Ruínas - Capítulo 121

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- Pensei que ia ficar lá. – Branca falou ao ver a filha. – Já está quase na hora da janta.

- Tá vendo isso, Jorge? – Balançou a cabeça pro sogro. – Eu sou vigiada no Rio, sou vigiada aqui em Sampa. Difícil a vida. – Se aproximou e sentou ao lado de Jorge.

- Mas a Sophia anda dramaticaaaaa! – Branca perguntou e ficou de pé. – Vou ver a panela gente, dá licença. – Saiu apressada.

- Como está o restaurante? – Perguntou ao sogro numa tentativa de puxar assunto.

- Um pouco melhor do que eu imaginava. – Balançou a cabeça. – Já chamei uns profissionais e logo, logo tudo vai estar funcionando perfeitamente. Acho inclusive que vou embora amanhã.

- Mas já? – Sophia franziu a testa. – Que rápido.

- Era uma viagem rápida, um ou dois dias, no máximo! – Ergueu as mãos. – Não quero deixar Antônia sozinha e muito menos o Micael sozinho com o restaurante.

- Coitado. – Soltou uma risadinha. – Você falou com ele hoje?

- Liguei pra ele hoje mais cedo algumas vezes pra saber como estava o restaurante. Mas também não foi nada demais. – Deu de ombros. – Ele não te ligou?

- Não. – Suspirou. – Eu também não liguei.

- E por que não liga? – Perguntou curioso. – Tá na cara que quer falar com ele.

- Eu vim pra cá pra dar um tempo, é bom sentir saudades.

- Vocês são adultos e vacinados, então podem se entender sozinhos. – Ficou de pé. – Será que você me leva para o quarto? Preciso ajeitar minhas coisas e depois tomar um banho.

- É claro que sim. – Sophia acompanhou o sogro até o quarto e apontou para o banheiro, logo depois o deixou sozinho.

Mais tarde, Renato chegou e todos jantaram juntos num clima agradável. No dia seguinte tudo foi bem parecido, Sophia ficou com a mãe de manhã e à tarde com Liz, parecia que nunca ia acabar o assunto entre aquelas duas.

Jorge foi embora a noite, mas Sophia resolveu ficar. Ainda não estava preparada pra voltar, pretendia ficar pelo menos duas semanas na casa da mãe. Era o que precisava.

Os dias passaram voando, ela estava bem melhor longe de toda confusão do Rio, mas sentia uma falta terrível de seu namorado, mas não cedeu e ligou. Mexeu na gaveta de seu criado mudo e sorriu ao encontrar o cartão dele, mais uma vez se lembrou do primeiro dia e do primeiro encontro. Dormiu segurando aquele pequeno cartão.

Na segunda feira de manhã acordou com seu telefone tocando como um louco. Piscou algumas vezes antes de pegar o aparelho e atender sem ler o nome de quem ligava.

- Alô! – Tinha a voz rouca.

- Sophiaaaaa! – Ela estava muito empolgada. – Você não tem noção da novidade incrível que eu tenho.

- Calma, Mel. – Se sentou na cama. – Fale devagar.

- A gente foi chamada pra um teste! – Dava pulinhos pela casa. – É hoje, ás duas.

- Hoje? – Arregalou os olhos. – Eu estou em São Paulo!

- Caralho, Sophia. – Seu tom mudou pra preocupação. – Eu acho muito bom você conseguir uma passagem de volta agora!

- Eu vou procurar aqui na internet, fala comigo pelo whatsapp. – Desligou o telefone e correu para o computador. – Encontrou passagem pra um voo que saia meio dia, só por um milagre chegaria no horário, rezaria pra que não atrasasse.

Desceu pra tomar café com os pais e aproveitou pra se despedir. Correu até a casa de Liz pra falar com ela antes de partir. E agora Sophia se via desembarcando no aeroporto do Rio, felizmente dentro do horário. Mel a esperava com uma cara não muito empolgada.

- Vontade de te bater, como que você vai para outro estado sabendo que estávamos esperando testes? – Falou depois que a largou. – Queria ver se não tivesse dado tempo!

- Eu precisava pensar na vida, precisava de um tempo. – As duas caminhavam para saída do local, precisavam de um taxi.

- Custava avisar? – A olhou feio.

- Eu achei que o Micael tivesse contado. – Deu de ombros. – Eu dei uma desligada do whatsapp e tals, Lua deve estar revoltada comigo.

- Está. – Confirmou. – Eu mandei mensagem reclamando que não tinha me contado que você tinha viajado e ela disse que você também não avisou a ela.

- Engraçado que eu viajei tem uma semana e sumi, mas nenhuma das bonitas pensou em ir lá em casa ver o que estava acontecendo? – Cruzou os braços indignada, agora já dentro do taxi. – Se eu tivesse morta já ia estar fedendo e ninguém teria me encontrado.

- Eu não sou sua babá e a Lua fica mais preguiçosa a cada centímetro que a barriga cresce. – Deu de ombros.

- Vamos deixar isso pra lá, eu quero saber detalhes dessa campanha.

- Ah, é do dia dos namorados, campanha de marca de cosméticos, vai ser com batom. – Começou a contar empolgada. – Você tem que se preparar, porque é em vídeo também, além das fotos do outdoor.

- E nós estamos no mesmo teste? – Não estava nem um pouco empolgada. – Como que eu vou competir com você?

- Para de bobeira. – A morena riu. – Vão selecionar dois casais pra campanha. Tem chance pra nós duas.

- Aham, deve bem ser. – Cruzou os braços com um bico.

- Não é pra desanimar antes de fazer o teste não, criatura. – Chacoalhou a amiga. – É só o seu primeiro, depois ainda vão ter muitos.

Mel foi explicando a amiga tudo sobre os testes e o que podia fazer para que aquilo desse certo. As mãos de Sophia suavam frio a medida que se aproximavam do local do teste.

Desceram na frente da agência e Sophia ainda carregava a mala consigo. Suspirou e segurou a mão de Mel antes de entrar e dar seu nome na recepção. Foram encaminhadas a uma sala e já tinham alguns presentes. As duas se sentaram um pouco longe dos demais.

- Respira fundo, Sophia. – Mel orientou. – Não é como se nunca tivesse beijado alguém na vida.

- Mas e o Micael? O que ele vai pensar? – Suspirou. – Eu queria ter conversado com ele antes de ter que beijar outra pessoa assim.

- É trabalho, Sophia. – Rolou os olhos. – Ele perdoou quando foi de verdade, imagina agora que é trabalho.

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