Ruínas - Capítulo 63

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- Será que eu posso pedir um favor? – Ele falou baixo, os cinco olharam pra ele. – Vamos ali fora, por favor.

- O que aconteceu? – Lua perguntou quando já estavam fora do quarto. Até Micael tinha saído.

- Você tem certeza que quer participar dessa conversa? – Douglas encarou Micael. Não tinha hostilidade em sua voz.

- Qualquer coisa é melhor do que ficar lá dentro com a miss simpatia. – Ele fez uma careta e arrancou risadas dos presentes.

- Bom, é que daqui a pouco a Sophia deve ter alta e o apartamento dela tá meio cheio de... – Naquele instante Micael percebeu que era melhor ter ficado perto de Branca. – Sangue.

- Ai, meu Deus! – Lua disse um pouco alto. Seus olhares bateram na camisa do rapaz, ainda suja desde a noite anterior. Nem Sophia tinha percebia o sangue em sua roupa. – A Sophia vai ficar arrasada se entrar lá e ver isso.

- Pois é, ia perguntar se podem ir lá. – Ele falou baixo. – Eu até iria, mas não quero sair daqui e deixa-la.

- Mas é um fofo mesmo. – Mel apertou a bochecha de Douglas e fez com que Lua risse.

- Sai fora, Mel. – Ele falou rindo também. Micael rolou os olhos diante da brincadeira.

- A gente vai lá sim, e vamos deixar tudo pronto pra quando ela sair. – Lua avisou, em seguida olhou pra Micael. – Você vem? – Ele fez uma careta.

- Eu... – Não conseguia pensar numa resposta, não queria sair de perto da Sophia e também não queria ver o sangue no apartamento, mas assumir aquilo era mais difícil do que ele imaginava.

- Você quer ficar com ela, não é? – Douglas perguntou com a voz baixa. – Tudo bem, fica com ela, eu vou lá limpar. – Micael franziu a testa, aquele cara vinha tendo atitudes estranhas desde que Sophia perdera o bebê.

- Ué, o que aconteceu com não querer deixa-la? – Arthur franziu o rosto.

- Era filho dele também, vai ser difícil entrar lá no apartamento. – Micael manteve a careta. – E eu vou sobrar se ficar aqui, melhor ir com vocês. – Ele deu de ombros. – Vou falar com ela e nós vamos. – Os amigos assentiram e ele entrou no quarto pra se despedir de Sophia. – Meu bem, vou precisar dar uma saidinha pra resolver umas coisas, prometo que depois volto pra ver como você está, tá bem?

- Tudo bem, e cadê meus amigos? – Sophia olhou a porta e não os encontrou.

- Eles vão ter que ir também, mas depois a gente volta. – Forçou um sorriso e ela fez uma careta.

- Vão me deixar sozinha aqui? – Cruzou os braços, Sophia parecia uma criança de vez em quando.

- Eu sou invisível, Sophia? – Branca perguntou um pouco brava. – Eu estou aqui com você, filhota!

- Mãe, você exagera bastante de vez em quando. – Rangeu os dentes. – Chega a ser irritante.

- Sophia! – A repreendeu. – Eu viajei horas pra te ver e você me trata assim? Ingrata.

- Desculpa vai. – Suspirou. – Eu não estou num momento muito bom. – A carranca de Branca se desmontou na hora. – Você sabe que eu te amo.

- Eu sei. – Douglas riu das duas e logo ganhou a atenção pra si.

- Eu preciso ir. – Reforçou. – E o Micael vai ficar ai. – Ele rolou os olhos diante do sorriso que a mulher abriu, assim como sua mãe. – Aproveita! – Encarou Branca com um sorriso forçado. – Prazer em conhecer a senhora!

- Prazer foi todo meu! – Ela falou simpática. – Até logo.

Sophia ficou olhando Douglas sair do quarto, mas não viu Micael voltar, talvez ele estivesse esperando Branca dar um tempo pra poder voltar pro quarto. Ela tinha noção do quanto sua mãe o perturbava.

- O que foi que aconteceu entre você, esse menino e o Micael? Da pra perceber de longe o clima pesado. – Branca falou baixo e ganhou a atenção da filha, que não estava nem um pouco afim de contar todo o rolo que envolvia os três.

- Eu e o Micael terminamos há alguns meses. – Ela resolveu simplificar. – Por causa do Douglas.

- Vocês realmente terminaram? – Ela arregalou os olhos surpresa. – Eu só falei aquilo mais cedo pra implicar com ele.

- Eu sei né, mãe! – Soph rolou os olhos. – Eu te conheço há bastante tempo. – Branca sorriu. – Eu trai o Micael com o Douglas. – Assumiu de uma vez e Branca levou algum tempo pra assimilar.

- Você não tem vergonha? – Estava brava. – Eu não criei nenhuma vagabunda não, Sophia! – Brigou e Sophia apenas respirou fundo.

- Eu sei, já me arrependi tanto! – Ela recomeçou a chorar. – Quando eu descobri que estava grávida eu fiquei tão feliz, eu achei que o bebê ia nos aproximar, mãe. – Lágrimas compulsivas ao se lembrar de Micael e do bebê. – Fazê-lo me perdoar, mas era tarde demais. Tudo o que consegui foi brigas e mais brigas com ele.

- Isso não é verdade, ele está aqui. – Ela deu de ombros. – Mesmo após a perda do bebê, ele não foi embora. – Sophia tentava enxugar as lágrimas. – Talvez isso significa alguma coisa.

- Ele tá com pena de mim, mãe. – Fungou. – Quando essa fase passar, a verdade é que eu nunca mais vou ver o Micael. Eu vacilei feio demais, mas ele não sabe o quão arrependida eu estou, nunca faria aquilo de novo. Mas como eu vou provar uma coisa dessa?

- Para de chorar. – Branca tirou um lencinho da bolsa. – Vocês se amam, menina. Você veio de São Paulo atrás desse homem, você errou, mas tá claramente arrependida. Isso conta alguns pontos.

- Que pontos o quê. – Estava revoltada. – Ele falou na minha cara, antes de ontem, que me amava. Ele disse que me amava demais, mas que não ia voltar a ficar comigo porque não confiava em mim. Disse que ia voltar com a idiota da Fernanda e ele realmente fez isso. Acabou tudo de verdade.

- Você está muito dramática, filha. – Branca soltou um risinho. – Se você ama tanto o Micael e se arrependeu de tudo o que fez, por que inferno você não se afasta desse menino? Não sou uma grande fã do Micael, mas ficar vendo ele colado em você o tempo todo não vai ajudar nem um pouco no processo, vai ficar lembrando e lembrando....

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