Pouco antes da hora do almoço, Sophia já tinha mergulhado de cabeça em seu trabalho e deixado um pouco de lado toda a bagunça da parte sentimental na sua vida. Tinha conversado com sua chefe e explicado que por conta de um leite fora da validade, tinha pegado uma infecção intestinal, mas infelizmente não tinha pego atestado para provar, a mesma acreditou, mas deixou claro que sem o atestado, suas faltas não seriam abonadas, Sophia concordou com aquilo, antes de voltar a sua mesa.
- Eu realmente preciso de um tempo. – Sophia bufou fechando o book que tinha diante de si. – São muitas garotas querendo fazer um teste para essa campanha, eu nunca vi tanto book na minha vida.
- Pois é, agora imagina eu aqui sozinha! – Lua riu. – Você trouxe almoço?
- Na real eu nem preparei nada, estou faminta, sai de casa sem nem tomar café, vou a um restaurante aqui perto mesmo. – Ela deu de ombros.
- Você quer que eu te acompanhe? – Lua sorriu. – Eu deixo minha comida na geladeira e como amanhã!
- Não precisa, eu acompanho ela. – Uma voz masculina chamou atenção das duas e Sophia bufou antes mesmo de se virar para encarar o rapaz ali parado perto de sua mesa. – Será que eu posso?
- Olha, Douglas... – Já ia inventar uma desculpa, mas ele a interrompeu e deu alguns passos para ficar mais próximo da ex amante.
- Nada disso, você está me devendo uma conversa e nós somos dois adultos, desimpedidos e podemos sim almoçar juntos. – Ela suspirou. – Eu prometo que não vou fazer nada de novo, que nem da outra vez. – Ela olhou para o camarim onde há alguns dias ele a tinha agarrado. – Só uma conversa mesmo.
- Tudo bem. – Sophia ficou de pé e Lua arregalou os olhos. – Não tem como piorar a minha situação.
- Tem certeza, Soph? – O olhar de Lua demonstrava toda a preocupação. – Talvez você não devesse fazer isso.
- Prometo que vai ser só uma conversa. – Deu um beijinho na bochecha de Lua. – Uma hora em ponto eu estarei aqui pra gente continuar nosso trabalho, tá bom? – Ela assentiu. – Até mais.
Os dois saíram juntos da agência e caminharam até o segundo restaurante mais próximo dali. Sophia evitou olhar quando passou perto do local de trabalho de Micael, que até então era o mais perto. Os dois seguiam em silêncio até estarem sentados de frente para o outro em uma mesa para dois.
- Me chamou pra almoçar e não vai falar nada? – Perguntou depois de fazerem os pedidos. – Acho que você não está sendo uma boa companhia, Douglas.
- Não é isso, é que toda vez que eu abro a boca você vem me tratando mal e briga comigo, dá até medo. – Ele riu e ela soltou um longo suspiro. – Eu só quero que fiquemos bem.
- Eu tenho passado por dias difíceis depois que tudo aconteceu com o Micael. – Não encarava o homem diante de si. – Foi tudo tão rápido, ele descobriu tudo e eu fiquei arrasada, não sei como agir.
- Eu sei que você já tinha terminado comigo e tudo. – Rolou os olhos se lembrando daquela noite. – E eu fui um babaca te levando até a frente do carro dele, mas eu realmente não queria que ficássemos nesse clima ruim.
- Você foi muito mais do que babaca. – Fez uma careta. – Mas também não tinha muito pra onde fugir, uma hora ele ia sim descobrir tudo, não dá pra fingir que eu disfarçava bem, porque nunca disfarcei. Micael se fez de cego muitas vezes pra não terminar nosso namoro.
- Você já está melhor? – O rapaz parecia realmente preocupado. – Eu te chamei pra conversar porque realmente queria pedir desculpas por tudo, por ter te agarrado semana passada principalmente.
- Eu estou tentando ficar melhor, sabe aquilo de só dar valor quando perde? – O rapaz assentiu. – Então, é bem verdade. Cada célula do meu corpo sente falta do Micael, mas eu sei que a culpa do fim do meu namoro não é sua e nem de ninguém, é só minha mesmo, eu que não devia ter feito nem metade das coisas que fiz.
- Será que podemos ser amigos? – Sophia arqueou uma sobrancelha e soltou um leve sorriso. – Eu gosto de você, você sabe muito bem disso.
- Coisa que não devia ter acontecido. – Ele se permitiu sorrir também. – Nosso acordo era bem claro, apenas sexo!
- Ei, a gente não manda no coração. – Ela riu mais abertamente. – Você é incrível, Sophia, e se aquele idiota não te perdoar, eu estarei aqui pra você quando você quiser.
- Para de me oferecer sexo! – Repreendeu ele baixinho e arrancou mais risos dele.
- Não estou oferecendo sexo. – Parou pra pensar um pouco. – Na verdade, estou também. Mas estou oferecendo o que você precisar, seja um ombro amigo, seja uma noite quente. Não quero te ver triste e não quero mais ser um idiota que você odeia.
- Tudo bem, eu vou aceitar a proposta do ombro amigo, porque se eu aceitar a noite quente ai que o Micael nunca mais me perdoa na vida. – O moreno fez uma careta. – Ei, não pode ser meu ombro amigo se toda vez que eu falar dele você fizer careta. Douglas, sejamos sinceros um com o outro, isso aqui... – Gesticulou entre eles. – Não vai virar um romance.
- Nunca diga nunca, gata! – Bebeu um pouco da água que tinha em seu copo. – Você não sabe o dia de amanhã.
- Eu acho é que a gente não pode virar amigo, porque se um dia o Micael quiser me perdoar, e eu tenho fé que isso vai acontecer, ele vai exigir que a gente se afaste, e eu não vou hesitar.
- Tudo bem. – Ergueu as mãos. – Enquanto o zé ruela não te perdoa, seremos amigos. Já estou bem feliz de poder almoçar com você em plena luz do dia numa segunda feira.
- Eu acho estranho estar com você sem esconder de ninguém. – O garçom chegou trazendo os pedidos e logo saiu novamente. – Vamos comer que essa hora de almoço voa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ruínas
Roman d'amourE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...