Ruínas - Capítulo 35

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- Você consegue perceber o quão cedo é pra falar disso? – Se sentia um idiota por chorar na frente dela. – Eu não vou mentir pra você, Fê. – Suspirou. – Eu amei a Sophia como talvez eu nunca vou amar nenhuma outra mulher, eu nunca vou entregar daquela forma, porque eu sei que a dor da perda é quase insuportável.

- Me desculpa. – Limpou a garganta antes de falar. – Eu não queria te obrigar a relembrar tudo o que sofreu, é só que essa situação toda é uma droga. A gente namora a tão pouco tempo e tem tanta coisa pra lidar.

- A Sophia não é um problema, eu não quero vê-la. – Sua voz era monótona, não tinha nenhuma intensidade.

- Promete pra mim? – Sabia que era idiota pedir aquilo, mas diante de tudo o que lhe contara, queria que o namorado ficasse o mais longe possível de Sophia, não queria correr o risco de perdê-lo. – Promete pra mim que vai ficar o mais longe dessa menina?

- Eu pensei que vocês eram amiguinhas. – Ele sorriu, mas se aproximou da mulher para lhe dar um abraço.

- Eu só fui compreensiva, ela parecia estar sofrendo. – Franziu a testa. – Mas até então eu não sabia que ela merecia estar sofrendo. – Manteve o sorriso. – Me desculpa por ter brigado com você pela falta de preocupação.

- Então está tudo certo? – Fez uma careta por cima da cabeça dela. Precisava disfarçar, não queria que ela realmente soubesse o quanto ele se preocupava realmente com sua ex-namorada. A mulher balançou a cabeça positivamente antes de ser afastada do peitoral de Micael. – Ótimo. Então vamos conversar sobre aquele cara.

- Olha, eu sou bem compreensiva sobre todo esse seu sofrimento ai, mas ele sempre foi meu amigo. Eu não posso e também não quero me afastar dele. – Micael estava sério novamente.

- E você acha que consegue evitar de ficar de beijinhos e abraços com ele por ai? – Ergueu uma sobrancelha. – Ele me irrita só de respirar, ainda não tive a chance de quebrar a cara dele.

- E você não vai quebrar a cara de ninguém, você não é de violência, então faz favor. – Voltou a abraça-lo. – Eu prometo que vou moderar.

- Então estamos bem? – Perguntou, mas não esperou a resposta da mulher, selou seus lábios com os delas, e em seguida a derrubou no sofá. Precisavam oficializar a reconciliação.


Lua foi embora com os amigos deixando apenas Douglas com Sophia. Ele passou a noite inteira acordado velando o sono dela, não conseguia dormir tranquilamente, tinha medo de que algo acontecesse durante a noite e ele não pudesse avisar alguém para ajudá-la.

A mulher felizmente teve uma noite bem tranquila, Douglas saiu do quarto duas vezes para buscar café, mas ela ficou bem. Já pela manhã, ele ainda tinha os olhos grudados nela, e ficou feliz de ver os olhos azuis da amada se abrindo novamente. Ela piscou algumas vezes até se acostumar com a claridade do quarto. Ele prontamente levantou e ficou ao lado da cama, tinha um sorriso, estava feliz.

- Ei, bom dia. – Sophia fez uma careta antes de responder. Tentou se ajeitar na cama, mas todo seu corpo doía.

- Bom dia só se for pra você. – Disse mal humorada e fez o sorriso dele se alargar ainda mais. – Minha cabeça dói tanto que parece que vai explodir.

- Deve ser porque você se jogou na frente de um carro. – Seu sorriso se fechou. – Que inferno você estava pensando?

- Eu só queria me livrar daquela sensação. – A mulher fez uma careta. – Daquele sentimento horrível. Eu queria que tudo sumisse. – Desviou o olhar dele, se lembrando da dolorosa briga com Micael. – O que aconteceu comigo?

- Quebrou três costelas, teve uma concussão e fraturou o braço direito. Tem alguns hematomas também, mas esse não é o pior dos problemas.

- Você passou a noite aqui? – Ela o olhou novamente e ele assentiu. – Obrigada por ficar comigo.

- Eu não deixaria você sozinha, Soph. – Foi a vez dela sorrir, gostava de como ele cuidava dela, mesmo sabendo que sempre amaria outro homem. – Seus amigos estavam aqui ontem, mas tiveram que ir embora.

- Lua deve estar uma fera. – Sua careta voltou. – Eu acabei com a festa dela.

- Ela estava muito preocupada, mas acredito que assim que ela te ver acordada, vai terminar de te matar. – Ele riu. – Fernanda passou por aqui também. – Sophia o encarou curiosa. – Eu larguei meu carro lá na frente do salão e entrei na ambulância com você. Lua ficou com a chave pra trazer pra mim, ao que parece Arthur não a deixou dirigir porque estava muito nervosa, então Fernanda trouxe.

- A Fernanda trouxe teu carro? – Sophia deixou escapar um sorriso no canto da boca. – Micael deve ter surtado com isso.

- Lua contou que ela comprou uma briga com ele por causa disso. – Ele também riu, mas soltou um suspiro antes de continuar pra parte que Sophia com certeza queria saber. – Ele apareceu aqui depois.

- Ele veio buscar ela? – Tinha os olhos tristes. – Isso é de se imaginar, ele é gentil.

- Ele disse que veio buscar ela, mas na real mesmo ele queria era uma desculpa pra ver você. – Cruzou os braços, completamente mal humorado. – E a Lua sabe disso, porque assim que ele chegou, a bonitinha expulsou eu e a Fê do quarto e ficaram só os cinco. Não sei qual foi a conversa.

- E nem eu. – Ia suspirar novamente, mas a dor em suas costelas a impediu. – Obrigada de novo. É bom poder contar com você. – Ergueu a mão boa pra segurar a dele. – Por mais que eu ache que isso é com segundas intenções.

- Não é segredo nenhum que eu amo você. – Ele deu de ombros. – Todo mundo sabe disso, Sophia.

- Mas você sabe muito bem que eu não te amo, o nosso caso foi sexo, Douglas. Pura atração, sempre foi assim, misturar os dois não é uma coisa boa.

- Ele não vai te perdoar, ele está namorando com a Fê, eu não sei porque você insiste nisso. – Cruzou os braços com uma careta. – Ele só te maltrata, Sophia. Eu estou aqui pronto pra cuidar de você!

- Eu não tenho mais esperança de ser perdoada por ele. – Desviou o olhar do rapaz. – Eu só não quero me envolver com você e te machucar ainda mais, eu estou sendo honesta com isso, eu não amo você. – Ele não respondeu, o médico de plantão entrou no quarto de Sophia com uma prancheta na mão e um estetoscópio no pescoço.

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