Ruínas - Capítulo 142

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- Ah, qual foi! – Fez uma careta. – Micael trouxe um monte de coisas do restaurante, não pode ficar tudo aqui.

- Sério? – Lua arregalou os olhos. – Tá naquela embalagem de isopor pra levar pra viagem? – Micael assentiu. – Que ótimo, vamos levar um pouco então. – Sophia começou a rir.

- Abusada! – Saiu pra cozinha pra buscar um pouco da comida pra amiga. Entregou pra ela numa bolsinha e logo o casal saiu. – Essa com certeza foi a resenha mais rápida da minha vida.

- Eu vou indo também. – Anunciou e sorriu com o suspiro de Sophia. – Todos os amigos foram, sou um amigo também...

- Tá cedo, você pode me fazer companhia. – Se sentou no sofá e deu batidinhas pra ele se sentar ao seu lado. – Vamos conversar, a gente tem papo pra pôr em dia.

- Eu estou me sentindo um pouco mal. – Ele se sentou. – Eu realmente agia como o Chay agiu hoje?

- Pior, com certeza. – Enquanto ele tinha uma careta, a mulher sorria.

- Me desculpa, eu não tinha noção do quão ruim era até presenciar a cena de hoje. – Fez uma pausa. – Eu vi o escândalo e ai fiquei pensando...

- Deixa isso pra lá. – Ela deu de ombros. – Não importa mais, a gente já superou essa fase de ficar brigando e dizendo coisas desagradáveis um para o outro.

- Superamos? – Ergueu uma sobrancelha. – Eu acho que não, senão estaríamos vivendo num conto de fadas na nossa casa ainda. Coisa que não aconteceu porque eu continuei o mesmo idiota.

- A gente vai mesmo lavar roupa suja? – Ela se mantinha estranhamente bem humorada. – Já estamos separados, não adianta agora pensar em tudo que poderia ser e não foi. Agora é bola pra frente.

- Você não liga? – Seu sorriso se fechou. – Não liga pra nossa história? Pra estarmos juntos?

- Micael, já conversamos sobre as nossas brigas quando a gente resolveu ficar junto, lembra? Concordamos em deixar tudo pra lá, vamos manter assim.

- Sim, mas e as que vieram depois? – Ela ficou em silêncio. – Você cansou de me comparar com o Chay, cansou de dizer que eu estava doido igual. E se tem uma coisa que eu não quero é fazer esse escândalo que ele fez aqui hoje.

- Eu pensei que você tinha deixado o ciúme de lado. – Ergueu uma sobrancelha. – Você estava realmente me convencendo, principalmente por não ter dado chilique ao me ver abraçando Douglas.

- Eu não sou mais seu namorado, não posso reclamar. – Bufou e fez a loira voltar a rir.

- Faça-me o favor, você já reclamou em época muito pior. – Seguiu rindo.

- A nossa vida é bem complicada, não é mesmo? – Puxou a loira pra um abraço. – Só Jesus na causa.

- Será que dá pra gente mudar de assunto? – Ela pediu depois de se afastar um pouco. – Como estão seus pais?

- Cruzes, isso é um assunto bom pra falar? – Sophia sorriu. – Você adora meus pais mesmo hein.

- Claro que sim, pelo menos o seu pai. – Foi a vez de Micael rir.

- Minha mãe está péssima, ela começou o tratamento e cada dia se sente mais mal. – Sua expressão ficou um pouco triste, enquanto a de Sophia ficou confusa.

- Que tratamento? Sua mãe está doente? – Então ele balançou a cabeça.

- Putz, eu esqueci te de contar... – Suspirou, deixando Sophia ainda mais confusa. – A minha mãe está com câncer de mama.

- Como que você esqueceu de me contar uma coisa dessas? – Ela arregalou os olhos. – Desde quando você sabe disso?

- Desde aquele jantar que você armou lá na casa do meu pai. – Deu de ombros. – Ela me contou quando estávamos a sós. Só que eu não tive tempo de falar pra você, nós brigamos lá, você foi pra São Paulo, mal voltou e a maluca se enfurnou lá em casa.

- Uma coisa séria dessa a gente não precisa estar bem pra falar, você pode dizer a qualquer momento. – A mulher balançou a cabeça. – Como ela está?

- No geral, eu acho que bem. – Fez uma pequena pausa. – Ela está com um nódulo no seio esquerdo, fez a biopsia e tal, foi diagnosticado como o tumor, mas é benigno e está pequeno. Ela está fazendo a quimioterapia pra não ter que operar.

- Misericórdia, que barra sua mãe está passando. – Estava chocada. – Vou visitar ela amanhã, será que ela vai gostar? Ela não foi muito com a minha cara.

- Isso foi só a primeira impressão. – Ele riu. – Depois ela ficou de boa e você sabe disso. Com certeza ela vai gostar, passa parte do dia sozinha na casa do meu pai.

- Então pronto, amanhã eu dou uma passada lá. Depois me manda o telefone dela pra eu ligar avisando. – Micael assentiu.

- E o meu pai que tá abrindo um novo restaurante, dessa vez no Rio Grande do Sul. – Contou e a mulher arregalou os olhos. – Ele viajou pra lá nessa semana pra fechar a compra do local. Disse que é bem bonito, mas precisa de uma bela reforma.

- Meu Deus, seu pai resolveu abrir um restaurante em Rio Grande do Sul do nada? – Seguia surpresa. – Por que ele não abre outro aqui no Rio gente? Precisa ir pra tão longe?

- Ele tem um sonho de colocar o restaurante nos quatro cantos do Brasil. – Micael deu de ombros. – Eu duvido bastante que ele abra outro em local repetido.

- Que loucura. – Sorriu. – E quem vai ficar lá?

- Ele vai mandar o Jair pra lá. – Sophia encarava Micael. – O metre daqui. Diz ele que é um homem de confiança, ai ele vai virar gerente lá.

- E aqui vai ficar sem? – Micael deu de ombros.

- É mais fácil pra ele contratar outro aqui que ele pode supervisionar. – Sophia assentiu. – Igual fez quando abriu em São Paulo e em Alagoas. – Ficou de pé. – Eu vou embora.

- Não! – Se levantou e fez o moreno sorrir. – Eu prometo que paro de falar dos seus pais, a gente pode ver um filme, o que você acha?

- Eu estou é achando muito estranho você não deixando eu ir embora. – Seguiu rindo. – Você acha que vai dar certo a gente sozinho por tanto tempo?

- Eu não mordo, sabia? – Foi a vez da loira rir. – Eu só quero companhia, fico muito solitária nesse apartamento.

- Que dó. – Cruzou os braços e debochou. – Ninguém mandou ir embora de casa.

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