Ruínas - Capítulo 85

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- Achei que estivesse dormindo. – Ele riu e foi até o armário procurar um short pra vestir depois do banho. – Me desculpe pelo horário, acabei ficando muito atarefado e não pude deixar o restaurante antes. – Ele se explicava, mas Sophia pouco ouvia. – Eu tentei te mandar algumas mensagens, mas você não respondeu, o que houve com seu celular? – Ainda estava de costas pra mulher, vasculhando o armário. Sorriu ao ver a mala da mulher no chão, ainda sem ter guardado uma peça de roupa. – Essa mala vai ficar aqui pra sempre é? – Se virou pra namorada.

Ele não demorou a perceber que tinha algo de errado com ela. Sophia não chorava, mas ele conseguia perceber em seus olhos que tinha chorado bastante. Preocupado, ele deixou a busca por um short de lado e se juntou a mulher na cama.

- Ei, o que foi que aconteceu com você depois que foi embora do restaurante? – Ele deu uma leve olhada nas partes expostas do corpo dela, queria ver se estava machucada. – Meu amor, fala comigo.

- Deu tudo errado. – E as lágrimas recomeçaram. – Eu tentei, Micael. Eu juro que tentei, mas aquela mulher me provocou de tal forma que eu não consegui aguentar.

- Você brigou com a Fernanda, é isso? – Fez carinho no rosto dela. – Está tudo bem, deixa essa maluca pra lá.

- Eu cravei minhas unhas no rosto dela. – Sophia mostrou as mãos com as unhas curtinhas e Micael sorriu.

- Que brava. – Deu um beijo em sua testa. – Mas não precisa chorar por isso, suas unhas vão crescer de novo!

- Não estou chorando por causa das minhas unhas, pelo menos não dessa vez. – Ele riu, sabia o quanto Sophia gostava das unhas grandes. – Eu acabei brigando com a Lua no meio da rua, dissemos coisas desagradáveis e agora eu estou super arrependida.

- Mas por que você brigou com a Lua? – Franziu a testa. Não conseguia imaginar um motivo para que as duas tivessem se desentendido.

- Eu tenho algo pra contar, mas por favor não briga comigo. – Ele ficou apreensivo, mas ainda assim assentiu algumas vezes.

- Quando a briga começou com aquela sem noção, estávamos eu, ela e Douglas. – E ali Micael já sabia que ia se estressar com a história, soltou um suspiro pesado, mas Sophia continuou contando, precisava falar. Não queria nenhum tipo de segredo entre eles, precisava construir confiança na relação. – Ele me puxou de cima dela e ficou me segurando para que eu não terminasse de matar aquela vadia.

- E o que mais...? – Ele sabia que tinha mais.

- E quando todo mundo chegou perto e eu já não tinha mais como acertar ela de maneira nenhuma, eu comecei a chorar e abracei o Douglas. – Ela sabia que não tinha sentido nada por ele, mas estava se sentindo muito culpada por aquele abraço depois do que Lua tinha dito a ela.

- Você ficou com ele de novo, Sophia? – Micael se levantou da cama, seu olhar era triste. – É isso que está tentando me dizer?

- Não! – Ela quase gritou. – Foi só esse abraço. – Tentou secar as lágrimas. – Mas não foi por mal, eu juro. Eu estava chorando e abalada por causa de toda a confusão. Eu o abracei porque estava perto de mim, como abraçaria qualquer pessoa que estivesse em seu lugar. Eu juro.

- Sophia...

- Amor, por favor, acredita em mim. – Ela juntou as mãos, quase que implorando. – Eu não estava no meu melhor estado emocional pra fazer distinção de quem estava ali perto de mim, eu só precisava de um abraço.

- Por que está me contando isso tudo? – Voltou para a cama.

- Porque não quero esconder nada de você, nem uma virgula do que acontece na minha vida! – Fungou. – Eu não quero dar a oportunidade de alguém ir fazer uma fofoca e transformar isso em algo bem maior do que foi. Não teve nada, eu juro!

- É difícil...

- Eu sei que é difícil. – Sophia o interrompeu. – Vindo do meu histórico com ele, imagino que seja, mas eu estou aqui te contando, eu não quero segredos, eu quero que conquistar a sua confiança de volta e a melhor forma de fazer isso é te contando as coisas. Eu amo você, não suportaria te perder novamente. – Ele puxou a namorada para seus braços.

- Tudo bem, eu acredito em você. – Ela chorou ainda mais. – Agora para de chorar, por favor. – Lhe apertou um pouco mais. – Eu fico feliz que você tenha me contado. Eu amo você, minha linda. Não precisa ficar assim.

- Me desculpa, não foi de proposito esse abraço. Eu juro que não foi. – Continuava a se explicar.

- Calma, Sophia. – Ele deu um beijo na cabeça da mulher. – Não precisa disso tudo, eu estou dizendo que está tudo bem. Se acalma, por favor.

- A Lua disse que eu ia perder você de novo, eu não quero que aconteça. – Ele sorriu por cima da cabeça dela.

- E foi por causa desse abraço que vocês brigaram? – Sophia se aconchegou em seu colo, a respiração mais concentrada, mas as lágrimas seguiam caindo. – Liga pra ela e conversa.

- Ela entendeu tudo errado, amor. Eu tentei fazer ela entender, mas ela me disse coisas horríveis, disse que estava tentando me alertar como antes. Ao invés dela me dar o apoio que eu estava precisando, ela estava lá, brigando comigo no meio da rua.

- E você brigando com ela, eu te conheço muito bem. – Soltou uma risadinha. – Vocês vão se entender, vocês são melhores amigas e brigas acontecem. Como já aconteceram outras vezes.

- Eu estou me sentindo mal por ter brigado com ela daquela forma, mas estou tão chateada pelas coisas que ela jogou na minha cara.

- E depois cada uma vai pedir desculpas e tudo vai ficar bem. – Ele a afastou um pouco para olhar em seus olhos. – O que acha da gente comer? Eu trouxe comida do restaurante.

- Eu não tinha percebido que eu estava com fome. – Ela riu.

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