Ruínas

Ruínas - Capítulo 153

- Eu sei que você quer conversar, mas eu realmente não tenho tempo pra essa conversa que você quer ter. A equipe não está completa ainda, eu não posso me ausentar por muito tempo. Que tal conversarmos depois do expediente?

- Tudo bem, eu fico sentada te esperando. – Ele sorriu e logo em seguida balançou a cabeça negativamente. – Você não vai fugir dessa conversa.

- Sophia, você acabou de chegar, está com duas malas no meio da cozinha. Vai descansar.

- Na realidade, eu nem reservei um quarto de hotel pra mim. – Deu de ombros e Micael a olhou incrédulo.

- Você está me dizendo que viajou pra outro estado sem nem fazer reserva de um lugar pra dormir? Você ficou doida? – Sophia riu.

- Não, a única coisa que eu comprei foi a passagem de vinda. – Micael balançou a cabeça. – Eu estava com um pouco de pressa.

- Eu não vou brigar com você agora por causa disso, vou deixar pra conversa da noite também. -Segurou a mão da mulher e a puxou em direção ao banheiro/vestiário. Abriu um dos armários que tinha na parede e tirou uma chave de dentro de uma mochila. – Vai pra minha casa.

- E onde que fica a sua casa? – Ergueu uma sobrancelha. – Não deve ser algo simples de localizar.

- Claro que é, dá pra ir andando. – Deu de ombros. – Eu não tenho carro aqui, aluguei um apartamento bem perto.

- Pensei que era uma casa. – Debochou.

- Você entendeu. – Rolou os olhos. – Vai pra lá, toma um banho, faz um chocolate quente, se cobre com os dois edredons, vê um filminho na tv e se prepara porque a noite aqui é braba. – Brincou. – Mais tarde eu vou pra casa.

- Tem hora?

- Ah, eu só saio daqui quando fecha. – Deu de ombros. – Se não quiser me esperar acordada, a gente conversa amanhã de manhã.

- Vou ver o que faço. – Ele passou o endereço pra loira que antes de sair, roubou um selinho dele. Micael ficou observando Sophia ir embora com as malas, aquela mulher era mesmo louca.

Sophia conseguiu encontrar o apartamento de Micael sem muita dificuldade, andava arrastando as duas malas pelas ruas. Chegou e as largou na sala, estava preocupada com Micael, ele não tinha tido uma reação tão boa quanto ela queria.

Abriu a mala menor e tirou de lá um pijama de flanela. Foi tomar banho e seguir o conselho de Micael, sobre deitar debaixo dos dois edredons. Fez um lanche rápido antes de deitar, estava morrendo de fome.

- Ei, Lua. – Sophia disse por debaixo do edredom. – Cheguei aqui. – Lua tinha atendido quase no último toque.

- Demorou a ligar. – Reclamou.

- Só tive tempo agora. – Suspirou.

- Você não me parece muito animada. – Lua sussurrava ao telefone. – O que aconteceu? Onde você está agora?

- Eu fui direto ao restaurante, mas Micael não me pareceu muito empolgado. Ele pediu pra eu vir pra casa esperar ele chegar, porque não tinha tempo pra conversar.

- Ué, mas se ele está trabalhando, é melhor esperar mesmo. Você pegou o cara de surpresa. Está na casa dele?

- Uhum. - Destampou a cabeça. – Até que é bem bonitinho, menor do que a casa dele ai, até porque é um apartamento. Como vocês estão?

- Eu estou um lixo. – Suspirou. – Matheus dormiu agora há pouco, por isso estou falando tão baixo. Vou tomar um banho.

- Vai sim, amiga. Depois eu te conto o que rolar com o Micael. Amo você. – Lua se despediu também e logo a ligação foi desligada. Sophia novamente sozinha naquela casa, resolveu cochilar.

Micael chegou em casa pouco mais de meia noite e pensou que ia encontrar Sophia dormindo. Entrou na ponta do pé, mas tomou um susto ao ver a mulher sentada no sofá, enrolada num edredom e com um copo de café nas mãos. Riu da touca com pompons que Sophia usava.

- Achei que estaria dormindo. – Disse baixo e tirou o casaco. – Está tarde.

- Eu dormi quando cheguei, acabei perdendo o sono. – Deu de ombros. – Você chega tão tarde assim todo dia?

- Tenho chegado sim. – Suspirou. – Aqui eu estou trabalhando doze por trinta e seis. Basicamente de meio dia a meia noite, as vezes um pouco mais.

- Ai no dia seguinte fica de folga? – Micael assentiu. – Parece interessante.

- Pois é, meu pai decidiu tentar esse modo. – Suspirou. – Vou tomar um banho, tudo bem?

- Tá bem. – Assentiu. Micael saiu pro quarto pra buscar seu pijama e logo se encaminhou pro banho. Não demorou a voltar para sala e se sentar do lado da loira. A mesma desligou a televisão no instante em que o moreno apareceu.

- Sophia... – Ele parecia escolher o que falar. – O que você está fazendo aqui?

- É assim que vamos começar? – Rolou os olhos. – Não é óbvio o que vim fazer aqui?! Você sumiu, você veio morar em outro estado e não teve coragem de falar comigo.

- Eu fiz tudo isso por você. – Sophia fez uma careta. – Pra não atrapalhar a sua vida.

- Que desculpa horrorosa. – Cruzou os braços. – Você fez isso por você, Micael. Você não teve coragem, não vem querer dar uma de altruísta não que eu sei a verdade. Você tomou essa decisão sozinho e não teve peito pra contar, pra piorar tudo ainda fez todo mundo esconder de mim.

- Eu só não queria me despedir de você outra vez. – Deu de ombros sem encarar a mulher. – A gente já se despediu tantas e tantas vezes, pra que mais uma?

- Não achou que eu merecia saber?

- Achei que se você soubesse ia fazer eu desistir de vir ou ia querer vir também. – Sophia fez uma careta, aquilo era óbvio. – E olha só você aqui...

- Por que não queria que eu viesse? – Falou bem baixo. – Você realmente queria que eu tivesse seguido a vida com alguém?

- Eu não queria que você viesse pra não estragar tudo o que você começou a conquistar. A sua vida está deslanchando, você pegou várias campanhas, está ficando conhecida no meio, eu só não queria estragar tudo. Eu fico muito feliz por todas as suas conquistas, mas a verdade é que...

- É que o quê?

- A verdade é que a cada conquista sua, eu fico pra trás e ia chegar uma hora que você ia estar tão lá na frente que eu não ia fazer diferença pra você. Antes de ver isso acontecer, eu preferi facilitar a vida pra você.

- Você está falando besteira. – Negou com a cabeça. – As minhas conquistas não me fazem ir pra longe de você.

- A gente nem conversava, a gente não se via... Você demorou mais de uma semana pra dar falta de mim e perceber que eu estava em outro estado. – Estava um tanto quanto triste. – Não me leve a mal, eu amo ver que você está indo cada vez mais longe, eu acho que você merece o mundo.