Ruínas - Capítulo 90

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- Eu sabia que aquela filha da puta estava mentindo. – Rangeu os dentes. – Ela quer é dinheiro. – Sophia encarou o namorado.

- Com certeza deve ser isso mesmo. – Deu de ombros. – Eu nunca iria contra você, amor.

- Chega, obrigada. Tchau. – Desligou o telefone e encarou o namorado. – Viu só, é tudo blefe dela.

- A única coisa que eu vi foi esse cara te cantando o tempo todo a cada palavra que disse. – Estava com raiva de verdade. – "Eu nunca iria contra você, amor" – Debochou.

- Ei, e eu por um acaso dei algum mole pra ele? – Ela foi se sentar ao lado dele no sofá. – Não me importo nem um pouco com as coisas que ele fala, amor. – Colocou a mão no seu rosto e o fez encara-la. – Eu só liguei porque eu não quero que você dê um centavo praquela vadia. Se ela não quiser ficar com cicatriz no meio da cara, ela se vira e paga.

- Tudo bem. – Suspirou. – Mas ele me irrita.

- Não pareceu hoje mais cedo enquanto vocês estavam rindo na sala da Elizabeth. – Ela alfinetou. – Pareciam dois amiguinhos.

- Engraçado que lá em nenhum momento ele deu em cima de você. – Rolou os olhos. – Vai ver ele só faz isso quando acha que eu não estou por perto né?!

- Ou ele sabia que você estava por perto e falou pra te provocar. – Deu de ombros. – Eu não duvido nada dessa segunda opção, você conhece muito bem a peça e sabe que ele adora fazer isso.

- Eu sei, eu já aturei muita coisa desse idiota. – Fechou a cara ao lembrar de algumas provocações durante a gravidez de Sophia. – Ele beijou você na minha frente, ele teve essa audácia.

- Ei, você vai mesmo reclamar disso? – Ergueu a sobrancelha. – Você nem queria ficar comigo, não tinha porque ficar com raiva daquilo. – Sorriu e Micael a encarou incrédulo. – Se eu me lembro bem você voltou com a lambisgoia no dia seguinte!

- Porque você estava colada naquele cara, se não tivesse, muita coisa tinha sido evitada. – Sophia se aproximou e deu um beijo casto nos lábios de Micael. Colou suas testas e soltou um suspiro pesado. – Me desculpa. – Falou surpreendendo a mulher. – Eu vivo falando de livro novo pra você da Fernanda, mas quando é comigo eu não consigo esquecer.

- A gente viveu muita coisa nos últimos meses, não vamos conseguir esquecer e fingir que nada aconteceu, a gente vai ter que aceitar e aprender a conviver com isso. – Ela sorriu, ainda não tinha se afastado. – Eu só quero que fiquemos bem, a gente vai se livrar da idiota da Fernanda porque ela não vai se dar ao trabalho de me processar coisíssima nenhuma. E com o Douglas eu já disse que você não precisa se preocupar nunca mais na sua vida. Eu não o quero, eu não quero mais ninguém no mundo que não seja você.

- Você também sabe ser fofa quando quer. – Ele sorriu, consideravelmente mais relaxado. – Está de parabéns.

- E o senhor está debochando de mim assim na cara dura? – Ela brincou.

- Imagina. – Afastou as testas. – Eu acho que tenho o mesmo medo que você tem. – Voltou a ficar sério. – Não é fácil controlar.

- O medo de perder? – Ela perguntou ao namorado que já tinha desviado o olhar novamente, mas assentiu em resposta à sua pergunta. – Você nunca vai me perder.

- Como não? – Se virou pra ela. – Eu sempre achei isso, eu sempre achei que nós éramos perfeitos um para o outro. Eu não estava preparado pra ficar sem você quando tudo aconteceu e eu acho que nunca vou estar. – Eles não brigavam, nenhum dos dois estava alterado.

- Eu fui estupida, eu cometi o pior dos erros. – Ele a encarou atentamente. – Você não tem noção de como eu me senti quando tudo veio à tona. De quantas noites eu passei sem dormir ou sem comer por causa disso. Eu só pensava nisso. – Suspirou. – Eu sofri muito pra conseguir ter você de volta e essa não é uma condição que eu quero mudar.

- Eu sei, mas é que...

- Relaxa, agora você não vai conseguir se livrar de mim nunca mais. – Agarrou ele e lhe deu selinhos. – Até porque eu moro na sua casa e eu não vou embora nem se você me pedir.

- Que isso? Sem-terra? Invadiu minha casa? – Brincou com um sorriso forçado.

- Pois é, nem com ordem de despejo eu saio daqui. – Ele a segurou com força.

- Eu não vou querer que você saia de perto de mim nunca mais.

- Ok, agora chega dessa melação, como diria Lua. – Eles riram de verdade agora. – A gente está bem e vamos continuar bem.

- Isso, agora vamos terminar esse filme porque já está pausado ai faz tempo. – Apontou pra televisão. Ela se deitou no colo dele novamente e terminaram de ver o filme entre risadas.

Pouco depois das seis ele se levantou e foi pra cozinha começar os preparativos para o jantar. Sophia cochilava no sofá e não sentiu quando o namorado se levantou. Quando acordou, coçou os olhos e ouviu barulho de panelas vindo da cozinha, foi até lá.

- Ei, dorminhoca. – Ele falou a namorada que estava com a cara emburrada. – Vamos melhorar esse humor, né gatinha?

- Só depois que eu definitivamente acordar. – Puxou uma banqueta e se sentou. – Você precisa de ajuda? – Apontou para o tomate que Micael cortava na tabua. – Garanto que tomate e cebola eu sei cortar.

- Não obrigada, é melhor não arriscar. – Ele riu. A campainha tocou antes que ela pudesse responder.

- Salvo pelo gongo. – Brincou e saiu da banqueta e foi até a porta. Lua e Arthur entraram na casa.

Arthur tinha uma garrafa de vinho na mão. – Oi, gente. – Forçou um sorriso aos dois.

- Oi, Soph. – Ele deu um passo para abraçar a amiga. – Trouxemos vinho.

- Que ótima escolha, visto que sua esposa não pode beber. – Ela riu com a careta de Lua. – Sorte que temos suco.

- Imaginei que tivessem. – Lua fez uma careta. É, as duas ainda não estavam nada bem. – Cadê o Micael?

- Onde você acha? – Sophia rolou os olhos e logo em seguida deu um sorriso. – No lugar favorito da casa pra ele. E infelizmente não é o quarto.

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