Ruínas - Capítulo 116

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- Será que você consegue explicar o grito que deu comigo na casa do seu pai? – Sophia estava brava quando passou pela porta. – Aquele surto do nada!

- Você tinha mesmo que inventar essa viagem? – Cruzou os braços. – A gente não estava bem demais?

- Surpreendentemente bem demais. – Concordou ainda irritada.

- Ai você tinha que arranjar algo pra fazer a gente brigar e estragar tudo! – Culpou a loira que arregalou os olhos indignada.

- Meu Deus, eu querer ver os meus pais é algo tão inaceitável assim? – Jogou os braços pro alto com raiva. – Eu não posso mais ter saudade deles? Eu tenho que ficar presa nessa casa pra você se sentir confortável e seguro, é isso?

- Não é isso, você não tinha dito pra mim que estava com saudade de nada. – Rangeu os dentes. – Surgiu do nada?

- Micael, você está sendo estupido comigo mais uma vez. – Abaixou o tom de voz. – Seu pai falou da viagem e eu resolvi aproveitar já que o restaurante é bem perto da casa dos meus pais e da Liz. Eu não estou entendendo o motivo desse estresse todo.

- Só achei muito suspeita essa sua saudade repentina. – Estava com um bico enorme. – Você podia ter conversado comigo antes, não falado de cara lá.

- No caso, você queria que eu tivesse pedido permissão a você pra ir ver a minha mãe, não é? – Debochou.

- Não é bem isso. – Disse de novo e procurou argumentos pra provar seu ponto de vista, mas não encontrou nenhum válido. – A gente mora junto, você devia ter conversado comigo antes.

- Não tinha tempo, seu pai decidiu ir na hora e já até comprou as passagens, não foi nada planejado eu só vi uma oportunidade e falei que queria ir. – Tentou se justificar novamente. – Você está ficando irracional, Micael.

- Eu não sou irracional coisa nenhuma.

- Mas está agindo como se fosse meu dono. – Rangeu de raiva. – Eu sabia que essa história de morar junto era pra você vigiar cada passo meu, mas você está passando de todos os limites aceitáveis. Está ficando muito chato.

- Eu avisei a você que não ia ter confiança nenhuma no nosso namoro quando a gente voltasse. – Se sentou no sofá sem encarar a menina. – Você disse que sabia disso, que aceitava que eu fosse um ciumento, que ia reconquistar a minha confiança.

- Só que você não pode achar que eu vou sair por ai sentando no primeiro pau que aparecer o tempo todo. Isso está insuportável, a gente acaba brigando toda hora, Micael. – Seus olhos encheram de lágrimas. – O tempo todo a gente briga por causa de coisa idiota e isso já está acabando comigo, não dá pra viver desse jeito.

- Ah, para. – Ele bufou. – A gente estava há um tempo sem brigar já. – Rolou os olhos.

- Um ou dois dias? – Debochou de novo. – E só porque eu não sai de casa, porque se tivesse saído, com toda certeza você ia ter feito um escândalo, como sempre faz.

- Você está fazendo drama.

- Quem está fazendo drama aqui é você. – Voltou a falar alto. – Eu não sei mais o que fazer pra tudo ficar bem, mas com certeza ficar passando a mão na sua cabeça e alimentando toda essa insegurança não dá.

- Alimentando a minha insegurança? – Repetiu sem entender. – O que você quer dizer com isso?

- A nossa relação não está nem um pouco saudável, você briga comigo toda vez que eu saio e ai tenho que ficar provando que não fiz nada de errado. Eu não vou provar é mais nada, pode me chamar de egoísta, mas essa situação está me cansando. Você está o próprio Chay.

- Você me chifrou, caralho. – Ele gritou. – Eu não quero que aconteça de novo.

- Eu sei o que eu fiz, você não precisa gritar na minha cara. – Ela apenas sussurrou. – E também não precisa agir como um babaca.

- Eu estou sendo babaca? – Estava indignado. – Eu faço tudo por você, Sophia. – A mulher ficou em silêncio. – Eu escuto tudo o que você fala, você pede pra eu falar com meu pai, lá vou eu pedir desculpas, mesma coisa com a minha mãe, você enche o meu saco o tempo todo quando eu brigo com um deles e lá vou eu pedir desculpas novamente. Você quer sair, eu te levo, você inventa de pintar a parede do meu quarto, a gente pinta. Droga, você tem a droga da senha do meu cartão pra fazer o que quiser. Ai eu fico com ciúme de uma viagem e você me chama de babaca?

- Pronto, começou a jogar na cara. – Saiu da sala e foi para o quarto ainda resmungando. – Estava demorando demais pra jogar na cara que paga as coisas pra mim.

- Não, eu não joguei isso na sua cara até porque eu não falei só disso. – Ele foi atrás. – Eu falei da forma como eu ajo com você no geral. Você sabe muito bem que eu nunca me importei com dinheiro.

- Eu estou cansada e essa discussão não vai levar a gente a lugar nenhum. – Se deitou na cama.

- Nós viemos pra casa pra você arrumar a mala da sua viagem, não pra você deitar na cama. – Relembrou. – Nós temos que voltar.

- Eu não estou a fim de voltar, vai sozinho se quiser. – Cobriu a cabeça.

- Para de palhaçada, Sophia. – Ele cruzou os braços no pé da cama. – Meu pai já comprou a sua passagem e você sabe muito bem disso.

- Existe reembolso, não existe? – Falou com a cabeça ainda coberta. – Agradeça a ele e a sua mãe por mim.

- Sophia, vamos logo. – Puxou a coberta e a mulher o encarou ainda bravo.

- Eu não estou afim de voltar lá e ficar fingindo que está tudo bem, porque não está. Vai você sozinho e aproveita o jantar, não se preocupa que eu não vou sair escondida pra ir colocar mais chifre em você não, pode ficar vigiando o GPS do meu celular se isso for te deixar mais seguro.

- Eu não vou falar mais nada. – Ergueu as mãos. – Quer ficar ai, fica. – Saiu do quarto apressado e logo Sophia ouviu a porta da frente bater. Levantou da cama, pegou um pijama e foi para o banheiro tomar um banho. Logo em seguida foi até a cozinha fazer um lanche antes de voltar pra cama e mandar mensagens pra Lua.

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