Ruínas - Capítulo 77

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Micael foi trabalhar no domingo pouco depois das onze e Sophia ainda dormia. Ele fez o mínimo de barulho para não acorda-la e atingiu seu objetivo.

Quando Sophia acordou e percebeu que estava sozinha ela bufou. Levantou da cama e foi tomar um banho. Usou enxaguante bucal novamente, já que a escova que era boa, Micael não tinha pedido na farmácia. Vestiu sua roupa e saiu trancando a casa e levando a chave consigo.

Eu vim pra casa e trouxe a sua chave. – Sophia enviou a mensagem para o namorado. – Espero que não se importe.

E como eu vou entrar em casa? – A resposta não demorou a vir. Sophia estava deitada no sofá com um sorriso no rosto enquanto digitava.

Vai ter que passar aqui pra pegar, achei uma bela desculpa pra te ver. Rsrs. – A resposta veio imediatamente.

Você não vale é nada! – Antes que pudesse responder, outra mensagem chegou. – Meu amor, tenho que voltar pra cozinha. Já estão dando chilique lá sem mim. Amo você.

Amo você muito mais. – Respondeu e suspirou. Aquilo com certeza fazia parte de um sonho, um sonho que não queria nunca mais acordar.

Ela foi saltitando pra cozinha tomar café e passou o dia todo assim, feliz e animada. Trocou mensagens com Lua por quase todo tempo. E ficava vigiando a hora pra saber se já estava perto de Micael chegar.

O relógio parecia andar pra trás. Ela colocou um filme na televisão e deitou no sofá, já passava das oito e nada de Micael. Geralmente ele largava por volta de cinco e pouca, quando o outro chef assumia. Ela acabou pegando no sono, acordou no susto com o barulho de gente batendo na porta. Bocejou e se levantou esfregando os olhos.

- Você estava dormindo? – Ele a olhou com um sorriso. Sophia sempre acordava mal humorada.

- O que você acha? – Bufou e voltou para o sofá, pegou o celular e viu que já passava das nove. – Por que você demorou tanto?

- Esse seu humor péssimo quando acorda não muda né?! – Seu sorriso aumentou. – Eu estava trabalhando, se lembra?

- Você não larga as cinco? – Ergueu uma sobrancelha.

- E você está desconfiando de mim agora? – Debochou. – Tá brincando né?

- Não, só estou curiosa mesmo. – Deu de ombros. – Você não costuma chegar tão tarde.

- Pois é. – Ele suspirou. – Meu pai teve um problema com o Alessandro, e pra quem sobra? – Ele apontou pra ele mesmo. – Eu não entendi qual foi da treta, mas parece que Alessandro pediu demissão.

- Isso faz você ter que trabalhar os dois turnos? – Sophia franziu a testa.

- Eu vou ter que assumir por enquanto, mas não vou ficar lá o tempo todo. Por exemplo agora, eu adiantei as coisas e deixei o sub-chef da noite cuidando de tudo. Eu não vou ficar lá de onze da manhã até meia noite.

- Agora que vai ficar difícil da gente se ver hein. – Sophia resmungou. – Eu trabalho de manhã e de tarde. Ai você trabalha de noite...

- Para de choramingar, é por pouco tempo. – Ele deu de ombros rindo. – E você não precisa trabalhar, pode ficar em casa.

- Eu não vou ficar aqui fazendo absolutamente nada o dia todo e tendo que te pedir dinheiro até pra comprar absorvente. – Ele achou graça do jeito como a menina falou. – Eu posso muito bem trabalhar.

- Já parou pra pensar que a gente podia morar junto? – Ele sugeriu e a loira o olhou escandalizada. – Ia ser melhor do que a gente ficar nesse vai e vem de casas todos os dias.

- Você está me pedindo em casamento? – Ergueu uma sobrancelha e Micael pareceu pensar um pouco antes de assentir. – Desse jeito tosco?

- Você é muito abusada. – Ele voltou a rir. – Eu sugeri que a gente desse um passo adiante.

- Então quando quiser sugerir algo, sugira com aliança no meu dedo e não só pra me vigiar. – Ele franziu a testa. – Nem vem se fazer de sonso, eu imagino que você quer morar junto pra poder me vigiar o tempo todo, vai dizer que não é?

- Deixa de ser louca. – Bufou. – Eu te chamei porque eu quero ficar com você, fazer um teste. Não tem nada a ver com vigiar.

- Sei, me engana que eu gosto. – Rolou os olhos e fez Micael rir novamente. – E outra coisa, você não acha que estamos indo rápido demais?

- Meu Deus, se você não quiser é só dizer que não, sabia? Não precisa ficar criando empecilhos. – Cruzou os braços agora um pouco irritado. – Dando essas desculpinhas esfarrapadas.

- Ei, eu quero, é logico que eu quero ficar com você, morar com você! – Colocou as mãos no rosto dele. – Mas a gente voltou ontem, se eu me mudo pra sua casa, me desfaço de todas as minhas coisas, entrego o apartamento, ai você briga comigo por qualquer besteira e me expulsa da sua casa de novo, ai eu faço o quê?

- Eu não vou fazer isso! – Disse com uma careta. – Eu quero construir a nossa vida juntos. Eu quero realizar com você todos os sonhos que já tive. Eu quero casar, eu quero viajar, eu quero ter filhos... E acho que já está na hora de começar com isso. Estamos juntos há três anos, mulher!

- Para com isso. – Ela estava chorando e fez Micael rir. – Você fica sendo fofo e me faz chorar.

- Ué, mas ai se eu sou grosso você chora, se eu sou fofo você também chora... – Ele gargalhou. – Então o problema está com você, meu amorzinho. – Lhe deu um tapinha. – Quando mais rápido a gente agilizar essas coisas, mais rápido podemos ter a nossa Maluzinha.

- O mesmo nome?! – Franziu a testa. – Não sei não...

- A gente tem tempo pra decidir tudo, no momento eu só quero que você fique comigo. – Secou as lágrimas da sua chorona. – A gente tem que morar junto pra ver se nós nos suportamos. Isso é muito importante.

- A gente sempre tá junto, Micael. – Ergueu uma sobrancelha. – Seja na sua casa ou na minha. É lógico que a gente se suporta.

- Ah, mas cada um tem a sua casa, é diferente. – Sophia sorriu, interessada.

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