- Como assim? – Largou o garfo no prato e se concentrou no namorado. – Sobre sua mãe?
- Pois é. – Suspirou. – Aparentemente a minha mãe sempre se comunicou com ele sobre mim. Sempre ligou pra saber como eu estava, esses anos todos. – Sophia manteve a boca aberta. – Ele decidiu que seria melhor pra mim esconder isso.
- Puta merda!! – Não desfez a expressão de surpresa. – Isso quer dizer que a sua mãe não te abandonou? Quer dizer, ela foi embora, mas ela não sumiu realmente...
- Os dois decidiram não me contar, Sophia. – Bebeu um pouco do suco. – Eu tinha dez anos e sofria porque minha mãe foi embora e nenhum dos dois pensou que uma ligação ia me ajudar, na verdade eles pensaram o contrário, que falar com ela só ia tornar mais difícil a adaptação.
- Agora vai ficar difícil defender seu pai... – Ela estendeu a mão e a colocou sobre a de Micael. – Como você está se sentindo depois de tudo isso?
- Com raiva não só da minha mãe, mas como do meu pai também. – Bufou. – Eles não tinham esse direito, Sophia. Não podiam ter decidido por mim que era melhor eu achar que fui abandonado.
- Você era uma criança, na verdade era dever deles decidir por você.
- E quando eu cresci? – Ergueu uma sobrancelha. – Você não acha que ele podia ter conversado comigo? Ele disse que passou informações sobre a minha vida até eu ir pra França. Ele podia muito bem ter sentado e falado tudo.
- Podia, ele teve muitas oportunidades disso, mas você é bem estressadinho, não o culpo por ter evitado mais brigas com você.
- Claro, e você como sempre está do lado do meu pai. – Se levantou da mesa sem terminar de comer. – Não sei porque me surpreendo.
- Ei, eu estou do seu lado! – Se levantou e parou bem perto dele. – Eu disse que o entendo e não que concordo. E você pretende fazer o quê?
- Viver como se não soubesse dessa informação. – Deu de ombros e voltou a se sentar. – Eu não quero aproximação com essa mulher e agora quero menos possível com meu pai.
- Amor, você acha que é certo? Acho que você devia dar a eles uma chance. – Ele fez uma careta. – E se a sua mãe for legal?
- Ela merece mesmo uma chance depois de quinze anos? – Sophia também voltou a se sentar. – Eu não acho que mereça nada de mim.
- Ela disse que vem aqui. – A careta de Micael foi instantânea ao lembrar. – Vai fazer o que quando ela bater ai na porta?
- Vou bater a porta na cara dela pra largar de ser entrona, eu não a convidei, ela não tem que vir aqui. – Rangeu os dentes.
- Ok, amor. – Voltou pra mesa e pegou o garfo novamente. – Vou deixar esse assunto pra você, prometo não me envolver muito. A não ser que você esteja exagerando.
- Eu não exagero. – Bufou e arrancou um sorrisinho de Sophia.
- Claro que não, meu amor. – Piscou um olho pra ele e os dois voltaram a comer.
- Amor, temos que conversar sobre algumas coisas. – Mel avisou a Chay depois que ele chegou do trabalho e tomou banho. – Coisas sérias.
- Cruzes, Mel. – Franziu a testa. – O que foi que aconteceu?
- A Sophia me procurou hoje pra me pedir ajuda com um trabalho e eu vou ajudar. – Ele cruzou os braços, tinha o olhar sério, sabia que não gostaria nada daquela história.
- Que trabalho? Desde quando você ajuda alguém com trabalho?
- Lua deu a ela ideia de virar modelo e ela veio me procurar pra ajudar. – Mel tinha a voz baixa e calma.
- Sem chance! – Ele praticamente gritou. – Eu não quero!
- Não é você que vai ajudar, sou eu. – Ela ficou de pé e fez uma careta. – E eu não vou tirar fotos nem fazer campanha, só vou dar dicas.
- Mel eu não quero você de novo nesse meio.
- Chay, eu não estou pedindo permissão, eu estou dizendo que eu vou ajudar. – Falou alto. – Chega disso, eu não gosto de viver nessa casa o dia todo esperando você chegar do trabalho pra te dar janta, a gente transar e dormir. Eu não suporto mais ficar fazendo faxina o dia todo. Eu estou cansada, muito cansada.
- Engraçado que até a Sophia aparecer aqui hoje você não estava cansada de nada, estava tudo ótimo. – Gritou, estava realmente com raiva. – Ai magicamente você não suporta mais a vida de dona de casa.
- Eu nunca gostei, eu nunca quis isso pra mim! – Os dois tinham o mesmo tom de voz. – Eu sempre amei trabalhar, sempre amei o meu trabalho.
- Mas nós combinamos que você ia parar de trabalhar.
- Nós combinamos não, você decidiu isso por mim e eu por te amar muito topei, mas eu nunca quis, eu lutei muito pela minha carreira, pra ser reconhecida, largar tudo isso de uma hora pra outra não foi fácil!
- Mel, você já largou isso tem mais de dois anos, nós moramos juntos, a nossa vida agora é outra! – Se aproximou da mulher e colocou a mão em seus ombros. – Deixa isso pra lá e vamos ser felizes.
- Não, Chay. – Se afastou um pouco. – Eu só vou ser completamente feliz quando você parar de agir como se fosse meu dono. Eu quero a minha vida de volta e você precisa aceitar isso.
- Aceitar você tirando foto sem roupa pra todo mundo ver? – Mel fez uma careta. – Ver você beijando outras pessoas em campanha de sei lá o quê? É isso que você quer que eu aceite?
- É trabalho! – Gritou e jogou os braços em revolta. – E quase não tem comercial com beijo, você está exagerando demais.
- Quase não tem, mas tem. – Bufou. – Eu não quero a minha mulher beijando outros caras por ai.
- Só que eu não sou sua mulher porque nem casar comigo você casou, então faz favor de parar com o drama. – Se irritou de vez. – Eu só estava planejando ajudar a Sophia com fotos, mas agora Chay, com toda certeza eu vou aproveitar e fazer um novo book.
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Ruínas
RomanceE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...