Ruínas - Capítulo 183

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- Devo presumir que pela ausência de gritos tudo ficou bem? – Sophia perguntou quando ouviu os passos vindo por detrás.

- Ai, Sophia... – Se sentou no sofá novamente ao lado da noiva. – Você é tão marrentinha.

- Claro que não. – Riu. – É que vocês não são discretos, se tivessem brigado mais, todo o prédio saberia.

- A gente se entendeu, eu continuo aqui, pode ficar feliz que não vai me ter por perto. – Fez uma careta. – Sei que era esse seu plano.

- Tudo o que eu mais quero é ter você de volta pra mim, amor. – Agarrou o moreno. – Quero que passe logo essa fase pra gente ter o nosso canto e ser feliz pra sempre.

- Feliz pra sempre? – Ergueu uma sobrancelha. – Em que conto de fadas é esse que você acha que está vivendo? Somos nós dois, sempre tem algo pra atrapalhar.

- Cruzes, larga de ser pessimista. – Sophia bufou. – Não vai ter mais nada pra atrapalhar a gente depois que você voltar pro Rio, o único obstáculo é você estar aqui.

- Isso é o que você acha, minha linda. – Tomou um tapinha de Soph. – Bom, fiz um novo acordo com meu pai, ele me pediu pra ficar aqui mais um mês. Disse que vai começar a fazer entrevistas pra colocar alguém no meu lugar e eu finalmente vou poder voltar pra casa.

- Sério? – Quase deu um pulo. – Então está mais perto do que eu imaginava, mês que vem a gente casa?

- No caso a gente tá no final de Março. – Viu a careta se formar no rosto de Sophia. – Mês que vem eu tenho que estar aqui né?!

- Maio então? – Ele deu de ombros, logo depois franziu a testa quando viu a careta se intensificar no rosto da noiva. – Não rola, a atendente da loja me deu de prazo quarenta e cinco dias pro vestido ficar pronto. Na hora eu não achei que fosse fazer diferença, porque faltavam três meses pra você voltar, agora eu já começo a me arrepender.

- Então no final das contas, a gente vai acabar casando em junho. – Deu uma risadinha. – Não adiantou foi nada essa minha volta pro Rio antes da hora. – Seguiu rindo. – Culpa do seu vestido.

- Ah, nem me fala.

- Para, pelo menos é o vestido que você mais gostou, vai valer a pena a espera. E a gente pode organizar as coisas com mais calma. Como faltam menos de três meses, a gente pode dar entrada no cartório, no final de semana eu vou pra lá e a gente faz isso.

- Sério que você vai? – Seu sorriso se iluminou. – Mas pera, final de semana o cartório não abre.

- Putz, esqueci. – Os dois riram. – Vou ter que conversar com meu pai sobre ficar lá até a segunda então. Ai a gente vai no cartório e dá entrada nos papéis. E ai, já com a data, a gente já consegue organizar as coisas né?

- Mas a gente não escolheu a data. – Franziu a data. – Só junho.

- Ué, tem que ser no nosso dia, dia dezesseis.

- Mas e se for uma quarta feira? – Perguntou rindo. – Não dá pra casar numa quarta-feira, os convidados tem que trabalhar.

- Os convidados que lutem. – Ele deu de ombros. – Esse ano a gente nem comemorou nosso aniversario de quatro anos.

- Claro que não, a gente estava separado em outubro, se você não lembra. – Bufou. – Vamos olhar no calendário.

- Eu não lembro, porque esse ano foi uma loucura só. – Ergueu uma sobrancelha. Os dois olharam para o telefone enquanto Sophia via a agenda. – Sábado, eu não acredito que é um sábado.

- Está tudo conspirando. – Riu novamente. – Então dia dezesseis de junho vai ser o nosso dia.

- Ain, agora com a data eu fico ainda mais empolgada. – Bateu palminhas. – Já vou chegar e começar a ver as coisas. Salão, buffet, organizadora, fotografo, meu Deus, são muitas coisas.

- Não surta, tem uns dois, quase três meses, relaxa que tudo dá certo.

- Será que vai ter comida nessa casa hoje? – Jorge apareceu com o cabelo molhado aparentemente depois de tomar um banho. – Vou ter que comer miojo?

- No dia que você achar miojo ou qualquer coisa instantânea pra comer na casa do Micael, seu filho tá doente. – Sophia deu risada. – Saudades eu tenho de uma lasanha.

- Faça uma lasanha. – Micael bufou. – Não precisa ser congelada, cheia de conservantes. Faz uma massinha, bota um recheio saudável. Não cai a mão, sabia?

- Mas dá trabalho, não é nem um pouco prático. Em menos de 15 minutos a congelada já está pronta e é só comer. Agora, quanto tempo eu vou levar se tiver que preparar até a massa da lasanha?

- Então melhor nem comer né, aproveita que você nem pode mesmo. – Ganhou um tapinha de Sophia. – Ué, meu forte é comida francesa, não italiana.

- Mas você tem que saber fazer de tudo.

- E eu sei, só não quero mesmo. – Seguiu dando risada.

- Egoísta demais, vou comprar uma lasanha no mercado amanhã quando tiver em casa e te mandar a foto só pra você morrer do coração.

- Ele vai surtar. – Jorge disse da cozinha. – Vai pegar o primeiro voo só pra dar um chilique.

- Falando em pegar o primeiro voo. – Micael se virou pra encarar o pai. – Vou precisar de um dia de volta no Rio.

- Como assim? – Franziu a testa. – Final de semana está ai por isso.

- Não dá. – Suspirou, tentou suavizar a voz ao máximo pra não entrar em outra briga com o pai. – A gente decidiu a data do casamento, preciso estar lá em dia de semana pra conseguirmos dar entrada nos papeis.

- Ah, e pra quando é? – Jorge sorriu.

- Dezesseis de junho. – A loira tinha uma expressão que contagiava os dois. – Tão perto e tão longe.

- Quando você menos esperar já chegou o dia. – Jorge começou a encarar o nada, se via de longe que as lembranças inundavam sua mente. – E ai vai ser só correria, o medo de tudo dar errado, um monte de atrasos, coração quase saindo pela boca. – Seu sorriso se alargou ainda mais. – Muita coisa não vai sair como planejado, mas vai ser perfeito. É uma sensação boa.

- Tá vendo que ele tá lembrando do casamento dele né? – Micael implicou. – Foi em mil e novecentos e ele ainda lembra dos detalhes. – Gargalhou. – As fotos todas em preto e branco. 

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