Ruínas - Capítulo 37

199 17 2
                                    


- Eu sei, mas é que eu não posso mais me estressar e uma outra discussão com o Micael a essa altura não seria muito bom. – Rangeu os dentes.

- E quem você vai chamar pra ficar na sua casa com você? – Ela tinha as mãos na cintura. – Não me diga que vai ser o Douglas, eu não tenho mais nada contra ele, mas se o bebê é do Micael...

- Vou ver se falo com a minha mãe. – Os três fizeram uma careta. – A gente não se fala muito, mas é a minha única opção. Eu vou deixar pra vocês a missão de contar ao Micael. – Arthur assentiu. – Mas não deixa ele vir atrás de mim pra brigar, por favor.

- Eu falo com ele, pode ficar tranquila. – Arthur falou com um sorriso.

- Ótimo, agora que já está tudo resolvido. – Lua tinha mudado a expressão pra brava. – Que ideia foi essa de se matar? – Seu tom era agressivo. – Você tem noção do que eu passei? Eu estou grávida também e você me fez passar um nervoso desesperador. Você não pensa em mim? Amiga desnaturada, isso não foi nem um pouco justo!

- Desculpa, Lua. – Abaixou o olhar. – Eu não estava pensando muito bem.

- Ah, você estava sim! – Continuou brigando. – Você disse diversas vezes que se ele aparecesse namorando você ia se matar, eu devia ter levado você a força pra tratar essa cabeça com um profissional. – Sophia ainda não tinha coragem de encarar a amiga. – Você tem noção de como eu fiquei?

- Calma, Lua. – Ela pediu. – Eu estou bem, não é o que importa? – Forçou um sorriso.

- Não, sua maluca! – Quase gritou, Arthur colocou as mãos no ombro dela, a lembrando de que estávamos no hospital e ela respirou fundo antes de continuar a falar. – Não era pra você ter feito uma coisa dessa, homem nenhum vale a sua vida! Seja o Micael ou quem for. Você errou, você já se arrependeu, você não pode se matar porque ele não quer saber de você.

- Vai rolar sermão mesmo? – Dessa vez encarou Lua. – Eu já entendi que não era pra ter feito isso, olha como eu estou.

- Eu quero fazer você ter um pouco de amor próprio. – Se aproximou da cama e segurou a mão boa da amiga. – Eu quero que você se ame, acima de qualquer coisa. Chega dessa situação, chega dessa depressão. – Pousou a mão na barriga de Sophia. – Você agora vai ser mãe, tem uma vidinha aqui dentro. E é ao redor dele que a sua vida tem que girar, é pra ele que você tem que dar a sua vida, entendeu? – Lá estava presente a Sophia chorona de novo.

- Eu já sabia disso. – Fungou. – Se eu tivesse descoberto antes... Ai, Lua. – Ignorou um pouco a dor nas costelas e se lançou pra frente pra abraçar a melhor amiga. – Obrigada por me aturar.

- Eu sempre vou te aturar, você é minha melhor amiga, mesmo não me ouvindo quando eu falo, eu amo você! – Deu um beijo na cabeça enfaixada da mulher.

- Eu também amo você. – Lua respondeu ainda sem sair daquele abraço.

- E o papai e o titio aqui ama as duas também. – Arthur se aproximou e deu um beijo na cabeça de cada uma, fazendo com que elas sorrissem.

- Ai gente, obrigada por tudo! – Agradeceu de novo, não se cansava de agradecer. Mesmo que no começo Arthur tivesse sido um pouco duro com ela, dava pra ver que já tinha passado a mágoa.

Douglas entrou no quarto e encarou os três bem perto e as meninas chorando. Ele foi até o sofá e se sentou, sem falar nada. Lua o olhou prendendo um sorriso. – Ei! – Falou com o rapaz, os dias trabalhando juntos realmente fizeram com que eles se dessem bem. – Fica com essa cara ai não.

- Não tem outra pra ficar! – Arthur deu de ombros, falava com Douglas, mas não era amigo dele.

- Eu sei que você está magoado, mas também não é pra tanto. – Sophia rolou os olhos. – Digo, um bebê é motivo de alegria.

- Estou chateado é com a certeza da Sophia. – Encarou a mulher. – Isso é tudo porque acha que ele vai voltar com você se tiver um bebê, mas ele não vai Sophia. Me dispensar não vai mudar nada!

- Douglas, pelo amor de Deus! – Sophia resmungou. – Não é bem isso, eu só estou sendo honesta. Você pode até esperar o bebê nascer e fazer o teste, mas vai ser perda de tempo, esse bebê não é seu.

- Tudo bem. – Se deu por vencido e ficou de pé. – Vocês vão ficar ai? Preciso ir pra casa.

- Você vai sair de perto dela? – Lua debochou. – Logo você que não fez isso um só momento desde ontem.

- Depois eu volto. – Suspirou. – Eu acho. – Saiu do quarto e dessa vez por definitivo.

- Uau, ele está realmente chateado. – Lua olhou Sophia revirar os olhos. – Não pensei que fosse possível.

- Eu não posso fazer nada, não ia mentir dizendo que o bebê é dele, quando na verdade não é e eu sei que não é. – Ela deu de ombros por uns instante se esquecendo da dor, mas logo em seguida se lembrou. – O problema dele foi misturar tudo, Lua. A gente tinha a porra de um acordo.

- Como assim um acordo? – Arthur perguntou encarando Sophia.

- Era sexo, só sexo e duraria enquanto fosse bom pra nós dois. – Arthur fez uma careta. – Mas ele misturou tudo com essa história de me amar, não era pra acontecer. Me ligando toda hora, querendo me ver o tempo todo.

- Eu lembro disso. – Lua falou pensativa. – Ele deu uma surtada legal né. – Sophia assentiu. – Até no dia que o Micael descobriu ele tinha te agarrado né?!

- Sim! – Ela se lembrou. – Ele me agarrou naquela sala idiota dele, antes ele tinha me obrigado a sair de dentro do carro dele na frente do Micael. – Balançou a cabeça. – Estava fazendo de tudo pro Micael descobrir a verdade e no final ele conseguiu.

RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora