntou apoiando a amiga a ficar de pé, assim como fez Mel do outro lado. – Eu achei que era mentira quando você disse que estava passando mal, só uma desculpa pra sair de lá.

- Eu não sei o que me aconteceu! – Ela fungou, respirou fundo algumas vezes. – Eles dois juntos. – Fez um barulho de nojo.

- Ei, se acalma. – Mel pediu. – Não pode dar um ataque no meio da festa.

- Não pode mesmo, você sabe o quanto essa festa é importante pra mim e pro Arthur, eu não quero que você e Micael estraguem nada.

- Pode deixar, eu sei me comportar em público. – Pegou outro papel e secou de leve o rosto, a maquiagem não estava tão borrada assim. Retocou o batom que tinha levado dentro da sua bolsa carteira e deu graças a Deus que seu rímel e lápis eram a prova d'agua. – Mas um dia, eu ainda vou matar o Micael por me fazer passar por tudo isso calada.

- Loira, se acalma, respira fundo. Porque você ainda vai dançar com ele hoje. – Sophia arregalou os olhos para o espelho. – Nem adianta fazer essa cara. Você vai dançar com ele e a Mel com o Chay.

- Você não quer trocar? – Sophia perguntou a Mel na cara de pau.

- Ei! – Praticamente gritou. – Não existe isso de trocar. A roupa de vocês está combinando!

- Lua, você tem noção do quão difícil vai ser dançar com esse homem? – Agora não chorava mais. – Ainda mais com a Fernanda ali o tempo todo?

- Primeiro que a Fê não tem culpa de nada. – Lua defendeu. – Nós a conhecemos antes, você sabe muito bem que ela é gente boa.

- De onde vocês a conhecem mesmo? – Mel perguntou curiosa.

- Da agência, nós a selecionamos para uma campanha há algum tempo atrás. – Sophia respondeu. – Chegamos a almoçar juntas algumas vezes, mas é muito difícil tratar ela bem depois de saber que ela é namorada do Micael.

- Mas você acabou de dizer que sabe se comportar em público. Vai até lá e vai fingir que está tudo ótimo. Chame o Douglas, se quiser, mas se comporte.

- O Douglas? – Mel protestou. – Pensei que você não quisesse confusão na sua festa.

- Micael vai infartar, você sabe muito bem que ela e Douglas são amigos. – Sophia soltou um riso.

- Minha festa vai virar um barraco só, melhor não. – Soltou um sorrisinho. – Quem sabe no final da noite. Podemos voltar pro salão?

- Sim, podemos voltar pro salão. – Sophia repetiu debochando. – Seja o que Deus quiser.


De volta ao grande salão, Arthur ficou de pé quando viu as três voltando. Analisou Sophia com o olhar e ela com certeza estava muito melhor do que antes. Talvez a conversa que tiveram tinha adiantado alguma coisa.

- Finalmente. – Ele exclamou. – O Marcelo tá chamando a gente há um tempão para as fotos com os padrinhos. – Encarou os amigos. – Levantem dai.

- Tudo bem, pai. – Chay debochou.

- Já volto, amor. – A palavra atingiu em cheio a barriga de Sophia que sentiu o gosto da bile de volta em sua boca. Virou o rosto para não ver aquela beijo terno que Micael depositou na testa da mulher.

Os seis posaram pra inúmeras fotos e em vários locais da festa. As mãos de minha na cintura da Sophia para algumas fotos a deixou desconcentrada. Ele por sua vez, estava bem tranquilo ao fazer aquilo, tinha se encontrado com Fernanda, não ligava mais pra ela. Ou pelo menos ele achava isso.

- Será que podemos sentar? – Chay perguntou abraçado a Mel. – Estamos há muito tempo tirando fotos, né possível que você goste tanto assim da nossa cara.

- Ninguém mandou ser meu padrinho. – Lua mandou língua. – E sim, podem sentar por enquanto, já já eu chamo vocês pra dança.

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