Ruínas - Capítulo 52

197 17 7
                                    

Naquela mesma semana, Micael não teve contato Fernanda. Ela não ligou e ele estava bem triste por causa daquilo. Acompanhou Sophia quando ela foi ao médico fazer a ultra de translucência nucal. Mas os dois também não estavam num bom momento, a verdade é que estava tudo muito complicado na vida de Micael.

Sábado, pouco depois das quatro da tarde, Lua estava sentada no chão da sala de Sophia, junto com a própria, Arthur e Douglas. Eles tinham um baralho na mesa de centro e jogavam buraco. Estava um clima descontraído, eles riam bastante.

- Para de roubar, Lua. – Sophia acusou quando estavam contando os pontos. – Assim vocês dois sempre vão ganhar.

- Ei, porque não assume que vocês são péssimos? – Arthur rebateu fazendo o casal rir. – Eu e Lua somos uma dupla e tanto.

- Ok, vamos jogar uno então. – Douglas sugeriu. – Muito melhor do que buraco.

- Eu topo, vou acabar com a nossa amizade jogando vários +4 pra vocês. – Lua falou rindo e se levantou pra pegar o uno na gaveta de Sophia. Sabia onde estava quase tudo naquele apartamento. – Você embaralha. – Jogou as cartas na caixa para Douglas.

- Não esquece que eu estou grávida e não posso me estressar. – Ela brincou.

- Já começou a apelação! – Lua se sentou em seu lugar. – Vai tomar surra de +4 porque sim!

- Lua Maria! – Sophia falou alto. – O jogo nem começou e você já está me irritando.

- Isso é porque você não sabe perder. – A mulher com cachinhos dourados se divertia junto com os homens da sala.

- Não é de dupla não hein. – Ela avisou a Arthur e Lua. – Cada um por si. – Todos assentiram. Batidas ecoaram na porta antes de Douglas dar as cartas. Arthur fez menção de levantar pra atender, mas Sophia só gritou um "entra".

- Você deixa a porta destrancada? – Douglas brigou. – Quero ver se sobe um maluco.

- Subiu sem interfonar, então o porteiro conhece. – Ela deu de ombros, ainda de costas pra porta, não se virou pra ver quem era.

- Viu só, não disse que podia subir um maluco? – Ele debochou quando viu Micael passar pela porta e fechá-la com o pé. Douglas colocou as cartas na mesa.

- Olha só, reuniãozinha. – Já chegou alfinetando. – Obrigada pelo convite.

- Queríamos só pessoas agradáveis aqui. – Sophia respondeu ainda sem olhar pra ele. Começou a embaralhar as cartas já embaralhadas de Douglas. – O que veio fazer aqui?

- Saber do meu filho. – Bufou. – Eu te liguei e você não atendeu, fiquei preocupado.

- Dispenso preocupação. – Rolou os olhos. – O bebê está bem.

- Gente, será que dá pra parar com esse dialogo horroroso? Não dá pra ter uma conversa decente? – Lua, como sempre, brigou com os dois. – Vai ser essa relação que vocês vão ter quando nascer o bebê? Vão educa-lo com toda essa hostilidade?

- Até o bebê nascer, tem muito tempo pro Micael caçar o rumo dele e ficar longe de mim. – Finalmente o olhou nos olhos. – Bem longe de mim.

- Isso não vai acontecer enquanto você carregar o meu bebê. – Ele tinha o mesmo tom que ela.

- E depois que nascer, você vai sumir? – Ela sorriu, um tanto quando sarcástica.

- Depois que nascer eu pego a guarda dele pra mim e ai eu sumo de perto de você! – Sophia ficou de pé e encarou Micael friamente.

- Você nunca vai tirar o meu filho de mim, ficou louco? – Arthur entrou no meio dos dois e colocou as mãos no ombro da Sophia e a fez sentar no sofá. Precisava se acalmar.

- Você ficou maluco, porra? – Lua esbravejou. – Você nunca devia ter dito uma coisa dessas! – Continuava a reclamar. Tem titica na cabeça.

- Ok. – Suspirou. – Me desculpa por isso. – Sophia manteve o olhar. – Eu só estou irritado. – E a presença de Douglas na sala, mesmo que em silêncio piorava tudo.

- Eu não quero desculpas. Eu quero paz. Suas mudanças de humor me deixam louca! – Douglas se sentou ao lado dela e segurou sua mão.

- Você precisa manter a calma, lembra? – Ela sorriu ao rapaz e acenou a cabeça. Logo depois voltou a se concentrar em Micael.

- Você um dia chega de boa, no outro briga comigo, no outro está de boa e no outro já está dando chilique. Poxa, não há quem aguente. – Sua voz bem mais concentrada. – Eu não tenho culpa dos seus problemas, você transou comigo porque quis! – Jogou no ventilador e aquela frase demorou um instante pra ter impacto nas pessoas da sala.

- Como assim, transaram? – Lua estava de boca aberta.

- Vocês dois? – Arthur completou, com um sorriso.

- Meu Deus do céu, quando foi que isso aconteceu? – Estava curiosa. – E o mais importante, quando acontecer uma coisa desse nível, você tem que me contar!

- E o bebê? – A voz de Douglas era baixa. – Pensei que era uma gravidez de risco.

- Tá tudo ótimo com o bebê. – Sophia respondeu somente a Douglas. Micael bufou, querendo a atenção da loira pra ele.

- É claro que está tudo bem com o bebê, eu não machucaria o meu filho. – Micael deu uma ênfase no "meu" para provocar Douglas.

- Putz, claro que está. – Ele disse com a voz tão simpática, que ninguém imaginaria que ele ia falar a maior provocação de todas até então. – Eu esqueci que você é... – Fingiu esquecer a palavra, todos prestavam atenção nele. – Como a Sophia falava mesmo quando estava comigo? – Colocou uma mão no queixo tentando se lembrar. – Ah, lembrei, frouxo. Ou será que era mole? Eu realmente não consigo me lembrar! – Micael espumava de ódio, estava pronto pra avançar em cima de Douglas, mas Arthur foi mais rápido e entrou na frente do amigo. Sophia ficou de pé novamente e ficou na frente de Douglas, mas ele não tinha nenhuma pretensão de brigar, estava se divertindo as custas de Micael.

- Eu vou matar esse filho da puta! – Estava realmente com raiva, precisava socar alguma coisa, ou no caso, alguém.

RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora