Ruínas - Capítulo 110

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Micael saiu do escritório sem nem sequer dar chance pra sua mãe falar. Sophia suspirou olhando os dois, sentiu pena de Antônia quando olhou em seus olhos.

- Ele tem uma personalidade difícil mesmo. – Jorge se aproximou e abraçou Antônia carinhosamente. – Mas vai ceder.

- Ele não vai ceder, ele não deu um sorriso desde que me viu. – Ela tinha lágrimas nos olhos. – Ele nunca vai me perdoar.

- Ele é muito orgulhoso, é difícil fazer ele admitir algo e perdoar. Experiência própria. – Sophia bufou. – Mas eu vou tentar conversar com ele. – Antônia assentiu. – Passem bem. – Saiu do escritório e encontrou com Micael no estacionamento, ele andava de um lado para o outro, estava bem nervoso. – Amor, se acalma.

- Eu não quero me acalmar, eu estou com raiva daqueles dois. – Rangeu os dentes e não encarou a namorada.

- Amor. – Parou de frente a ele, o forçando a encará-la. – Se você não se acalmar pra dirigir, eu vou ter que dirigir.

- Você não tem carteira. – Ele sorriu. – E toda vez que tentou aprender, bateu o carro em algum lugar, não quero que bata meu Audi.

- Eu ter batido no seu antigo Audi foi o destino que quis. – Conseguiu fazer seu sorriso se abrir mais. – Eu precisava chamar a sua atenção de alguma forma.

- Você nem sabia que eu existia.

- Você já era meu, a gente só não tinha essa informação ainda. – Ela gargalhou. – E eu não bateria o seu carro, pelo menos não de propósito.

- De proposito nunca é. – Ele abraçou a namorada. – Obrigado!

- Pelo quê? – Ela franziu a testa sem sair do abraço.

- Obrigado por me acalmar. – Deu um beijo na cabeça dela. – Você consegue fazer isso muito bem!

- Que ótimo, agora você pode dirigir e me levar pra casa. – Se afastou e piscou o olhos. – Era tudo estratégia pra ganhar carona.

- Cara de pau. – Deu um selinho na mulher e logo destravou o alarme e entrou no carro. Sophia olhou o telefone e viu mensagem de Mel avisando que iria embora. Ela foi conversando e contando de seu dia para Micael, conseguiu distrai-lo de tudo.

Ele tomou um banhou e relaxou completamente depois de todo aquele estresse que tivera tido mais cedo. Sophia estava na cozinha passando geleia no pão, já que tinha saído do restaurante sem comer nada.

- Por favor, me diz que esse ai não é o seu almoço?! – Ela ergueu uma sobrancelha.

- Claro que não. – Ele pareceu aliviado, pelo menos até a próxima frase dela. – Meu almoço foi uma coxinha. – Gargalhou com a careta de Micael.

- Sophia! – A repreendeu. – Sabe que eu não gosto que você não coma direito.

- O dia estava corrido, só tivemos tempo pra um lanche. – Deu outra mordida no sanduíche. – Não precisa fazer drama, eu não vou morrer porque deixei de almoçar um dia.

- Sei. – Bufou. – E você não vai poder comer essas coisas mais não hein, não vai poder engordar nenhuma grama.

- Eu sei, vou até me matricular na academia. – Micael riu. – Ih, o que foi?

- Você sempre teve preguiça de malhar, já te chamei pra me acompanhar muitas vezes.

- Agora a Mel está me obrigando. – Fez uma careta. – Diz ela que é importante, mas eu continuo tendo muita preguiça de malhar.

- Puta merda, você vai ficar ainda mais gostosa do que já é. – Ele pareceu pensar um pouco. – Será possível?

- Você é muito bobo quando quer. – Deu uma risadinha e voltou a se concentrar no sanduíche. – E olha, não pode brigar comigo por conta de não ter almoçado, eu fui até o restaurante pra isso.

- Ou seja, com preguiça de ajeitar comida em casa, foi comer de graça. – Ele olhou a geleia e decidiu fazer um sanduíche pra si. – Errada não está, eu faria exatamente a mesma coisa.

- Você não imagina o susto que eu levei quando falei com o Rael. – Micael sorriu de lado, olhava interessado a namorada falar. – Sai puxando a Mel pelo restaurante.

- A Mel estava lá? – Franziu a testa. – E nós a deixamos lá?

- Que nada, ela mandou mensagem dizendo que ia embora. – Balançou a cabeça. – Disse que era um assunto de família.

- Hum, entendi. – Mordeu seu sanduíche, bebeu um pouco do suco que tinha no copo de Sophia.

- Tem mais na geladeira, sabia? – Ele ergueu uma sobrancelha e recebeu um olhar debochado da namorada.

- Está me negando um golinho de suco? – Fingiu indignação. – Egoísta.

- Só comuniquei que na geladeira tem. – Piscou um olho e foi até a geladeira pegar a jarra do suco. – Como eu sou a melhor namorada do mundo, eu vou até servir você.

- Você está muito engraçadinha. – Pegou o copo com suco da mão de Sophia. – Palhaça.

- Que você ama. – Lambeu os dedos sujos de geleia ao chegar no final do sanduíche. – Amor, que horas nós vamos realmente conversar sobre o que aconteceu?

- Você sabe que eu não quero falar sobre nada, não é?! – Desviou o olhar e largou o sanduíche na bancada, aquele assunto embrulhava seu estômago. – Eu estou muito bem pra voltar a me estressar com aqueles dois.

- Micael, você é um adulto, precisa encarar as coisas. – Ela cruzou os braços. – Fugir não é uma opção.

- Eu não estou fugindo de nada. – Bebeu um pouco do suco. – Só não quero conversar sobre isso.

- Isso não é fugir? – Bufou. – Encara isso, encara sua mãe, seus traumas de infância. – Deixou o copo na bancada junto com o sanduíche e saiu da cozinha. – Eu vou confessar que até fiquei com pena dela depois que você saiu, só faltou ela chorar.

- E você sabe quantas noites eu fui dormir chorando por conta que ela não estava aqui? – Era difícil pra Sophia argumentar. – Ela não teve pena de mim ao ir embora e escolher não falar comigo.

- Você acha que foi fácil pra ela não falar com você? – Por incrível que pareça, dessa vez Micael se mantinha calmo. – Se afastar de um filho assim de uma hora pra outra e não ter mais contato?

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