Ruínas - Capítulo 115

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- Como você está, de verdade? – Ele perguntou preocupado depois que se afastou da mãe. – Não é maligno é?

- Não. – Forçou um sorriso. – É benigno, mas ainda tenho muito tratamento pela frente. Essa doença só fez eu parar de perder tempo e correr atrás do que eu queria.

- Que nesse caso era voltar pro Brasil? – Ele tinha um sorriso, já estava aliviado após a mãe dizer que não era maligno.

- Não né. – Sorriu de volta. – Era ter coragem pra falar com você de novo, pra pedir perdão por tudo que eu te fiz sofrer.

- Sabe que não é fácil esquecer todos esses anos né? – Ergueu uma sobrancelha. – Eu cultivei raiva suficiente de você pra ver deixar ir embora assim...

- Não tem problema, meu amor. – Ergueu uma mão e colocou no rosto de Micael. – Eu já ganhei um abraço seu hoje, eu aguardo o seu tempo. – Sophia e Jorge entraram na cozinha.

- Atrapalhamos? – Ela disse sorridente ao ver Micael tão perto da mãe. Ele se afastou um pouco e secou o rosto que tinha ficado molhado devido a doença de Antônia.

- Estávamos só conversando. – Foi pra perto da namorada e lhe deu um beijo na cabeça. – Cansou da companhia do meu pai? Não julgo. – Brincou e fez os presentes rirem.

- Hum, bem humorado, que milagre. – Jorge bufou e se sentou em uma cadeira que tinha ali perto. – Vocês dois vão ficar conversando ou vão cozinhar?

- Pra início de conversa, eu sou visita. – Brincou. – Não estou cozinhando nada!

- Hum, só está atrapalhando né?! Entendi muito bem. – Jorge revidou.

- Meu filho não me atrapalha. – Antônia respondeu e o ex marido mandou língua pra ela.

- Puxa saco demais. – Bufou. – Fica dando muita confiança pro Micael não que ele é muito estressadinho.

- Eu concordo, não pode puxar muito o saco. – Sophia entrou na brincadeira. – Ele fica metido.

- Até você, amor? – Ele riu. – Eu sou é muito injustiçado.

- Coitadinho. – Antônia falou, mas antes que respondesse ouviram o toque de celular ecoar. Jorge tirou do bolso e atendeu ainda rindo da brincadeira com o Filho.


- Fala, Roberto. – Micael ergueu uma sobrancelha, sabia que Roberto era o metre do restaurante de São Paulo, homem de confiança de Jorge. – O que foi que aconteceu agora?

- Oi, Jorge. – Ele tinha o tom de voz preocupado. – Desculpe te ligar a essa hora, mas é que tivemos um problema no restaurante e acabamos de fechar.

- O que foi que aconteceu ai? – Já ficou preocupado.

- Estourou um cano na cozinha, a gente não sabe como, mas vazou água pra todo lado a cozinha esta completamente alagada. Fechamos o registro, estamos aguardando os clientes que estavam jantando saírem pra fechar completamente.

- Puta que pariu! – Exclamou e o pessoal na cozinha arregalou os olhos. – Fecha que eu vou ver o que faço amanhã. Obrigada por ligar. – Bateu o telefone na mesa com raiva.

- Fechou o restaurante de São Paulo? O que aconteceu? – Micael perguntou um tanto quanto curioso.

- Problemas, é só o que me acontece. – Ele bufou e saiu da cozinha para o seu quarto, precisava comprar uma passagem de avião pra São Paulo o mais rápido possível.

- Eita, pelo visto foi sério. – Sophia falou baixinho. – Nunca vi ele tão alterado assim sem o motivo ser você. – Micael sorriu. – Pensei que só você tinha esse talento.

- Mas você está bem engraçadinha hein! – Micael riu e observou Jorge voltar com o notebook na mão. – Vai fazer o quê?

- Comprar uma passagem pra São Paulo o mais rápido possível. Aparentemente estourou um cano na cozinha, restaurante tá fechado e eu preciso resolver isso o mais rápido que eu conseguir.

- Minha cozinha. – Fez uma careta. – Que droga!

- Pois é, sua cozinha está alagada uma hora dessa. – Jorge se concentrava no computador. – Eu vou amanhã e não sei quantos dias vou ficar lá, então, Micael por favor, não se atrase para o trabalho. Só me falta eu ter problema nos dois restaurantes ao mesmo tempo.

- O de Alagoas está sem problema. – Micael debochou. – Imagina se fosse nos três. – Jorge fez uma careta.

- Muito engraçadinho. – Rolou os olhos.

- Gente! – Antônia chamou atenção dos dois estalando os dedos. – A gente estava num clima ótimo agora há pouco, e vocês estão ai quase brigando por nada, vamos parar?!

- É porque você não viu as brigas de verdade. – Sophia sussurrou, mas Antônia ouviu.

- E nem quero ver. – Ela respondeu alto. – Vamos encerrar por aqui. Vamos lá, se entendendo os dois. – Bateu palminhas apressando e Jorge suspirou.

- Tá certo, desculpa pai. – Surpreendeu Sophia. – Vai tranquilo que eu vou cuidar do restaurante daqui.

- Meu Deus do céu! – Sophia exclamou ainda surpresa. – Antônia, tudo que eles precisavam era de você mesmo!

- Larga de ser besta, Sophia. – Micael implicou.

- Ainda me ofende. – Olhou para o sogro. – Será que eu posso ir com você pra São Paulo?

- Está doida? – Micael arregalou os olhos, falou alto e assustou Sophia e a mãe. – O que você tem pra fazer lá?

- Meu filho, pra que tudo isso? – Antônia falou depois que se recuperou do susto.

- Meus pais moram lá, Micael. – Rolou os olhos. – E a Liz.

- Tem anos que você nem fala com a Liz. – Cruzou os braços.

- Você não vai fazer uma cena comigo aqui na frente dos seus pais, vai? – Ele olhou pra cara de Antônia e Jorge e soltou um suspiro. – Muito melhor assim.

- A gente ainda vai conversar sobre isso. – Ele falou mais controlado.

- Não há tempo pra conversar, estou comprando a passagem agora. – Jorge avisou e fez o casal olhar pra ele. – Uma ou duas? – Encarou Micael e Sophia.

- Duas. – Ele respondeu baixo e viu o sorriso nascer no rosto de Sophia. – Eu sou um pau mandado mesmo. – Se sentou na mesa com a cara emburrada.

- Então, senhor pau mandado, eu sugiro que você leve a sua namorada em casa pra ela fazer uma malinha e vocês dois ficarem aqui, porque eu vou comprar a passagem para as seis da manhã. – Micael bufou. – Como a janta parece que ainda vai demorar uma eternidade pra ficar pronta, acho que dá tempo.

- Mas está muito implicante. – Antônia respondeu rindo.

- Realidade. – Jorge riu e voltou a se concentrar na tela do note. – Vão logo, assim você podem conversar sem nenhuma testemunha. – Continuou rindo e Micael se levantou da cadeira.

- Vamos. – Saiu da casa dos pais de mão dada com Sophia.

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