Ruínas - Capítulo 160

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Sophia treinou com Mel e Douglas por bastante tempo, e quando se foram seguiu ensaiando sozinha. Ela tinha colocado uns livros na cabeça pra se manter ereta, mas aquilo definitivamente era mais difícil do que parecia.

Quando a noite caiu ela foi procurar o que fazer pra comer e logo depois tomou um longo banho. Não parou na sala pra ver tv, foi logo pra cama se deitar, estava exausta. Mandou uma mensagem pra Micael informando que não o esperaria chegar do trabalho pra conversarem, estava morrendo de sono.

No outro dia de manhã, no Rio Grande do Sul...

- Bom Dia! – Micael sorriu a mulher que entrou em sua cozinha, não demorou muito para reconhece-la. – Aline?

- Micael?! – Ambos tinham uma expressão de surpresa. – O que faz aqui?

- Eu trabalho aqui, querida. – Se aproximou para lhe dar um abraço. – Desde quando você virou chef?

- Eu dei meus pulos. – Eles riram. – Você me inspirou.

- Inspirei depois que fui embora? – Ergueu a sobrancelha. – Porque você praticamente ria de mim quando eu dizia o que queria ser.

- Claro, a gente tinha dezesseis anos e você dizia que seria cozinheiro. – Debochou. – Que adolescente sonha com isso?

- Eu ué.

- Pois é, não é atoa que me deixou pra ir pra França. – Bufou e arrancou risadas de Micael. – Isso não foi engraçado.

- Você que foi chata. – Deu de ombros. – Se tivesse ido pra França comigo.

- Engraçado que você fala como se a França fosse aqui do lado. – Rolou os olhos. – Eu tinha dezessete anos.

- E você estudou onde?

- Estudei no Rio, na le cordon bleu. – Micael balançou a cabeça, sabia o quão renomada era aquela escola de culinária francesa. – Você não leu meu currículo?

- Não, o RH seleciona, eu só estou aqui pra testar a sua comida. – Deu uma risada. – Você vai precisar preparar um cassoulet. Tudo bom?

- Sim, está ótimo! – Ela sorriu. – Quando começo?

- Agora, a cozinha é toda sua. – Ele apontou pro fogão, pode ficar à vontade.

A mulher viu todos os ingredientes separados no balcão, assim como panelas e utensílios que precisaria. Micael pegou uma prancheta e começou a tomar nota de tudo o que a mulher fazia.

- É muito estranho ser avaliada por você. – Ela pegou o pote com o feijão que aparentemente estava de molho. – Principalmente com você escrevendo cada passo que dou ai nessa prancheta.

- Ordens do seu Jorge. – Deu de ombros. – Não sei o que ele vai fazer com isso depois, já que ele não entende nada de cozinha.

- Como anda a vida? – Ele perguntou pra descontrair depois de uns momentos de silêncio. – A gente não se fala faz anos. – Como veio parar aqui?

- Bom, eu casei há uns cinco anos. – Ergueu a mão para mostrar a aliança. – Tenho uma filhinha com dois anos. Recentemente, Diogo recebeu um proposta de trabalho pra vir pra cá. Salario bom, infraestrutura pra criar a nossa filha. A gente não pensou duas vezes. Só que isso já tem um tempo, escolhi ficar com a Gabi em casa até encontrarmos alguém de confiança.

- Legal! – Ele tinha um sorriso. – Fico feliz que sua vida deu tão certo e que você está bem.

- E você? – Ele soltou um longo suspiro. – Ih, as coisas estão ruins assim é?

- Aline, se eu começar a contar a minha vida pra você aqui, você senta e chora junto comigo. – Brincou e a mulher riu enquanto fechava a panela de pressão. – Estou brincando, as coisas agora melhoraram.

- Não está parecendo.

- Eu namoro. – Deu de ombros. – Namorei e terminei com a Sophia tantas vezes que se você me perguntar quanto tempo junto nós temos, eu não sei responder. – Aline riu seguiu rindo. – Mas atualmente seguimos bem. Só que ela tá morando no Rio.

- Ué, namorando a distância. – Ele deu de ombros. – Por que você não vai pra lá ou ela vem?

- Eu prometi ao meu pai que ficaria aqui à frente do restaurante pelos próximos seis meses e a Sophia é modelo, ai tem que ficar lá para os trabalhos. Mas se Deus quiser, esse seu cassoulet vai ser uma delícia, ai você vai ser contratada, vai ficar pegar toda responsabilidade pra você e eu vou embora.

- Sinto informar que eu não ficarei á frente de nada, única coisa que sei comandar é um fogão. – Ele riu. – Eu estou falando sério.

- Eu sei. – Tinha uma careta. – Você vai assumir o meu lugar na cozinha e eu vou cuidar da parte burocrática e achar alguém pra pegar toda essa responsabilidade o mais rápido possível.

- Eita pressa. – Ela riu. – Você não vai casar?

- Bom, da outra vez que nós voltamos, eu a chamei pra morar comigo e não durou um mês. Acho melhor não precipitar tudo de novo.

- Mas gente, que droga é essa de termina e volta o tempo todo?! – Soltou uma risada. – Não precisa casar agora, tem que ficar noivo né?! E como você só vai pra lá em seis meses... Dá tempo de vocês terminarem e reatarem o namoro mais umas cinco vezes. – Soltou uma gargalhada e não demorou a Micael acompanhar. – Estou brincando, mas eu aposto que ela ia adorar.

- Como você está me dando esses conselhos se nem conhece a Sophia? – Ergueu uma sobrancelha.

- Porque eu sou mulher, sei das coisas. – Piscou um olho. – Agora deixa eu fazer meu cassoulet antes que você anote nessa prancheta ai que eu fico falando mais do que cozinhando.

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