Ruínas - Capítulo 93

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- Uma roupinha? – Ergueu uma sobrancelha. – Você tem mania de compras, todo mundo sabe que tem roupas com etiqueta ainda. – Ele continuou zoando.

- E por um acaso é você que paga por elas? – Ela parou de rir e o encarou séria com os braços cruzados.

- Graças a Deus não né Sophia, senão já estava falido faz tempo. – Se manteve rindo e antes que Sophia respondesse, Micael tomou a dianteira.

- Chay, se você não parar de falar, a próxima pessoa que a Sophia vai fazer drama é com você. – Ele falou rindo, mas o aviso era real. – Deixa a Sophia comprar o que ela quiser que eu pago, trabalho só pra isso se for necessário.

- Viu só Mel? – Ela se aproximou e deu um selinho no namorado.

- Vai ir à falência junto com o restaurante. – Ele debochou.

- Meu Deus do céu. – Lua interveio. – O que a gente tem a ver com as coisas que a Sophia compra ou deixa de comprar? – Defendeu a amiga. – Ela sempre trabalhou pra pagar as contas delas pra ninguém ficar enchendo o saco.

- Gente, vamos ficar calmos? – Arthur pediu. – O que era uma brincadeira, tá virando estresse.

- Não está não, eu estou de boa. – Sophia deu de ombros. – Ainda bem que eu não sou a Mel, Deus me livre ser proibida de trabalhar pra viver com um namorado que regula o dinheiro.

- Sophia! – Micael arregalou os olhos. Aquilo realmente estava ficando pessoal.

- Graças a Deus que eu não sou o Micael... – O moreno ergueu a sobrancelha esperando pelo final da frase do amigo. – Pra ser feito de trouxa e ficar bancando a mina com tudo o que ela quiser. – O silêncio reinou na cozinha. Micael respirou fundo e pensou bem antes de falar qualquer coisa.

- Você está pegando pesado demais, Chay. – Foi Mel quem o repreendeu. – Dá um tempo, como a Lua disse, nós não temos nada a ver com a vida deles.

- E lá se foi o jantar sem climão que a gente estava querendo. – Arthur balançando a cabeça. – É Sophia, a quizumbeira é você! – Ele riu.

- Nem vem, dessa vez eu nem comecei com nada. – Ela disse baixo. – Quem veio aqui controlar meus gastos foi ele.

- Ok, será que a gente pode se entender? – Lua pediu encarando Sophia e Chay. – Nosso jantar já era hein.

- Já era nada. – Sophia encarou Micael. – Tá tudo bem, foi um mal-entendido. – Micael desligou o fogo da comida e suspirou. - O jantar está pronto. – Deu de ombros, não estava mais tão animado, todos sentiam. – Vamos comer?

- Sim. – Lua respondeu e começou a ajudar Sophia a botar a mesa. Mel se juntou a elas pouco depois.

- Sophia, me desculpa pelo que o Chay disse. – Os meninos estavam um pouco longe, não conseguiam ouvir aquela conversa. – Eu sei que ele foi um sem noção, mas você sabe que tudo pra ele é uma grande brincadeira né? Até quando não tem ninguém rindo.

- Está tudo bem, Melzinha. – Sophia suspirou. – Eu sei como o Chay é e sei que ele não falou por mal, mas ele zoou com uma coisa que não podia. Ainda é tão recente, Micael ainda é tão inseguro quando o assunto é o que aconteceu. – Ela olhava o namorado sentado junto com os meninos, ele não tinha a melhor cara.

- Eu sei disso. – Ela suspirou. – Eu vou conversar com o Chay quando formos embora, esse tipo de brincadeira não vai se repetir.

- Obrigada. – Abraçou Mel e logo em seguida Lua se juntou as duas. – Ô vidinha difícil.

- E ainda vem o povo que não facilita. – Rolou os olhos a morena. – Vamos terminar com isso porque essa comida do Micael está cheirosa e eu estou morrendo de fome.

O jantar foi servido aos seis e com muita força de vontade eles conseguiram deixar o clima leve novamente. Conversas descontraídas sobre assuntos aleatórios foi o que rolou na mesa. Risadas garantidas com as bobeiras de Chay e Micael.

Sophia estava a porta, se despedindo dos amigos enquanto Micael estava no banho. Quando ela finalmente saiu de lá, caminhou para o banheiro e se escorou no balcão. O barulho do chuveiro sendo fechado fez com que ela olhasse pra direção que Micael sairia. Ele enrolou uma toalha na cintura depois de se enxugar e foi para o quarto, em silêncio.

- Está tudo bem? – Ela perguntou após segui-lo até o quarto.

- Está sim. – Se virou pra mulher que agora estava sentada na cama e forçou um sorriso. – Por que não estaria?

- Não está tudo bem, você está estranho. – Soltou um suspiro carregado. – Está chateado pelo que o Chay falou, não é mesmo?

- Não sei se chateado é a palavra. – Ele vestiu um short de dormir e foi se deitar. – Ele não falou nenhuma mentira, falou?

- E a história de livro novo? – Ergueu uma sobrancelha ao homem. – Eu sei que ele pegou pesado na brincadeirinha, mas amor...

- Está tudo bem, eu já disse. – Puxou a mulher pra um abraço. – Não precisa ficar pensando muito nisso. A gente não vai se desentender por causa de uma brincadeira de mau gosto do Chay.

- Então, vamos pintar a parede? – Apontou pra parede cinza que ficada de frente pra cama.

- O quê? – Ele ergueu uma sobrancelha. – A minha parede cinza incrível?

- Essa casa é muito sem graça. – Ela sorriu. – Paredes e móveis cinza, parece até que alguém morreu, deprimente.

- E desde quando você sabe pintar parede? – Micael perguntou a Sophia e ela deu de ombros.

- Eu nunca pintei nenhuma parede, mas também não deve ser difícil. – Ele fez uma careta. – Você por um acaso já pintou alguma parede?

- Eu já pintei várias paredes. – Se gabou e Sophia o olhou desconfiada.

- Se você está dizendo, quem sou eu pra discordar! – Estava animada. – A gente pode fazer aquelas pinturas geométricas com fita crepe, sabe? Ai a gente pinta de tons diferentes, vai ficar mega legal.

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