Ruínas - Capítulo 109

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No restaurante, momentos antes.

- Micael, preciso conversar com você, vem à minha sala, por favor. – Jorge pediu e não tinha uma expressão nem um pouco gentil.

- Eu estou bastante ocupado no momento, pai. – Não se deu o trabalho de encarar o pai. – Estou atarefado.

- Pedi ao Adriano que chegasse mais cedo, então não se preocupe que ele já está se vestindo e vai assumir o seu lugar. – Micael encarou o pai e o viu com os braços cruzados.

- Por que outra pessoa vai assumir o meu turno? – Ergueu uma sobrancelha. – Eu sou completamente capaz de terminar o meu trabalho.

- Você está ouvindo eu te chamar? – O moreno soltou um suspiro. – Na minha sala, agora. Vou esperar por você lá. – Saiu da cozinha e deixou um Micael pensativo. Ele rolou os olhos ao ver Adriano entrar em sua cozinha já com toda autoridade. Começou a desabotoar a dólmã e sair de lá, não suportava ficar no mesmo lugar que aquele cara.

Caminhou até a sala de seu pai com a maior lentidão possível. Não bateu na porta ao chegar no escritório e somente entrou. Tomou um susto ao ver uma mulher sentada de frente a Jorge, ainda não tinha visto seu rosto, mas sabia perfeitamente quem era.

- Você não sabe o que significa "agora"? – Jorge rolou os olhos, mas em seguida ficou de pé. – Antônia quer falar com você. – Apontou pra mulher à sua frente, Micael tinha os olhos arregalados e parecia que a sua língua tinha sido comida por um gato.

- Oi, filho. – Antônia levantou e sorriu para Micael. – Você está tão lindo. – Caminhou até a frente do homem, hoje mais alto do que ela. – Eu...

- O que você está fazendo aqui? – Micael segurou a mão da mulher quando ela ergueu para passar em seu rosto. – Pensei que você tivesse entendido que eu não queria papo com você.

- Eu sou a sua mãe, eu vou insistir em falar com você quantas vezes forem necessárias.

- Que mãe o quê. – Largou a mão dela e se afastou. – Você foi tudo, menos mãe. Não seja ridícula.

- Micael, pegue leve. – Jorge pediu. – Não precisa tratar ela assim.

- Eu pensei que você estivesse ciente de que eu não queria vê-la, mas ai você vai na minha cozinha e me tira de lá como se eu quisesse matar a saudade dessa mulher.


- Ei, Rael. – Sophia disse sorridente para o garçom amigo de Micael depois que foram acomodadas numa mesa. – Pode avisar ao Micael que estamos aqui e pedir a ele que escolha meu prato, porque eu odeio escolher comida aqui e queria algo diferente dessa vez. – Ela fez uma careta para o cardápio e arrancou risadas do garçom e de Mel.

- Na verdade nem vai dar, Sophia. – Ela franziu a testa. – Seu Jorge tirou Micael da cozinha faz uns vinte minutos. Estão trancados no escritório desde então.

- Puta merda, devem estar se matando. – Sophia abaixou a cabeça na mesa. – Eu não sei mais o que eu vou fazer com esses dois.

- Ah, Sophia, também não é pra tanto! – Mel deu de ombros achando que Sophia estava fazendo drama. – Ele sobrevive com o pai dele desde antes de vocês se conhecerem e nenhum dos dois morreu.

- E o pior você não sabe. – Rael continuou a contar. – Entrou uma moça bem elegante aqui mais cedo, pediu pra falar com Jorge. Os dois foram pro escritório e foi logo em seguida que ele foi chamar Micael.

- Puta merda, a mãe dele apareceu. – Ela ficou de pé num pulo. – Eu não acredito nisso.

- Eu não sei se é a mãe dele, mas até que parece com ele.

- Vamos lá, Mel. – Sophia entrou puxando Mel pela mão. – Antes que o Micael mate os dois naquela sala. – Correu apressada e bateu a porta, parecia que ninguém ia abrir, mas ela continuou batendo.

- Sophia isso é um assunto de família. – Mel fez uma careta. – Será que eu posso esperar na mesa?

- Sozinha? – A mulher assentiu. – Se resolver ir embora, me manda mensagem! – A morena assentiu e voltou para o salão. Sophia cansada de esperar por alguém pra abrir a porta, resolveu entrar. Os três olharam pra mulher instantaneamente.

- Quem é essa mocinha entrando assim na sua sala, Jorge? – A mulher elegante reclamou. – Se ninguém abriu, significa que não era pra você entrar. – Sophia se assustou com o passa fora e Micael rolou os olhos pra mãe.

- Eu não sabia que você viria aqui. – Segurou no rosto da mulher e lhe deu um selinho. – Que bom que apareceu pra me salvar desse reencontro tenebroso.

- Que exagero, Micael. – Ela soltou uma risadinha. – Quando o Rael me contou eu confesso que pensei que você estaria a ponto de cometer um homicídio aqui, estou surpresa com a sua calma.

- Ei, o assunto era comigo. – Ela estalou os dedos chamando atenção. – Quem é você?

- Não ficou óbvio? – Sophia não se deu ao trabalho de tratar a mulher com educação, já que a mesma não estava fazendo aquilo.

- Se estivesse óbvio eu não estaria perguntando. – Fez uma careta.

- Antônia, se comporte! – Jorge a repreendeu. – Ela é a namorada do Micael. – Antônia olhou a mulher de cima a baixo. – Faça o favor de a tratar com o mínimo de respeito.

- Olha, Sophia. – Micael debochou. – Você o meu pai defende.

- Micael! – Foi a vez de Sophia repreender. – Sem deboche, por favor.

- Ele me tirou do meu trabalho e colocou o Adriano lá como se eu quisesse ter algum tipo de reencontro com essa mulher.

- Micael, nós somos adultos, eu aposto que conseguiríamos conversar como tal. – Antônia se aproximou dele novamente. – Eu sei que eu errei nas escolhas que fiz, mas você não pode fingir que eu não existo, eu quero me reaproximar de você.

- Um pouco tarde pra isso. – Falou baixo. – Você perdeu tanta coisa da minha vida, você não tem direito de querer se reaproximar de mim agora que eu sou um homem, agora que tenho a minha vida, minha casa, minha família.

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