Ruínas - Capítulo 181

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- Será que agora que você está mais calmo, a gente pode matar a saudade? – Ele sorriu pra careta que Sophia fez. – Não ri de mim, eu viajei horas pra poder te ver e até o momento não ganhei nem um beijinho.

- Claro que ganhou. – Seguiu rindo. – Agora há pouco.

- Aquilo nem conta, já ia completar três semanas e aquilo é o que eu mereço? – Cruzou os braços. – Noivo desnaturado. – Ele seguiu sorrindo e puxou Sophia já lhe dando um beijo. – Bem melhor. – Disse quando se afastaram.

- Você com certeza é a melhor coisa que me aconteceu na vida.

- Será que a gente pode parar de conversar. – Sorriu entre o beijo. – Eu quero você. – Micael empurrou a mala para o chão e logo começaram a se amar.


- Isso está com um cheiro ótimo. – Micael chegou na cozinha de bermuda e olhou o que Sophia estava fazendo. – Posso saber o que é?

- Para de mentir, isso aqui é macarrão com salsicha, não tem como estar com um cheiro ótimo. – Ela comentou enquanto virava todo o macarrão dentro do molho. – Tu para de ser debochado homem.

- Nem sou. – Riu. – Estava louco pra provar do seu tempero, já que a gente tá junto há quase quatro anos e você nunca teve coragem de cozinhar!

- Deve ser porque você é chato quando o assunto é comida. – Fez uma careta. – Não dá pra te aguentar dando pitaco.

- Claro que dá. – Sentou-se à mesa. – Eu nem dei pitaco ai na sua comida.

- Porque você foi proibido de vir aqui. – Bufou. – Pega o prato ai, porque já passou do meio dia e eu estou morrendo de fome. – Se levantou pra pegar dois pratos e logo Sophia colocou comida no prato.

- Até que ficou realmente bom, talvez você leve jeito pra coisa hein. – Brincou.

- Eu levo jeito pra fazer o que eu quiser, o problema é que eu não quero mesmo. – Ele ergueu uma sobrancelha. – Estilo dirigir.

- Não mesmo, você não leva o menor jeito. – Riu na cara da mulher. – Não vem querer meter essa pra mim.

- Eu não fiz aulas, se tivesse feito, seria tão boa quanto você. – Bufou e seguiu comendo seu macarrão.

- Tá, vamos mudar de assunto. – Balançou a cabeça, segurando o riso. – Me conta o que achou da Aline, já que pelo visto você teve tempo pra conversar com ela.

- Simpática. – Sorriu. – Me surpreendeu.

- Te surpreendeu? – Ergueu uma sobrancelha. – Eu sempre te falei que ela é legal, não tem motivo pra ficar surpresa ao perceber que ela é mesmo.

- Bom, devido a cena que eu presenciei quando cheguei, eu não estava com o coração muito aberto pra ela. – Micael debochou com uma careta. – Ué, eu vou mentir pra quê?!

- Para de besteira. – Seguiu comendo. – Você sabe que eu jamais iria atrás de outra mulher. – Rolou os olhos. – E eu já tinha dito que ela é casada, tem uma filha e tudo.

- Eu sei, eu sei. – Bufou. – Mas que foi estranho, foi. – Encarou o noivo. – Caso contrário você não teria vindo pra mim tentar se explicar, não é mesmo?

- Eu fui me explicar porque vi a sua cara. – Continuou a comer. – Estava pálida.

- Vamos mudar de assunto de novo. – Bufou. – Eu comprei meu vestido.

- Seu vestido de noiva? – Arregalou os olhos. – Sério? E como ele é? Você deve ter ficado uma gata hein.

- Oxe, eu não vou te contar como ele é. – Riu. – Eu comprei ontem, na verdade encomendei, paguei a entrada, mas estou tão empolgada.

- Besta, podia me contar. – Mandou língua.

- Eu quero saber quando é que a gente vai escolher a data. – Micael colocou o garfo no prato vazio. – Lua está me perturbando.

- Bom, a gente precisa saber se eu vou ou não me resolver com o meu pai e continuar aqui.

- Isso se vocês conseguirem ter uma conversa decente, sem gritos e sem ignorância. – Sophia se levantou e tirou os pratos. – Parece impossível.

- Ele vem ser ignorante comigo, eu vou ser ignorante com ele. – Deu de ombros. – Vou ficar ouvindo asneira?

- Micael, não exagera. – Suspirou. – Você me obriga a defender o seu pai. – Colocou uma mão na cintura. – Ele acha que você enrola ele, se você não chegar e falar "pai, eu tenho dificuldade com esse trabalho" vai ficar impossível dele saber. Entende? Ele veio falando comigo que você tinha preguiça de trabalhar. – Prendeu o riso. – Você tem que falar as coisas.

- Não quero falar é nada. – Bufou. – Meu pai é insuportável.

- Eu desisto, não dá. – Começou a lavar os pratos. – Eu já fiquei muito no meio de vocês.

- Você fala isso, mas no segundo em que ver a gente brigando vai se meter. – Micael escorou no balcão. – Nem adianta fingir que não é isso que vai acontecer, tem uma força maior em você que impede de se abster. – Caminhou por trás da noiva e a abraçou.

- Mas eu deveria conseguir, vocês dois só dão dor de cabeça. – Bufou. – Aline me disse que desde que conhece você isso acontecer. – Se virou e viu Micael rindo.

- Desde antes dela também. – Seguiu rindo. – Eu brigo com meu pai desde que aprendi a falar.

- Isso não é engraçado. – Beliscou Micael. – Vocês deviam ser mais amigos, viveram a vida toda juntos.

- Por que você acha que eu fiz questão de sair de casa logo?

- Porque foi pra França.

- Porque eu queria fugir do meu pai. – Rolou os olhos. – Não é atoa que quando eu voltei pro Rio eu comprei uma casa longe da dele. Deus é mais.

- Micael...

- Sophia, eu vou falar com ele quando aparecer aqui, tá legal. – Se afastou da loira. – Mas eu também não vou me humilhar pra ele não. Se quiser bem, se não quiser amém.

- Vai falar com essa marra toda ai? – Ergueu uma sobrancelha. – Tenta ser mais simpático.

- Meu pai deve estar espumando de ódio de mim uma hora dessa. – Voltou a rir. – Eu sai de lá dizendo que quando ele morresse eu ia vender todos os restaurantes.

- É o quê? – Arregalou os olhos. – Micael, o que te faltou foi surra quando era criança.

- Eu não vou fazer isso, tá legal? – Explicou com a habitual careta. – Mas ele mereceu ouvir, ninguém manda ficar enchendo o meu saco.

- Você é intolerante demais, não sei como eu aguento. – Se virou de volta pra pia e voltou a lavar o restante da louça.

- Vamos parar de falar do meu pai? – Agarrou Sophia novamente. – Vamos deixar a conversa com o seu Jorge, pra hora da conversa com o seu Jorge. 

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