Ruínas - Capítulo 175

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 - Que demora! – Atendeu irritada. – Pelo visto ela atendeu e vocês ficaram conversando enquanto a gente ficava aqui preocupado.

- Lua, você tem que começar a ser mais gentil comigo. – Micael disse rindo e isso fez com que Lua relaxasse quase que na mesma hora. Ele não estaria rindo se não soubesse que Sophia estava bem. – Eu consegui falar com ela sim.

- E onde ela está? – Micael não falou. – Desembucha, para de fazer charme.

- No estacionamento do aeroporto, ela disse que não ia saber dar ré pra sair de lá. – Deu risada. – Eu disse a ela que ia pedir a um de vocês pra ir buscar o carro. Se for você, por gentileza não briga mais com ela.

- E você agora virou fiscal de briga? – Disse mal humorada. – Não devia se meter.

- Claro que me meto, toda vez que vocês brigam a Sophia fica mal e eu não quero ver a minha noiva triste por causa de besteira. Na verdade, vocês duas ficam mal quando isso acontece, né?!

- Vai me dar sermão mesmo? – Bufou. – Já tem três pessoas aqui reclamando.

- Então vai lá e pede desculpas, porque eu tenho certeza que você foi mais grossa do que ela. Preciso nem saber o teor da discussão pra imaginar.

- Tchau, Micael. – Cortou o amigo. – Você já fez a sua parte, torça pra que eu não bata com o seu carro quando tiver trazendo pra casa. – Desligou antes que ele respondesse.


- Sophia está no aeroporto, dentro do carro. – Rolou os olhos. – Vocês dois seriam péssimos detetives, como que não procuraram lá? – Acusou Mel e Douglas.

- Aquele lugar é imenso e nós não vimos onde que o Micael estacionou. – Mel se defendeu. – Não vem jogar pra cima da gente não.

- Vamos lá, Arthur. – O marido assentiu. – Vocês dois estão liberados da busca pela Sophia.

- Você liga pra avisar? – Douglas perguntou e Lua assentiu. – Vamos ficar esperando então. – Eles saíram de dentro do carro de Arthur e se despediram.


Lua não trocou muitas palavras com Arthur no caminho de volta até o aeroporto, estava pensativa e o marido sabia respeitar seus momentos. Arthur não entrou no estacionamento, Lua que pegou a bolsa e desceu do carro. Ficou perdida no meio do local, Mel tinha razão, aquele estacionamento era realmente imenso. Pegou o celular e ligou para Sophia.

- Oi, Lua. – Disse baixo, pelo visto a raiva persistia.

- Onde você está? – Ela olhava ao redor. – Eu estou aqui, mas não encontro o carro do Micael nesse lugar.

- Está estacionado na ala C. – Lua olhou pra cima e viu as grandes letras indicando. – Não deve ser tão difícil de achar agora. – A cacheada seguia na direção que Sophia lhe indicara, não demorou a ver a amiga encostada no carro de Micael, desligou a ligação.

- Você é doida? – Chegou brigando. – Estávamos preocupados com você esse tempo todo e você aqui de boa.

- Você veio aqui pra brigar ainda mais comigo e jogar mais coisas na minha cara? Faltou alguma coisa? Aquela vez lá em 2010 quando você me deu um absorvente porque eu não tinha na bolsa, acho que você não falou.

- Deixa de ser exagerada, eu só falei aquele monte de coisas porque você disse que eu sou uma péssima amiga, disse que eu sou egoísta, coisa que nunca fui pra você, a Mel podia até dizer isso, mas você não.

- Tá bom, Lua. – Estendeu a chave com uma mão e com a outra pegou a bolsa. – Tchau.

- Tchau? – Franziu a testa. – Pra onde você vai?

- Pra casa, de ônibus. – Começou a andar, Lua a puxou pelo braço.

- Para com isso, entra no carro logo. – Rolou os olhos. – Você não precisa ir pra casa de ônibus atoa.

- Eu não vou passar meia hora no carro com você jogando na cara tudo que já fez por mim, chega, eu estou cansada, preciso ir pra minha casa ficar em paz.

- Me desculpa vai. – Lua suspirou. – Eu sei que fui grossa e insensível com você mais cedo e que não devia ter jogado nada na sua cara, não foi por mal. Eu realmente estava irritada, mas não quis magoar você. Fiquei realmente preocupada que algo pudesse ter acontecido com você.

- Me desculpa também. – Tinha a expressão parecida com a de Lua. – Eu amo você e eu tenho certeza que você sabe disso. As coisas que eu disse foram só da boca pra fora.

- Eu espero que sim, porque eu vou te dar uns socos se você ficar dizendo essas coisas de mim. – Brincou.

- Me desculpa também por só procurar você pra falar do Micael. – Secou uma lágrima que escorria da bochecha. – É que são tantos problemas e eu acabo nem perceben...

- Shhhh. – Ela interrompeu a amiga. – Estamos aqui pra isso, somos melhores amigas e isso vale mais que um casamento. Eu vou seguir apoiando você nos dias tristes e vibrando por você nos dias alegres. – As duas se abraçaram.

- Droga, olha o que você faz comigo. – Ela tentava secar as lágrimas, mas outras se seguiam. – Eu ando realmente muito dramática.

- Já pensou se estiver grávida. – Lua se afastou e olhou os olhos arregalados da amiga. – Pra que essa cara de surpresa, você transa com o Micael, está esperando receber o quê?

- Eu não estou grávida, Lua. – Deu de ombros. – Não tenho sintomas nenhum e a minha menstruação foi embora na quinta.

- Idai? Nada disso impede.

- Mas a injeção que fura minha bunda toda mês impede. – Deu uma risada. – E você já esqueceu que eu não quero saber de filhos no momento?

- Não, porque eu sei que quando o Micael souber dessa novidade, vai sobrar para os meus ouvidos de novo, porque ele vai ficar uma fera.

- A gente vai voltar nesse tópico de novo? – Ergueu uma sobrancelha. – Não sou obrigada a ter filho nenhum, meu corpo, minhas regras. Não é assim que as feministas falam?

- Você devia contar pra ele antes de casar. – As duas deram a volta e entraram no carro.

- Ele não vai desistir de casar comigo só porque eu não quero ter filhos, Lua. – Rolou os olhos como se fosse a coisa mais estupida que já ouviu.

- Você não sabe o quão importante é ser pai pra ele. – Suspirou novamente e ligou o carro. – Devia conversar.

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