Ruínas - Capítulo 143

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- Foi extremamente necessário. – Ele suspirou. – Você sabe disse, faltou um dedinho pra você me trair com a Liz.

- Está doida. – Gargalhou. – Isso nunca que ia rolar.

- Pela forma como os dois estavam na cozinha quando eu interrompi, isso ia rolar sim. – A mulher cruzou os braços. – Nem que ela te agarrasse.

- Eu estava a ponto de dar um soco na cara dela. – Bufou. – Ela me irrita, não me atrai. – Rolou os olhos.

- A ponto de dar um soco?

- Pelo visto eu não cheguei a te falar o que ela realmente estava falando comigo de manhã né? – Sophia ergueu uma sobrancelha, um tanto quanto curiosa.

- O que me foi dito com certeza era mentira. – O moreno sorriu de lado.

- Não era mentira, era a versão resumida da história. – Ela seguiu com a mesma expressão. – Aquela maluca chegou e eu estava tomando café. Sentou do meu lado e começou a falar um monte de coisas nas quais eu não prestei atenção sobre a noite dela ter sido incrível e blá blá blá. Mandei sumir de perto de mim porque eu estava irritado e queria ficar sozinho.

- Eu quero saber como que vocês acabaram quase se agarrando enquanto eu dormia.

- Ela disse que ia me deixar sozinho e ia acordar você. – A mulher se manteve impassível, até então era a versão que tinham contado no dia que aconteceu. – E foi ai que eu segurei ela, mas não foi só por causa disso. Ela disse que ia acordar você porque vocês tinham muito papo pra pôr em dia. Que tinham muita coisa pra conversar agora que ela também tinha ficado com o Douglas. Disse também que ia incentivar você a ficar com ele de novo e acobertar. Eu estava a ponto de explodir e dar um socão na cara dela.

- Você não bate em mulher. – Sophia segurava o riso. – Eu duvido que você faria isso.

- Nunca vamos saber, você apareceu pra impedir. – Deu de ombros. – Mas eu também não quero falar daquela criatura dos infernos. – Os dois se sentaram novamente. – Agora que estamos os dois sozinhos, vamos falar sobre o quão gostosa você está nas fotos da campanha.

- Você vai me deixar sem graça. – Ele a olhou ironicamente.

- Vai ficar sem graça comigo, jura? – Se aproximou um pouco mais. – Já passamos por coisas demais pra ficar sem graça agora.

- Mas somos amigos, amigos não podem falar com esse tesão todo que você está falando. – Se afastou um pouco.

- Se você soubesse as inúmeras coisas sujas que eu pensei quando te vi nas fotos. Vindo pra cá eu vi um puta outdoor com você de frente, usando as mãos pra esconder os seios. Eu quase bati o carro.

- Você devia parar de dar em cima de mim na cara de pau. – Começou a rir da careta de Micael. – O que vai ser da nossa amizade se a gente acabar com isso já no primeiro dia?

- Eu concordei com isso tudo, mas eu não aguento ficar perto de você e fingir que eu não estou com uma vontade louca de te beijar. – Não esperou que a mulher respondesse e a agarrou. Sophia correspondeu ao beijo, mas logo deu um jeito de sair.

- Eu acho melhor você ir embora. – Disse num suspiro. – Você tinha razão, não é uma boa ideia a gente ficar tanto tempo sozinho assim.

- Sophia, vamos parar com isso de uma vez, eu não aguento ficar longe de você. – As palavras saiam quase que desesperadas. – Como já foi dito antes, a gente já passou por tanta dor, tanto sofrimento. Não é justo que a gente fique separado por bobeira, a gente merece ser feliz.

- Eu pensei que você concordasse comigo sobre essa separação, você estava fingindo esse tempo todo? Tudo o que aconteceu aqui foi um teatro?

- Claro que não, tudo o que eu falei, todo o meu posicionamento é real, mas a verdade é que tem semanas que a gente tá separado e eu não quero mais isso. Você tem que voltar pra casa.

- Micael, primeiro que eu não tenho que fazer nada. – Bufou. – Segundo que eu já conversei com você e expus o meu ponto de vista. Eu não quero mais do mesmo, eu não quero possessividade e briga o tempo todo por causa de qualquer merda que acontecer. Você vir aqui hoje e ter sido "legal" – Ela fez aspas com os dedos. – Com o Douglas não me dá segurança da nada.

- Você vai fazer a gente sofrer mais atoa. – Estava um pouco decepcionado. – Essa história de a gente ter que ser amigo antes não tem muito sentido. Já passamos desse estágio, ou você realmente ficou chateada com toda a ceninha que aconteceu, terminou comigo por causa daquilo e fica com esse papinho ai pra não dar o braço a torcer, porque você sabe que não pode reclamar por causa de traição.

- Ei. – Protestou. – Olha o que você está falando.

- A verdade? – Ergueu uma sobrancelha.

- Você consegue se ouvir? – Sophia respirou fundo. – Bastou eu dizer não uma vez pra você começar a me atacar como sempre fez. Isso porque não estamos nem juntos, imagina se estivéssemos? Já ia estar dizendo absurdos pra mim, não quero nem imaginar o que você falaria.

- Não é assim, eu não estou te atacando.

- Claro que tá. – Colocou as mãos na cintura. – Você tá me atacando com a traição ainda. Meses se passaram, quase um ano e você segue me atacando com isso a cada momento em que é contrariado.

- Nem tem quase um ano. – Rolou os olhos. – Você está exagerando.

- Micael, entende uma coisa. – O encarou firme. – Eu teria todo direito do mundo de reclamar se quisesse. Não existe essa de não poder reclamar, meus erros não podem justificar os seus, até porque até onde eu sei, o seu veio bem antes. – Estalou os dedos. – Eu fiquei sim chateada, afinal era o meu namorado e uma das minhas melhores amigas, mas não sai de casa por isso, sai de casa porque não aguentava mais você jogando na minha cara a traição e tendo ciúme de tudo. Ai você vem na minha casa, se finge de bom moço e faz eu acreditar que tudo estava ótimo, pra no final me decepcionar dessa forma, está de parabéns. – Bateu palmas.

- Também não é assim. – Abaixou a bola.

- É assim. – Deu de ombros. – A gente não pode ficar junto, porque eu não aguento mais esse seu jeito. Eu quero ser feliz, Micael. Quero aproveitar a minha vida, quero seguir com a minha carreira, quero paz.

- Tudo bem, eu vou embora. – Ergueu as mãos. – A gente vai se falando. 

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