Ruínas - Capitulo 131

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- A Sophia não é um objeto. – Se ajeitou na cama, jogando um lençol por cima de si. – Se ela escolheu ficar com o Micael, não é como se eu pudesse chegar lá e pegar ela de volta.

- E se eu te ajudar a ficar com ela?! – Ele arregalou os olhos. – Você toparia?

- Garota, você é louca? – Manteve a expressão de espanto. – Eu pensei que você fosse amiga do Micael, uma vez que está hospedada na casa dele. Que merda você está falando? Foi a Sophia que pediu isso? – Sorriu com a hipótese.

- Não, fui eu que pensei nisso. – Deu de ombros. – Olha, eu vou ser sincera com você. – Douglas a escutou atentamente. – Eu gosto do Micael. – Agora ele tinha ficado mais surpreso do que nunca. – E eu quero ficar com ele.

- Ô caralho! – Ficou de pé num pulo. – Você não é amiga da Sophia?

- Eu sou.

- Nem fodendo, deve ser tudo, menos amiga dela. – Ele balançou a cabeça. – Que porra você está me propondo, garota?!

- A gente pode se unir, a relação deles já está por um fio mesmo. – Deu de ombros. – Eles se separam e todo mundo fica feliz. Não me leve a mal, eu gosto da Sophia, ela é uma ótima amiga, mas...

- Mas você tá de olho no namorado dela. – Permanecia incrédulo. – Meu Deus do céu, você dorme na casa deles e tá planejando separar os dois.

- Vai pagar de santo agora? Você mesmo já separou os dois. – Ela bufou.

- Ô, Maluca. – Ele balançou a cabeça desnorteado. – Eu nunca fui amigo do Micael não, eu nem o conhecia. Você é amiga dela há anos, ela já me falou de você e falou muito bem.

- Então a resposta é não? – Cruzou os braços com um bico. – É isso? Você não quer ter a Sophia?

- Mano, eu estou chocado. – Vestiu uma cueca e andava de um lado pro outro. – Eu nunca faria nada de mal a Sophia, eu nunca armaria contra ela. Eu amo a Sophia e sempre soube que o sentimento não era correspondido. Jamais me juntaria a você pra fazer com que ela sofra.

- Que drama, eles já estão quase separando mesmo! – Fez uma careta.

- Ótimo, mas no dia que esse fio arrebentar, eu não vou ter nada a ver com isso. – Reafirmou. – eu não sou nenhum mal caráter não. E eu acho que você anda vendo filmes demais.

- Tá, eu já entendi que você não vai me ajudar.

- O Micael alguma vez na vida já olhou pra você? – Sentou na ponta da cama interessado. – Já?

- Ele não olha porque está com ela. – Justificou. – No dia que não tiver é claro que vai olhar, ele não arrumou outra namorada? E se quer saber a gente até se beijou.

- Vocês o quê? – Se espantou de novo. – Enquanto ele namorava com a Sophia? – A mulher assentiu. – Mentira, ele não faria isso. Ele humilhou a Sophia quando descobriu tudo, você está inventando.

- Não estou inventando nada. – Afirmou. – Rolou uma vez, antes deles voltarem pro Rio, eu tenho certeza que ele sente algo por mim.

- Você é muito iludida, precisa de uma dose de amor próprio urgente. – Ficou de pé terminando de se vestir. – Isso com certeza só aconteceu na sua cabeça e pode me cortar desse seu planinho, seja lá qual for, eu não vou fazer nada contra os dois. Vou embora, mas vou deixar o quarto pago até de manhã. – Pegou dinheiro na carteira e deixou sobre a mesinha. – Dinheiro pro táxi de manhã. – Saiu e deixou a mulher sozinha.


Micael acordou bem cedo, pois tinha dormido desconfortavelmente no sofá depois da discussão com Sophia. Não estava num humor muito bom, se encontrava sentado à mesa tomando café preto e puro. Ouviu barulho da porta e sabia que seu sossego tinha acabado.

- Bom dia, Micael. – A mulher disse sorridente. – Como está?

- Péssimo dia, Liz. – Não se virou para olhar a mulher. – Quero permanecer sozinho.

- Ih, estou vendo que a DR não foi boa. – Ela debochou e se sentou na mesa, ignorando o olhar agressivo de Micael. – Quer conversar sobre?

- Pelo amor de Deus, eu só quero ficar sozinho, na minha própria casa, será que dá? – Ela sorriu. – Eu não quero conversar com você.

- Hum, entendi. – Ela se levantou. – Tudo bem, vou esperar a Sophia acordar pra trocar experiências com ela. Acho que depois da noite que tive temos muito papo pra pôr em dia.

- Você é inacreditável. – Negou com a cabeça.

- Eu só quero dizer que agora eu compreendo tudo o que ela fez. – A mulher brincava com fogo. – E dar toda força do mundo pra ela fazer de novo, já que você só a decepciona com esse seu jeito. – Ela se virou na direção do quarto deles, Micael se levantou e a segurou pelo braço.

- Se você fizer isso... – Não concluiu a ameaça, a mulher se aproximou dele.

- Você vai fazer o quê? – Ela estava muito perto dele, a ponto de agarra-lo mais uma vez quando Sophia entrou na cozinha e os flagrou.

- Que merda é essa? – Foi só o que disse, com a voz bem controlada.


Momentos antes, no quarto.


O barulho do celular de Sophia fez com que a mulher abrisse os olhos ainda que com raiva. A mulher pegou o incessante aparelho e o silenciou, voltando a dormir, mas logo em seguida sentiu o mesmo vibrando sobre a cama. Bufou e atendeu o número desconhecido que ligava.

- Sophia? – A voz de Douglas encheu os ouvidos da loira e ela soltou um suspiro. Ainda estava de olhos fechados. – Ei, responde.

- Douglas, eu acho bom você ter um bom motivo pra me ligar e ainda mais a essa hora. – Ela afastou o telefone do ouvido pra olhar a hora. Sete e quatorze. – O que quer?

- Eu preciso falar com você sobre a Liz. – Sophia bufou alto.

- Pelo amor de Deus, deixa que ela me conta. – Balançou a cabeça. – Eu não quero saber da sua noite de amor, me deixa dormir.

- Que noite de amor o quê. – Sophia estranhou o tom de voz dele. – Essa menina é doida, Sophia. Se afasta dela.

- Como assim? – Se sentou na cama. – Você está falando de uma das minhas melhores amigas. Ficou doido.

- Sophia, ela gosta do Micael e está só esperando uma oportunidade pra te passar pra trás. Ela disse que eles se beijaram e tudo. – Jogou no ventilador. – Ela quis sair comigo pra me pedir ajuda pra separar vocês, eu só estou avisando porque ela deve aprontar algo.

- Ajuda pra separar a gente? – Repetiu. – Isso tudo é muito bizarro. A Liz não faria isso.

- Fica esperta, porque daqui a pouco ela agarra seu namorado e você não vai nem saber. – Suspirou. – Bom, era só isso, me desculpa, mas eu precisava de contar, passei a noite toda com isso me incomodando.

- Tudo bem, eu vou falar com ela. – Suspirou se levantando. – Obrigada!

- Beijo, gata. – A ligação foi desligada e Sophia caminhou pra fora do quarto.

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