Ruínas - Capítulo 47

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- Você não devia complicar tanto as coisas. – Sua voz era baixa, aproveitava bastante o tempo que tinha com a mulher, não sabia quando ela abriria a guarda novamente. – A gente pode ficar junto.

- Você sabe o quão enrolada eu sou com o Micael, por que insiste nisso? – Aproveitava o carinho. – Eu gosto de você, Douglas, mas não tem comparação.

- Tá, eu já sei. – Ele rolou os olhos por cima da cabeça de Sophia. – Não estou te pedindo em namoro, eu disse ficar.

- Não é uma boa ideia, Micael vai encontrar você aqui sempre e vai surtar. – Agora o rapaz riu.

- Problema é dele, Sophia. Me diz por que você tem que aturar ele o tempo todo com a Fernanda e você não pode ter ninguém?

- Porque fui eu que trai ele. – Tentou respirar fundo. – Fui eu que o magoei, isso tudo é consequência dos meus erros. Eu sei que mereço esse sofrimento e por mais que ele me magoe falando tudo o que fala pra mim, eu não posso e não quero fazer ele reviver o tempo todo o que foi descobrir que eu o estava enganando.

- Eu entendo você, não concordo, mas entendo. – Se sentou, lhe deu outro beijo, mas esse foi interrompido por Arthur que entrou no quarto, sem bater, de uma vez.

- Meu Deus. – Ele arregalou os olhos e os dois se separaram sem graça. – Sophia, sua gravidez é de risco, não se esqueça.

- Eu não esqueci, Arthur. Além do que minhas costelas doem a cada segundo. – Falou pra demostrar que sabia que não podia fazer nada.

- Bom, eu vou embora. – Douglas anunciou novamente. – Fica com Deus. – Ficou de pé e deu um beijo na testa da Sophia. – Eu te ligo pra ter notícias. – Apertou a mão de Arthur que ainda tinha uma careta engraçada mesmo após Douglas já ter saído do quarto.

- Vai ficar aí com essa cara? – Sophia ainda achava graça do amigo, ele se aproximou um pouco mais e sentou na ponta da cama. – Não precisa ficar tão surpreso dessa forma.

- É que ver vocês juntos assim é estranho. – Se sentiu mal por Micael.

- Foi um beijo. – Ela rolou os olhos. – Eu já estou solteira tem mais de dois meses.

- Eu achei que com todo esse lance do bebê, talvez você e o Micael... – Ele tinha certeza que o bebê acabaria juntando os dois. – Eu estava certo que isso ia acabar acontecendo em algum momento.

- Eu e o Micael não vai mais acontecer. – Se recostou na cama. – Ele não vai conseguir esquecer o que eu fiz e eu também já cansei de deixar ele fazer e falar o que quer pra mim. Nossa convivência é bem difícil.

- Ah, Sophia! – Ele sorriu. – Naquele dia que ele veio aqui comigo, vocês dois estavam num clima ótimo, nem parecia que tinha o tanto de mágoas que tem. Vocês estavam brincando, rindo, conversando de verdade.

- Eu sei, mas a Fernanda estragou tudo, ela deve ter botado um monte de coisa na cabeça dele e estragou o que mal tinha se acertado. A real é que é muito difícil desde que tudo aconteceu e com o Douglas, bom... é tranquilo, não tem estresse.

- Eu não vou me meter na sua vida. – Se levantou. – Somos amigos, quero que seja feliz.

- Obrigada! – Sorriu a Arthur. – Mas, o que veio fazer aqui no quarto?

- Ah, é verdade. – Ele passou as mãos pelo cabelo. – Só vim perguntar se iam comer, Lua preparou um lanche junto com a Mel.

- Claro que sim! – Se animou. – Quero todo mundo de volta pra cá, ficar sozinha é um tédio.



- Esse chilique vai continuar até que horas? – Micael perguntou a namorada quando estavam quase chegando em casa. – Você não pode fazer isso, Fernanda.

- Eu não posso fazer o quê? – Rangeu os dentes. – Eu não posso ficar com raiva de você? Eu acho que eu posso sim.

- Raiva atoa não pode. – Ele entrou atrás dela na casa. – Eu não mereço ser tratado dessa forma. Você está sendo insensível.

- Ah, claro. – Ela secou as lágrimas com as mãos. – Meus parabéns, papai.

- Para de deboche! – Já estava ficando quase tão irritado quanto ela. – Eu estou tentando conversar com você!

- Micael, eu não sou obrigada a ficar feliz sabendo que você vai ter um filho com outra mulher, será que você consegue entender o meu lado? A Sophia vai usar esse bebê pra se aproximar de você, pra fazer você ficar com ela de novo!

- Ei, eu não vou voltar com ela, a única coisa que me importa nela agora é o meu bebê. – Sorriu tentando acalma-la. – Eu não quero que você se sinta insegura, eu gosto de você, mas vai ficar difícil se você der ataque de ciúme toda vez que eu for lá.

- Mas eu não quero que você vá lá. – Cruzou os braços, parecia uma criança pirracenta. – Ela tem muitos amigos, tem o Douglas lá, não precisa de você.

- Ei, é o meu bebê, eu vou participar de tudo! – Brigou. – Não adianta brigar comigo toda vez, você só vai acabar com a nossa paz. E outra coisa, você que não vai mais lá.

- É o quê? - Voltou a falar alto.

- Você não consegue se controlar e fica ofendendo a Sophia, ela não pode mais se irritar, ela precisa ficar calma pro bebê ficar bem, portanto, você vai ficar longe daquele apartamento.

- Eu não estou acreditando nesse monte de coisas que você está me falando! – Bufou. – Você é absurdo, Micael.

- Eu estou tentando ser razoável. Eu não vou mentir pra você, precisamos de confiança, tá legal? – Ela balançou a cabeça se dando por vencida.

- Ótimo, agora eu vou pra casa. – Ele anunciou e viu uma careta de dúvida na cara da mulher. – Amanhã eu vou trabalhar e hoje o dia foi muito estressante!

- Não está procurando desculpas pra ir ficar com ela não né? – Franziu a testa.

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