- No Rio Grande do Sul? – Ela disse um pouco alto e o bebê se remexeu. – Desculpa, meu amorzinho. – Falou pro bebê e em seguida o devolveu a Lua. – Vocês estão dizendo pra mim que ele foi embora pra outro estado, não teve coragem de se despedir de mim e muito menos de dizer que estava indo? Vocês estão brincando né? Eu vi o Jorge na rua esses dias, quando eu sai da agência, não é possível que ele também me esconderia uma coisa dessas.
- O Micael pediu que não falássemos, pelo visto ele estava arranjando coragem pra falar com você.
- Eu não sabia que ele era um covarde. – Rangeu os dentes e tirou o celular do bolso. – Mas ele vai ter que se explicar e agora! – Saiu do quarto e caminhou pra fora do hospital também. Ficou no estacionamento enquanto ouvia o telefone chamar e ninguém atender. Caiu na caixa postal e ela tentou novamente.
- Oi. – A voz de Micael um pouco rouca surgiu na linha. – Sophia?
- Fiquei muito surpresa de conseguir falar com você sem ter que colocar o DDD cinquenta e um na frente. – Atacou e ouviu o suspiro do moreno logo em seguida.
- Quem te contou? – Ele falava bem baixo.
- Não importa quem contou, você deveria ter contado essa merda. – Estava brava, falava alto. – Deveria ter me avisado antes de ir, deveria ter ao menos se despedido de mim.
- Eu não quis te incomodar com isso.
- Me incomodar com isso? – Falou mais alto. – É assim agora?
- Eu não tenho muito o que dizer em minha defesa, Sophia. – Seguia calmo. – Eu decidi vir pra cá, estou aqui há quase duas semanas e pronto.
- Você desistiu de nós? – Ela disse quase inaudível. – Por isso foi embora? Pra começar a sua vida em outro lugar?
- Não tinha mais um nós quando eu decidi vir pra cá. – Ouviu o soluço de Sophia do outro lado da linha. – Está na hora de assumir que o nosso namoro acabou. Você seguiu o seu caminho e parece bem feliz e então eu estou tentando seguir o meu.
- Então é definitivo dessa vez? – O choro rolou mais livre. – É isso? Você está com alguém?
- Eu cheguei aqui há dias Sophia, não conheço ninguém. – Fez uma pequena pausa. – E não quero conhecer ninguém. Mas você...
- Eu o quê? – Tentou secar as lágrimas.
- Você pode ficar com alguém se quiser, deve conhecer bastante gente... Não precisa se sentir presa...
- Está falando merda, Micael. – A raiva voltou a sua voz. – Como sempre, está falando merda. – Desligou a ligação. Ficou ali no estacionamento por mais um tempo. – Oi gente. – Ela disse quando voltou para o quarto com a cara péssima.
- Esteve chorando? – Ela se sentou na poltrona de acompanhante que tinha no quarto. Tinha ido ao banheiro lavar o rosto, mas pelo visto não tinha adiantado nada. – O que aconteceu?
- Eu não quero perturbar o dia do nascimento do Matheus com mais drama. – Suspirou. – Eu vou ir pra casa.
- Sophia, você pode falar com a gente. – Arthur insistiu. – Está na sua cara que você não está bem.
- Ele disse pra eu seguir em frente. – Contou desanimada. – Basicamente isso.
- Eu não estou acreditando numa coisa dessa. – Mel se aproximou e fez um carinho na cabeça de Sophia. – Então ele desistiu...
- Parece que sim. – Deu de ombros. – A gente arrastou essa história até aqui, a gente sofreu, a gente lutou, mas a verdade é que acabou no dia em que eu decidi ficar com o Douglas. – Ela abaixou a cabeça na mão e mais uma onda de lágrimas escorreu. Douglas ficou desconfortável no quarto depois das palavras de Sophia.
- Não é assim. – Arthur se aproximou dela junto com Mel.
- Claro que é. – Se levantou rápido. – Eu preciso ir pra casa. – Saiu do quarto praticamente correndo e ainda esbarrou em Douglas.
- Ela agora está com raiva de mim? – Perguntou aos, agora, amigos.
- Ela está com raiva da situação. – Lua comentou. – Você devia ir falar com ela.
- Eu? – Ele arregalou os olhos. – Ela vai terminar de me culpar.
- Está com medo é? – Arthur brincou.
- Não, mas eu também não tenho culpa de nada gente, eu nunca obriguei a Sophia a ficar comigo. Se ela caiu em tentação e estragou o namoro dela, eu sinto muito, mas não pode me culpar por isso.
- Nós sabemos disso. – Mel voltou pra perto dele. – Mas você podia tentar conversar com ela, a gente só está prevenindo. Da outra vez ela se jogou na frente de um carro.
- Tudo bem. – Ele suspirou. – Eu vou tentar falar com ela. – Deu um beijinho em Mel. – Por você. Tchau gente. – Disse para Arthur e Lua, logo em seguida saiu do quarto. Encontrou a loira na frente do hospital, aparentemente aguardando um Uber. – Será que a gente pode conversar?
- Acho melhor não... – Tinha o olhar fixo no celular. – Eu só quero ir pra casa.
- Sophia... – Ele se irritou e pegou o aparelho, cancelou o carro que a mulher tinha pedido. – Eu te levo em casa e ai a gente vai conversando.
- O que tanto você tem pra falar comigo? – Cruzou os braços. – A Mel vai ficar com raiva.
- A Mel não é o Micael, ela não tem ciúme de nós dois. – Ele cortou a loira. – Sophia, você não pode ficar assim desse jeito, sentindo culpa e ódio de si mesma. – Os dois caminhavam para onde o carro de Douglas estava parado. – Você tem duas opções.
- E que opções seriam essas? – O olhou atentamente. – Não vejo nenhuma diante de mim.
- Ou você faz o que ele falou e segue sua vida. – A careta da mulher foi quase que instantânea. – Ou você vai atrás dele no Rio Grande do Sul. A escolha é só sua.
- Mas e a minha carreira? Está só no começo. – O moreno destravou o alarme.
- Você pode pedir ajuda pra lá ué. – Deu de ombros. – Esses donos de agências tem tantos contatos... A Beth pode te ajudar com isso.
- Mas a Beth não vai querer me ajudar com isso. – Cruzou os braços.

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Ruínas
RomanceE quando você encontra a pessoa perfeita, mas descobre que ela não é? Quando encontra o amor da sua vida, mas aparentemente a pessoa não sente o mesmo? São as dúvidas que assolam a vida do nosso jovem Micael, que se apaixonou por uma linda mulher, m...