Ruínas

Ruínas - Capítulo 144

Quase dois meses se passaram desde aquele dia. E pra Sophia o tempo passou voando, sua vida andava tão movimentada que não tinha tempo pra pensar em muita coisa. A visibilidade de sua primeira campanha tivera sido surreal.

Da noite pro dia sua vida tinha dado uma virada tão grande que se não tivesse vivendo, não acreditaria. Tinha feito algumas campanhas importantíssimas naquele mês, e estava cada vez mais em ascensão.

Dessa vez ela e Micael tinham se afastado, desde a última briga não tinham se visto, mas tinham trocado algumas mensagens. Nos últimos dias ninguém deu o primeiro "oi" e seguiam assim. Porém nenhum dos dois tinha desistido.

Para Micael ele só estava dando o tempo e o espaço que a loira queria. Sabia que as coisas ficariam bem novamente. Seguia acompanhando o sucesso de Sophia e comemorava por ela toda vez que via algo novo sobre a mulher.

- Rick! – Elizabeth sorriu, simpática ao ver o amigo entrar em sua sala. – A que devo a hora?

- Poderia dizer que vim aqui só pra te cumprimentar, mas você sabe que não foi. – Os dois riram. – Eu vim aqui ver se você pode me ajudar com a capa da Moda e Mulher do próximo mês. – Beth sorriu, Rick era o editor chefe da redação da revista. Vez ou outra buscava novos rostos.

- Claro que sim, nós temos rostos belíssimos pra te apresentar. – Se empolgou e desbloqueou a tela do computador, se preparando pra mostrar algumas fotos.

- Dessa vez eu já vim com algo em mente. – O homem que já tinha seus cinquenta anos sacou o celular e procurou por um instante. – Eu quero ela. – Virou o celular pra Beth que quase teve um treco ao ver a foto de Sophia ali.

- Por que ela? – Seguia surpresa. – Ela não trabalha pra mim.

- Mas você pode conseguir pra mim, não pode?

- Não posso. – Deu de ombros. – Eu tive um problema com ela.

- Olha, eu quero ela na minha capa. – Guardou o celular no bolso. – Ela deve ter uma história fantástica, essa menina estourou no mercado tão rápido. Se você não consegue ela pra mim, vou procurar uma outra agência que consiga. Obrigado, Beth.

- Não, eu vou tentar conseguir essa menina. – Suspirou. – Me dá o dia de hoje pra falar com ela.

- Tudo bem. – Sorriu. – Amanhã eu ligo pra saber sua resposta. – Ela ficou de pé e levou ele até a porta da agência. Na volta parou na mesa de Lua.

- Preciso que chame a Sophia aqui. – Disse nada contente e Lua encarou a chefe surpresa. Estava chegando aos nove meses, mas seguia trabalhando. – Urgente.

- Sophia? – Franziu a testa. – Abrahão?

- É Lua. – Não estava nada contente. – Eu preciso falar com ela. Liga e vê se ela topa vir.

- Tudo bem. – Beth saiu de perto batendo o pé. Lua pegou o telefone e discou o número da amiga com um sorriso no rosto.

- Alô? – Sophia atendeu ao número desconhecido. Tinha o coque habitual que usa pra fazer faxina preso no topo da cabeça.

- Soph! – Lua disse empolgada.

- Lua? Você está me ligando da agência? – Tirou o celular do ouvido pra verificar o número novamente. – O que te deu?

- Eu estou chocada aqui menina, Elizabeth mandou eu te ligar. – Sophia riu. – Eu acho que é por causa de algum trabalho.

- Impossível, ela jamais me ofereceria um trabalho. – E foi a vez de Lua rir.

- Ela com certeza não está fazendo isso por vontade própria, você tinha que ver a cara dela ao me mandar te chamar. – As duas se divertiam. – Vem logo, porque eu estou morta de curiosidade.

- Tá, eu já estou indo. – Desligou o telefone e saiu correndo pra tomar um banho. Saiu de casa uns quarenta minutos depois e logo estava na agência. Sorriu aos funcionários que falaram com ela. Logo chegou a mesa de Lua. – Meu Deus, você devia entrar de licença maternidade de uma vez, vai acabar parindo o bebê aqui.

- Para de graça. – Ficou de pé pra abraçar Sophia. – Semana que vem eu já entro, graças a Deus. Você está linda.

- Meu amor, se eu vou voltar para o lugar de onde fui escorraçada, eu vou voltar diva. – Deu um beijinho no ombro.

- Vai logo lá, porque eu quero saber da fofoca. – Sophia sorriu e olhou pra sua mesa, ainda vazia. – Ela não contratou ninguém?

- Eu é que não quero ninguém do meu lado. – Foi a vez de Lua dar um beijinho no ombro.

- Hum, difícil, dificílima. – Brincou, logo depois piscou um olho e caminhou até a porta da sala de Beth. Bateu na porta duas vezes e ouviu a voz da antiga chefe dizer "entra", bem baixinho. – Soube que mandou me chamar. – Ela tinha um sorriso debochado na voz. – Por quê?

- Você não quer se sentar? – Apontou para as cadeiras vazias na frente da mesa. Sophia entrou e fechou a porta atrás de si.

- Seja breve, nós duas sabemos que não sou bem vinda aqui. – Cruzou os braços. Não facilitaria nada pra ela.

- Eu pedi pra te chamarem porque surgiu um trabalho. – Elizabeth estava muito sem graça, devido à como tratou Sophia das últimas vezes.

- E desde quando você quer me oferecer um trabalho? – Caminhou um pouco. – Você me expulsou daqui, se lembra.

- Você causou a maior confusão aqui e me fez ter prejuízo financeiro duas vezes. – Ficou de pé. – Não te demiti atoa.

- Eu trabalhei aqui por anos e você não quis nem ouvir o meu lado. – O olhar de Sophia era de deboche. – Quer saber, eu vou embora. Eu não preciso do seu trabalho, pode convidar outra pessoa.

- Ok, talvez eu devesse ter ouvido você, mas você deveria concordar que não devia ter avançado em ninguém dentro do seu local de trabalho.

- Isso tudo foi porque eu avancei e acabei com a cara da sua modelo favorita. – Sophia riu. – Só por isso, mas adivinha só, eu não me arrependo nem um pouco, aquela maluca matou o meu bebê.

- E por que ela teria feito uma coisa dessas? – Manteve o olhar desconfiado.

- Eu não tenho que te explicar os meus motivos, Elizabeth. – Encarou a mulher. – Eu não devo mais satisfação a você, talvez naquela época eu até me daria ao trabalho de explicar, mas hoje em dia...