Ruínas - Capítulo 145

170 10 9
                                    

- Sophia, nós tivemos um desentendimento no passado, mas já faz meses. – Beth abaixou o tom de voz novamente. – Fica e escuta sobre o trabalho, por favor.

- Lembro de ter dito que você iria me implorar pra vir aqui. – Sorriu de lado. – Estou muito feliz de ver isso acontecendo.

- Ok, você tem todo direito de me esnobar, mas e o trabalho?

- Se você está tão decidida a me fazer aceitar, significa que alguma exigência sobre mim deve ter. – Sophia se sentou com um sorriso. – Não é?

- Vou abrir o jogo com você. – Mantinha a voz controlada. – Um amigo meu, editor chefe da Moda e Mulher, me pediu a modelo pra capa da próxima edição. – Sophia arregalou os olhos. – Só que ele quer você, ele cismou com você. E eu prometi a ele que te convidaria.

- Capa? – Seguia com olhos arregalados.

- Capa e entrevista também, algumas páginas serão dedicadas a você. – Sorriu de canto já tendo certeza de que Sophia estava completamente decidida. – Eu sei que você ainda não assinou contrato de exclusividade com nenhuma outra agência, que não tem nenhum agente fixo, então nada te impede de aceitar. Eu prometo que vou te tratar bem.

- Me tratar bem é o mínimo que você pode fazer. – Soph cruzou os braços. – Afinal pra você estar se dando ao trabalho de estar aqui sendo simpática, deve ter bastante dinheiro envolvido pra você. Fico me perguntando o que acontece se eu me negar a trabalhar com você.

- Você está no seus cinco minutos de fama e sabe que a minha agência é a mais bem vista aqui no Rio, você trabalhou aqui muitos anos. – Sophia tinha um sorriso no rosto. – Eu posso te ajudar a crescer bastante e você sabe disso.

- Tudo bem, Beth. – Suspirou. – Você pode ajeitar tudo, mas vou avisar logo que não vou aturar ser destratada não. Na

primeira gracinha que rolar eu saio e nunca mais volto.

- Pode deixar. – Sorriu. Ficou de pé pra apertar a mão de Sophia. – Vou entrar em contato pra você quando o contrato estiver pronto.

- Estarei esperando. – Ficou de pé e manteve o sorriso. – Tchau, Beth. – Sophia saiu da sala e tinha um sorriso de satisfação, tinha adorado ver a antiga chefe praticamente implorando por aquilo.

- E ai? – Lua perguntou empolgada ao encontrar a amiga.

- Aparentemente o editor de uma revista me quer na capa e ela foi praticamente obrigada a me convidar. Você tem noção disso? É a capa de uma revista. – Tinha um longo sorriso aberto. – Eu queria poder contar pro Micael.

- E por que você não conta? – Ergueu uma sobrancelha. – Está a apenas cinco minutos dele, e até onde eu sei, vocês não estão brigados.

- Mas não vai ser estranho eu chegar lá do nada? – Franziu a testa. – Tem quase duas semanas que eu não falo com ele, nem um oi.

- Sophia, para de drama. – Lua soltou uma risada. – Você terminou com ele por causa daquele ciúme, não porque você deixou de amá-lo.

- Já não tem mais nada meu na casa dele, a gente já não se fala... Você não acha que talvez ele tenha seguido a vida dele?

- Para com isso. – Rolou os olhos. – Você e Micael me cansam. É um chove não molha que ninguém aguenta mais.

- Nossa, Lua...

- E eu tô falando alguma mentira por um acaso? – Cruzou os braços por cima da barriga. – Vocês dois viviam um relacionamento de conto de fadas até tudo acontecer. Depois, puta que pariu, se resolvem um dia e brigam dois.

- Infelizmente eu não tenho como resolver isso. – Suspirou. – Me desculpe por te incomodar com os meus problemas.

- Não é isso. – O olhar de Lua ficou mais suave. – Eu só quero que você seja feliz, ou você se resolve logo com o Micael, ou segue sua vida. A Mel decidiu e resolver, agora segue super bem com o Douglas, porque não teve toda essa indecisão.

- Tudo bem, Lua. – Fez uma leve careta. – Eu vou ver o Micael, mas não pra resolver a nossa relação, só porque eu estou com saudades mesmo. Não acho que estou preparada pra uma conversa definitiva.

- Você complica tanto a sua vida. – Lua rolou os olhos.

- Tchau, Lua. – Sophia sorriu, deu um beijo na amiga e em seguida saiu da agência e caminhou pro restaurante de Jorge. Era quase onze da manhã, o restaurante ainda tinha as portas abaixadas, mas Sophia sabia que já tinha gente ali. Bateu a porta e logo Jorge apareceu para atender. – Ei, Jorge.

- Soph, que surpresa. – Ele deu passagem pra mulher passar. – Se veio almoçar eu lamento informar que você chegou um pouco cedo. – Ele brincou já do lado de dentro.

- Na verdade, eu estava aqui na agência, passei pra ver se o Micael já estava aqui. – Ela estava um pouco sem graça.

- Eu imaginei que fosse pra falar com ele, comigo que não seria né? – Jorge seguia brincando. – Você sabe que ele já está. – Sophia sorriu. – Ele está no estoque, pode ir lá, sei que você sabe o caminho.

- Obrigada, Jorge. – Deixou de ficar sem graça e Jorge sorriu.

- Fico feliz de ver você aqui. – Se aproximou e deu um beijo na testa de Sophia. Os dois caminharam, Soph foi para o estoque e Jorge pra sua sala. A loira encontrou Micael em pé, olhando alguns produtos, ele tinha a prancheta na mão e anotava alguma coisa, talvez a data de validade, Sophia não tinha como saber. A mulher cruzou os braços e se escorou na porta.

- Queria saber se vai ter canard á l'orange hoje. – Ela chamou atenção de Micael e ele se virou surpreso.

- Pra você sempre tem. – O sorriso apareceu quase que instantaneamente. – O que faz aqui? – Largou a prancheta e se aproximou da mulher. – Não esperava te ver.

- Você sumiu, tive que vir. – Ela mantinha um sorriso bem aberto, estava feliz em revê-lo. Lua tinha razão, quem complicava as coisas na vida dela era ela mesmo. – Pra ter certeza de que não seria trocada por uma outra modelinho meia boca.

- Trocada? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Você terminou comigo, não tem como ser trocada.

- Sempre tem. – A mulher caminhou para perto dele e lhe deu um abraço apertado.

RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora