Ruínas - Capítulo 146

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- Para de palhaçada. – Ele disse quando se separaram. – Como vai a vida?

- Tudo dando certo no lado profissional. – Forçou um sorriso. – Acabei de ser chamada pela Elizabeth. Acredita?

- Sério? – Ele arregalou os olhos. – Eu não acredito que ela te ofereceu um trabalho.

- Eu não acho que ela teve escolha. – A loira ria. – Aparentemente o cliente exigiu que fosse eu. Fiquei muito feliz, parece que está tudo dando certo.

- Pelo visto você está com moral. – Acompanhou Sophia com uma leve risada. – Mas eu sabia que isso ia acontecer, eu sempre disse que você devia tentar.

- É, mas eu nunca acreditei, é algo tão surreal. – Micael encarava a loira. – Não parece algo que aconteceria comigo.

- Eu não sei como você sempre trabalhou com isso e nunca se viu como uma delas. – Ele rolou os olhos. – Só perdeu tempo, já era pra ser conhecida no Brasil todo, quem sabe no mundo.

- Você sonha mais alto que eu. – Os dois riram novamente.

- Sonhar é de graça. – Deu de ombros. – E eu acredito em você.

- Obrigada. – E um clima começou a surgir naquele estoque. – Obrigada, por sempre acreditar em mim, pelo menos nisso. – Ela completou e acabou rindo, visto que a desconfiança era o que mais reinava entre os dois.

- Vai começar... – Ele rolou os olhos. – Até que demorou, trocamos algumas palavras de boa.

- Não, vai começar nada não. – Ergueu as mãos. – Eu vim na paz. – Antes que Micael respondesse eles ouviram o barulho de alguém se aproximando.

- Ô Micael. – Era Rael que chamava. – Você não vai imaginar o que eu achei na revista lá de casa... – Ele foi diminuindo o tom a medida que entrou e viu Sophia com Micael. – Eita, eu achei que estava sozinho. – Manteve os braços pra trás, estava claramente escondendo algo.

- Oi, Rael. – Sophia disse simpática, achando graça de como o rapaz se comportava.

- Oi, Sophia. – Ele respondeu baixo, Micael ergueu uma sobrancelha para o amigo. – Ér, depois eu falo com você, Micael.

- Fala logo de uma vez. – O moreno cruzou os braços. – Está escondendo o que ai?

- Tem certeza? – Caminhou pra perto e botou as mãos pra frente. Segurava uma revista.

- Esse charme todo por causa de uma revista? – Micael suspirou e pegou da mão do amigo. Tinha uma página marcada. – Ah, entendi. – Ele viu a página com foto de Sophia e virou pra mulher. Sophia soltou uma gargalhada.

- Você trouxe isso aqui só por causa da minha cara? – Rael seguia sem graça. – Eu sinto te informar que o Micael já viu tanto a minha cara que enjoou. – Ela brincou.

- É ruim hein. – Ele protestou ainda olhando a foto da revista. – Eu não canso de ver a sua cara.

- Ele gosta de ver as suas fotos, leva tudo pra casa, eu suspeito que ele deve ter um altar pra você. – Rael fez com que Sophia risse ainda mais. Micael tirou os olhos da revista e encarou o amigo.

- Sai daqui, Rael. – Expulsou e o amigo saiu rindo.

- Não precisava falar assim com ele. – Ainda não tinha parado de rir. – Você que tem um altar e ele que leva bronca.

- Eu não tenho um altar. – Sophia não conseguia parar de rir. – Eu guardo algumas fotos que vejo por ai, mas também não montei um altar. – Ele estava sem graça. – A culpa não é minha se você é linda.

- Para de ser bobo. – Estava mais controlada. Dessa vez quem apareceu e interrompeu os dois foi Jorge.

- Eu sinto muito atrapalhar o casalzinho, mas o Micael tem que agir a vida, daqui a pouco o restaurante abre. – Sophia ficou de pé, dava razão a Jorge.

- "Casalzinho". – Micael riu. – Tá tudo bem, pai.

- Eu vou embora. – Comunicou. – Deixar você trabalhar.

- Fica pra almoçar. – Jorge pediu e piscou um olho disfarçadamente pra Micael. – Estou te expulsando não, é só ele levantar pra agir a vida.

- Acho melhor não, eu só vou atrapalhar. – Insistiu. – Eu almoço em casa.

- Comida congelada? – Micael perguntou debochando.

- Eu fiz comida ontem à noite. – Agora ele tinha a expressão surpresa. – Está chocado? Vai ficar ainda mais quando souber que ficou gostoso.

- Você só pode estar de brincadeira. – Ele ria. – Desde quando você cozinha.

- Estou morando sozinha há quase dois meses, meu amor. – Ele cruzou os braços. – E agora com essa história de modelo, eu não posso ficar comendo pizza e lasanha congelada.

- Está de parabéns. – Ele bateu palminhas. – Agora ela dispensa a minha comida porque faz a própria, tá vendo isso pai?

- É, Micael... – Jorge fez uma pausa. – Eu sinto muito informar, mas a Sophia não precisa mais de você.

- Vão ficar me zoando, os dois. – Ela sorria. – Muito engraçadinhos.

- A gente sabe. – Piscou um olho.

- Deixa eu ir embora. – Balançou a cabeça. – Qualquer dia eu chamo vocês pra experimentarem do meu tempero, e você que se cuide Micael, capaz deu roubar seu emprego. – Ela se aproximou pra dar um abraço nele.

- Com toda certeza eu vou me cuidar. – Beijo na bochecha. – Vou acompanhar você até a porta.

- Não precisa, pode começar a agir a sua vida, como disse seu pai. – Se afastou pra dar um beijo em Jorge. – Depois a gente se fala. – Quando a mulher sumiu da vista dos dois, Micael soltou um longo suspiro.

- Pensei que vocês estavam se entendendo... – Ele comentou e Micael balançou a cabeça. – Tinha um tempo que ela não vinha te procurar.

- Sabe que eu acho que ela não quer mais nada comigo? – Encarou o pai sério. – Eu estraguei toda nossa relação com aquele monte de ciúme.

- Se ela não quer mais nada com você, veio aqui porque mesmo? – Jorge tinha os braços cruzados.

- Estava aqui perto, passou pra dar um oi. – Micael pegou a revista que Rael tinha levado, a mesma estava sobre a cadeira que ele estava sentado, pouco antes. – A verdade é que essa Sophia, não é mais a minha Sophia. – Ele mostrou a foto pro pai. – Agora ela é dona de si, independente, está ficando bem sucedida...

- Auto piedade não combina com você. – Jorge riu. – A Sophia amadureceu nesse tempo, mas você também. Não é porque ela está ficando famosa que vai esquecer de você.

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